Iris paralisou ao ver o homem em frente a antiga construção, ela pensou na possibilidade de o encontrar no local, mas a ignorou. Por quê?! Porque ignorou?! Iris viu Meglium fazendo sinal para que o seguissem em direção as árvores, por sorte a chuva encobria o som de seus passos. O homem olhava ao seu arredor, conferindo se não havia mais ninguém ali por perto, ele usava a arma como muleta e mancando adentou o lugar.
- O que vamos fazer agora? Os cabelos louros de Brandon cobriam sua testa.
- Esperar até ele sair não uma opção... é?
- A não ser que queiramos pegar uma doença Tyran.
- Eu pensei nessa possibilidade, mas a descartei. - Iris encostou sua cabeça em um tronco sujando sua testa com fuligem. - Me perdoem.
- Eu também pensei nisso. Meglium pôs a mão no ombro de sua amada.
- Vamos dar a volta. Tyran apontou apara as árvores atrás da construção.
- A questão é que não podemos ficar nessa chuva. Meglium sentou-se ao lado de Iris.
O silêncio reinou entre eles por alguns minutos, a única coisa que se ouvia era o som da chuva que caia incessantemente. Por mais que a culpa a consumisse, Iris sabia que não havia muitas alternativas e que tanto o caçador quanto eles fizeram a mesma escolha, porém esse lugar não poderia ser ocupado por ambos, e ela sabia que isso somente poderia acabar de uma forma, uma forma que Meglium não gostaria.
- Temos que ir lá. Iris passou a mão por sua testa retirando os cabelos que a encobria.
- Iris não...
- Não temos escolha! Iris interrompeu Meglium e gritava as palavras, ela sabia que somente dessa forma ele poderia ver os fatos. - Vamos lá e tomamos aquele lugar! Olhe para o céu! Está negro como a noite! Não podemos ficar aqui Meglium! Mas se você quiser ir ver se seu amigo quer dividir conosco o lugar pode ir, só não se surpreenda se ele lhe der um tiro.
Por sorte a chuva encobria as palavras gritadas de Iris, palavras que por mais que custassem a sair, eram necessárias. O silêncio de andes retornara, mas Iris não o deixou reinar novamente.
- Vocês sabem como isso vai acabar. Ele morre, ou nós morremos. E não vou deixar que vocês morram.
Iris começou a andar em direção a construção, ela percebeu que Meglium falava alguma coisa, mas não conseguia entender o que era. A adrenalina em seu corpo a havia dominado, era como se estivesse cega, como se não fosse Iris, não a Iris que ela lutou para ser, era a antiga Iris que estava ali, aquela que não temia a morte, ao contrário, a amava.
De repente, a menina sentiu um enorme peso em suas costas que a fez tropeçar e cair. Ela não conseguia distinguir quem era, a única coisa que pensava era que deveria o matar para poder proteger seus amigos. E lembrando-se de suas habilidades, que a muito tempo não eram usadas, ela apontou os dedos da mão direita para seu opressor, ela pode sentir cara parte do corpo daquele que tentava lhe impedir, o tinha sob controle, a partir aquele momento ele era seu fantoche. Ela levantou a mão e pode ver a figura humanoide ficar a centímetros do chão, em seguida o arremessou contra um pinheiro como se ele fosse uma bola. Porém algo, ou alguém, a impediu de mata-lo. Ela sentiu seu ombro ser balançado inúmeras vezes, mais uma vez apontou seus dedos em direção ao ser e o arremessou com toda sua força contra as árvores. Iris andou até o primeiro que tentou lhe impedir se perguntando quem poderia ser. Seria Asa Negra? O sentimento de ódio cresceu instantaneamente quando o nome "Asa Negra" brotou em sua mente, e com o poder que a permitia manipular as coisas ao seu arredor, a menina fechou seu punho fazendo com que todo o ar que abitava em volta de seu opressor desaparece-se. A visão borrada seria pela chuva ou pelo ódio que a consumia? A única certeza que ela possuía era de que queria matar, queria relembrar como era a sensação de uma vida deixando o corpo. De repente Iris pensou ver Meglium agonizar, e então a imagem começou a ser nítida. Ela estava matando seu namorado. Não era Asa Negra que havia à atacado, era Meglium. Imediatamente ela abriu seu punho, fazendo com que o ar voltasse a existir.
Iris caiu de joelhos ao ver Meglium desmaiado e ao olhar em sua volta encontrar Brandon segurando seu braço esquerdo, Tyram estava ao seu lado recitando as palavras que o curariam. Imediatamente a garota se pôs a chorar, lagrimas que vinham diretamente de sua alma que doía por ter se rendido ao seu velho eu.
***
A chuva continuava a cair, a menina estava longe de todos, o medo havia a dominado, a incerteza de que não voltaria a ferir seus amigos era tão grande que ela preferiu se encolher, abraçando suas pernas, como se somente dessa forma pudesse proteger seus amados.
Não demorou muito para que Meglium acordasse, Iris o olhou com tanta vergonha, porém a única coisa que ele fez foi se dirigir até ela. Quando ele chegou ela continuou com a cabeça abaixada até perceber a mão estendida a sua frente.
- Essa não é a garota pela qual eu me apaixonei. Vamos...
Iris o olhou sem entender, como ele ainda poderia a amar? Como ele não a odiava?
- Rápido, Iris Mors.
Receosa Iris pegou a mão de seu amado e assim que a encostou ele a puxou para si a abraçando e sussurrando para que somente ela fosse capaz de ouvir
- Eu amo você, isso que acabou de acontecer não significa nada. Não se preocupe, não tenho medo de você. Vai ficar tudo bem.
E mais uma vez Iris se pôs a chorar, as gotas de chuva se misturavam com as lagrimas. Como ela o amava, como eram tão diferentes e mesmo assim ela o amava, e se ela pudesse escolher somente uma coisa que amava nele, seria a forma como ele podia a desmontar sem precisar de muitos esforços.

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A Primeira Chave
FantasyNaquele instante ele percebera que toda sua vida havia sido pautada em mentiras. A vila nos arredores de Vitae havia escondido os escravos e o terror da guerra. O amor de seu pai havia abafado a dor que ele sentia por sua mãe ter deixado o mundo qua...