03. Insistência

28 5 2
                                    

Dae-Jung

— Você vai continuar andando até onde? — Pergunta-me e imaginei que ele não iria gostar de ficar em um lugar onde qualquer pessoa nos visse, pois seria como anunciar que está andado com as pessoas erradas. — Não é como se fosse te contar sobre um assassinato que cometi. — Fala, creio que está um pouco nervoso já que não consegue me olhar.

Me aproximo e ainda que esteja de cabeça baixa posso ver como nossas alturas são semelhantes. Ele é bem mais alto do que imaginei ao vê-lo correr.

— Então não quer me pedir para que me livre de um corpo por você, isso é bom. — Só nesse minuto ele parece ter notado que estamos mais próximos. — Porque não me diz o que tem para conversar comigo Jeong-Ho, não creio que temos muitas coisas em comum em nosso dia a dia.

— Infelizmente temos. — O modo como o infelizmente escapou por seus lábios me deixa um pouco bravo, com isto acabo indo um pouco para frente deixando nossos corpos muito próximos. Jeong-Ho irá mesmo fingir que aquele dia não aconteceu? Ou está aqui por conta dele? — Você está com péssimas notas, e preciso de méritos para faculdade. Podemos nos ajudar.

Ah, esse é o motivo dele ter se aproximado de mim, ele é o tutor que a diretora me arranjou? Deve mesmo estar desesperada para mandar o aluno modelo na minha direção como se não fosse muita coisa.

— Tenho certeza de que não está feliz com sua situação, e eu não gosto de como a minha está se desenrolando. — Declara com as palavras soando um pouco ansiosas, mas tenta não exibir isso ao mexer os lábios vermelhos rapidamente. Os olhos escuros como avelãs se movem ao procurar por um lugar onde podem se ficar, e no instante em que se encontram com os meus não consigo deixar de sorrir. — Se passarmos poucas horas na biblioteca já garanto que irá melhorar muito.

Me colo a ele percebendo que nossa altura é mesmo igual, porém me choca que seu cheiro impregne minha mente com somente poucos segundos tendo sido passados. Diferente do turbilhão de coisas que começam a se amontar na minha cabeça a dele parece estar totalmente organizada.

Minha confusão momentânea não é nada perante o controle que ele demonstra em suas irises. Ainda que os lábios continuem se entreabrindo por várias vezes sem que palavras não saiam de sua boca.

— Não, não preciso de ajuda. Faça com que outra pessoa seja o seu projeto de caridade. — Falo ao me virar para que possa ir embora, mas sua mão agarra o meu pulso. me viro vendo como Jeong-Ho está vermelho. — Tenho certeza de que também não quer se envolver comigo, portanto, não vamos insistir.

Sua mão continuar a rodear meu pulso como se fosse impossível me soltar depois que agarrou ali. Ponho minha mão sobre a dele na intenção de a retirar dali, mas aquele calor excessivo que senti da primeira vez que o toquei volta a correr por meu corpo como se fosse uma chama consumindo a madeira velha.

Não sou o único a experenciar isto, já que ao olhar para Jeong-Ho consigo ver como sua face toma um tom ainda mais escuro que o anterior. Não sei por que, mas quero dizer a ele para que fique calmo, que isto não é nada do que tenha que se envergonhar, afinal, apenas acontece, e talvez esteja agitado por ter que lidar comigo.

— Não é um projeto de caridade. Ficaria feliz em o ajudar a estudar. — Diz ao largar meu braço e seus olhos estão luminosos de maneira que nunca vi antes. É como se um pequeno raio de luz girasse ali pedindo para que o admirem. — Voltaremos a conversar Dae-Jung.

Mais uma vez como se fosse um fugitivo expert ele corre me deixando para trás e nem olha para saber se ouvi mesmo que queria ou se não vou correr atrás dele para reclamar sobre essa quase intimação que me foi jogada goela abaixo.

The beautiful liarOnde histórias criam vida. Descubra agora