O universo que abrigo em mim

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Me desfiz e me remontei de uma maneira a qual você se agradava com a forma em como as minhas peças estavam encaixadas.

Fingi sorrisos que não queria fingir, aceitei aquilo que muitas vezes a minha alma gritava para que eu não aceitasse. Eu quase matei aquilo que era o mais importante para mim e ainda não tinha me dado conta ou havia esquecido: eu mesma.

Quando você não estava mais aqui, falei, pensei e até gritei que meu mundo havia caído, não enxerguei que poderia me reerguer, mas a verdade é que com o passar do tempo eu percebi que você não era meu mundo. Você tinha sido como um buraco negro que havia chegado e tentado me sugar para dentro do seu infinito, mas algo em mim conseguiu juntar as últimas forças para falar que não, que eu não poderia ser sugada por um outro alguém, que eu não poderia deixar de lado todo o universo que abrigo dentro de mim.

Juntei os pedaços da minha alma e do meu coração, cuidei das minhas cicatrizes, chorei o que precisava chorar, gritei comigo diversas vezes para colocar a raiva e a tristeza para fora e mesmo após tantos berros e xingamentos, abracei a mim mesma, me consolei.

Pouco a pouco olhei para meu reflexo com menos julgamento e mais amor, enfrentei a tempestade que habitava meu peito e voltei a ser minha de novo. Aprendi a murmurar palavras de amor para mim e voltei a perceber minhas cores, a brincar com minha aquarela e perceber misturas novas que sou capaz de fazer, descobri amores que antes eu achava que não tinha.

Lavei meu corpo e minha alma no mar, misturei minhas lágrimas a ele e sorri ao perceber a forma como as ondas me abraçavam, deixei com que o sol brincasse novamente sobre a minha pele e que a chuva me acariciasse, voltei a sorrir com as flores e com as paisagens silenciosas.

Por muito tempo eu achei que precisava ser sua, mas eu havia me esquecido que de quem eu realmente precisava ser era de mim mesma.

Tempestades esporádicas da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora