Capítulo Dois

71 5 1
                                    

[ ••• ]

Dakota do sul, Springfield.

00:30

Primeira morte.

O homem bêbado cai sobre a cama, murmura algo desconexo e apaga.

A porta da frente range e uma silhueta pequena e feminina entra, seu rosto coberto pelo capuz, as mãos no bolso da blusa e uma mochila nas costas.

Ela roda seu olhar por toda a casa desgastada e sorri.

Sua próxima presa está garantida.

A vizinhança mal sabe a tragédia que vai cair.

O silêncio nas ruas a deixam incomodada, odeia o silêncio, sempre odiou.

O silêncio trás lembranças, lembranças ruins, monstruosas.

Seu caminho continua até o quarto, os passos leves e silenciosos a deixam escondida de sua presa.

O homem geme na cama e abre os olhos, o ar mudou, está sombrio.

Uma sombra encostada na porta faz seu coração pulsar forte, a bebida o entorpece, ao ponto de o mesmo achar que é imaginação da sua mente.

O som da lâmina cortando o ar faz seu corpo tremer.

Uma risada gostosa e feminina é ouvida.

Medo. É isso que o entorpece mais que a bebida. O medo.

- Quem...- engole em seco e completa.- Está aí?

O cheiro de cigarro entra por suas narinas o fazendo paralisar.

Ela está aqui.

A Caçadora.

Suas esperanças de viver morrem aos poucos ao notar a silhueta se formando em uma pequena garota.

Cabelos longos e escuros, cachos nas pontas, olhos tão escuros quanto a própria alma. Sorriso contagiante e cigarro entre os dedos.

- Alirah.- seu murmúrio a faz bater palmas.

- Acertou... E errou, meu querido.- sua voz calma e suave o faz acordar.

Sua feição de pânico a fez gargalhar alto. Os cães na rua começaram a latir ao ouvir o som estrondoso e poderoso de sua risada.

Os vizinhos se escondiam pelo medo, nada podiam fazer, a não ser esperar que acabasse e não fossem os próximos.

Os passos da garota indo até ele o fizeram tentar levantar.

Falhou miseravelmente nisso e caiu.

Ele senta ereto na cama e ela se ajoelha segurando suas pernas, a respiração dele ofegante, ela se levanta e começa a sentar no colo do mesmo, cada perna de um lado.

Segura sua cabeça e vê lágrimas descendo por sua face.

- Shii... Não há porque temer.- murmura e passa a mão sobre sua bochecha.- Você me acolheu quando precisei de abrigo, Luan. O máximo que posso fazer é lhe dar uma morte rápida.- sussurrava e o abraça.

Os soluços começaram a ficar altos e ela fechou os olhos com força, segurou seu pescoço e o apertou, o ouviu engasgar mas ele nada podia fazer. Os movimentos foram cessando e ela para acabar logo, vira o pescoço dele.

Um estralo.

Uma vida.

Uma alma boa, que estava no lugar errado e na hora errada.

Ela de levanta e fica seria enquanto observa o rosto, agora, calmo dele. Sem nenhuma respiração ou pulsação, só... Dormindo.

Ela gosta de pensar que suas vítimas dormem, para sempre.

A Libertadora Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora