Capítulo 01 - Prólogo

430 28 0
                                    

"Kala…"

"Kala… Kala…"

Ninguém conseguia dizer que som era aquele. Era como se aquele barulho pudesse penetrar os ossos e transpassar a alma, forçando os corpos a tremerem de frio por conta da nevasca daquela noite.

O frio do vento nortenho assobiava e a neve dançava ao vento, fazendo com que uma linha separasse o céu e a terra em milhões de pedaços, e continuasse se alastrando, fazendo com que os céus e a terra se tornassem um.

Ainda não era meia noite, era só o crepúsculo do fim de tarde, mas o céu já estava tão sombrio quanto a noite. Trazia com ele um sentimento incomum, como se algo pesado o pressionasse e se lançasse contra o nosso peito, cortando o nosso fôlego. Em uma planície branca uma silhueta gigantesca podia ser vista. Era a silhueta de uma grande cidade, que parecia uma grande besta que perambulava na floresta.

No centro da cidade havia um grande altar no formato de uma torre. Ele foi construído na forma de um heptágono, completamente negro, e era tão alto que alcançava as nuvens. Ele permanecia lá, silencioso e imóvel, mesmo em meio a uma nevasca. Quando o vento soprava sobre o altar, os sons de rachaduras podiam ser ouvidos claramente entre os gemidos que o vento criava, e ainda podiam ser ouvidos bem longe dali. O som carregava consigo a brutalidade dos anciões, criando uma harmonia única,

“Ainda há esperança... Ainda há? 

Murmúrios roucos que vinham do altar podiam ser ouvidos, como se ele fosse um com o vento, ao ponto de que mal podia se distinguir quem era quem.

“Se ainda há esperança, então, onde ela está? Se não há mais esperança, então por que você me deixou vê-lo?” Como se estivesse enlouquecendo, o dono daquela voz rugia aos céus como se estivesse derramando sua alma e coração naquele grito.

Parado sob o altar estavam inúmeras pessoas vestindo roupas feitas de palha. Elas estavam lá, silenciosamente paradas, e se você observasse bem, você poderia ver que o número de pessoas ultrapassava as dezenas de milhares. Homens e Mulheres, todas estavam se reunido ao redor daquele altar. Elas poderiam estar ali, imóveis, mas havia um certo tipo de fanatismo que se enxergava entre elas, como se fossem sacrificar tudo o que tinham, se a pessoa que estava naquele altar assim o pedisse.

A nevasca ficava mais pesada.

“Se você me deixar vê-lo, então ainda deve haver esperança, mas onde ele estaria!?” Havia um claro sinal de angústia e tristeza naquela voz rouca sobre o altar, e a voz ainda se arrastou por muito tempo.

“Hoje é o dia do retorno do Imperador de Ming, o dia em que os portões dos Três Países irão se abrir, o dia em que a nevasca chegará, e o dia em que tudo foi criado. Eu profetizarei o Dia do Berserk novamente!” A voz ficava mais alta, e com o uso de alguma habilidade desconhecida, as cores das nuvens mudavam. Os incontáveis flocos de neve pararam no ar, e imediatamente retornaram de onde eles vieram. Exclamações se levantavam de todos os lugares, fazendo com que os céu e a terra tremesse.

Não havia mais nenhuma neve caindo do céu. Toda a neve havia se juntado e formado um gigantesco dragão. O dragão imediatamente levantou sua cabeça e sentiu os corações tremendo, como se o som das próprias batidas fossem mais do que suficientes para os destroçar em pedaços.

O dragão de neve foi rapidamente coberto por seu próprio sangue, se transformando em um dragão sangrento. Ele soltou um rugido triste e voou em direção aos céus como se fosse uma estrela cadente, querendo partir os céus e criar a própria esperança.

Ele alcançou os limites infinitos com velocidade em meio aos seus próprios rugidos. O dragão colidiu com uma barreira invisível e sem forma. Céus e terra se abalaram, e os sons se espalhavam por todos os lugares. O dragão de sangue rugiu com tristeza mais uma vez, e seu corpo se despedaçou diante dos muitos olhares.

Naquele momento, ele havia se partido quase que completamente, as dezenas de milhares de pessoas que estavam paradas em silêncio sob o altar faziam selos com as mãos e mordiam suas línguas, cuspindo um bocado de sangue fresco. Como se estivessem sendo guiadas por algum tipo de energia, o sangue atirou-se como que um mar na direção do dragão de sangue que se desfazia combinando-se com ele, permitindo que o dragão levemente se recuperasse do seu estado alquebrado e levantasse voo novamente no horizonte.  

Todos eles observavam o dragão de sangue ascender cada vez mais alto, mas naquele exato momento, o dragão de sangue tremeu e um rugido ressoou por dezenas de milhares de quilômetros, tornando-se incapaz de impedir que seu corpo se desfizesse. Se transformando em incontáveis flocos de neve sangrentos que caíram e criaram um reino vermelho sobre a planície.

Ainda assim, naquele exato momento em que o dragão de sangue se desfazia, ele pronunciou algo completamente diferente de rugidos.

“Morte...”

“Morte...”

Sobre o Altar estava um velho vestido com uma túnica púrpura, sentado de pernas cruzadas no centro. O rosto daquele velho estava coberto de rugas e manchas marrons. Balbuciando, ele abriu os seus olhos, mas não havia luz no seu olhar. Aquele era um sinal claro de que ele era cego.

Diante dele estava uma espinha completa, que emitia um brilho branco estranho. Em sua mão direita havia uma placa de pedra, a qual ele segurava sobre o topo da décima terceira vértebra. 

Com seu olhar vazio, ele virou o rosto silenciosamente em direção aos céus. Depois de muito tempo, ele deixou escapar um profundo lamento.

“Diga ao Rei de Yu... Que eu fiz o melhor que pude...”

Conforme ele falava, sua mão direita se movia novamente sobre o topo daquela espinha estranha. Ele acariciou aquela espinha de animal com a placa de pedra, criando sons ásperos que viajavam distantes pelo ar. Ele parecia tão desolado quanto os sons que produzia, qualquer um poderia ver e sentir a tristeza, solidão e a fraqueza que se irradiava dele.

“Assim como o Tribunal Divino da Grande Dinastia de Yu, você não pode ver o mundo que eu vejo...”

“Você... não pode enxergar...”

“Esperança...” 

{Nt/Galdemos: O próximo capítulo e menos filosófico e foca bem mais no enredo da jornada do herói.}

Pursuit of the Truth (POT 1)  Onde histórias criam vida. Descubra agora