Capítulo 4 ♡

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Dormência.
Por mais que eu tentasse afrouxar o aperto de minha mão ao redor da maçaneta, meus dedos implorando por circulação sanguínea, meu cérebro estava muito ocupado tentando pensar em alguma saída para a súbita revelação que caíra como uma bigorna sobre minha cabeça.

Quando finalmente fui capaz de reagir, fiz a primeira coisa que me ocorreu, por mais estúpida que ela pudesse ser.
Num milésimo de segundo a porta estava aberta, e Elliot e Emily me encaravam com olhos surpresos.
– Caroline... – ela começou num suspiro assustado, apesar de meus olhos estarem fixos no irmão – Desculpe pelo barulho, eu...
– É verdade?
Minha voz saiu rouca e grave, e só então me dei conta de que mal havia respirado desde que começara a ouvi-los. Não consegui regularizar a situação, que por sinal só piorou, já que eu estava prestes a receber uma resposta e a adrenalina em meu sangue pareceu duplicar.
– O quê? – Emily perguntou, franzindo a testa em confusão. Bufei, revirando os olhos. Não era hora para desconversar!
– O que você ia me dizer – insisti, ainda focada em Elliot – Sobre o Ben... Ele é... Ele é filho do Klaus?
– Quê? – Elliot riu, olhando para a irmã com incredulidade e levando alguns segundos para voltar a falar, como se o choque que minhas palavras o causaram tivesse roubado as dele – Eu já tinha percebido que você era bobinha, mas maluca também? Como ele traz uma doida dessas pra cá?

– Eu não sei o que você ouviu... – ela o interrompeu antes que ele pudesse continuar, lançando-lhe um olhar de censura e abafando seus risinhos antes de se voltar para mim, que apenas franzi a testa e esperei pelo momento em que tudo faria sentido de alguma forma – Mas o que você acabou de dizer é simplesmente absurdo.
– Eu ouvi a conversa de vocês... Eu... Mas...
– Você...? – Elliot ergueu as sobrancelhas, parecendo impaciente e me olhando como se eu estivesse numa camisa de força. Emily ostentava a mesma expressão, porém bem mais atenuada. Engoli em seco.
Talvez eu tivesse interpretado erroneamente a conversa dos dois... Talvez eles nem estivessem falando sobre Klaus. Eles não estavam exatamente próximos da porta... E se eles estivessem apenas passando pelo corredor discutindo sobre alguém ser pai de Ben e eu tivesse inventado todo o resto em minha cabeça?
Que vergonha.
– Uh... Eu... Me desculpe – gaguejei, olhando de um para outro com extremo embaraço, na certeza de que meu rosto ficava cada vez mais vermelho a cada segundo – Mas é que eu ouvi vocês conversando e por um momento... Por um momento eu pensei que...
– Pensou errado – Elliot concluiu por mim num tom irritado, erguendo uma sobrancelha – Agora pare de ficar escutando a conversa alheia pelo outro lado da porta e vá se arrumar para o jantar. Audrey é pontual quanto às refeições e você ainda está horrorosa.

– Desculpe – murmurei apenas, tensa demais para me esboçar alguma reação decente, e o observei puxar a irmã (que mal me olhara depois de meu vexame eterno, provavelmente constrangida demais com a ideia de ter um filho com o próprio primo) pelo braço corredor abaixo até se afastarem da porta e entrarem num dos últimos quartos. Assim que me dei conta de que estava sozinha, soltei todo o ar involuntariamente preso em meus pulmões, mortalmente envergonhada e extremamente aliviada. Eu podia não conhecê-los direito, mas ambos pareceram bastante convincentes em sua represália, o que tirou de minha cabeça a imagem de Klaus e Ben como pai e filho.
Fechei a porta do quarto novamente, respirando fundo por alguns segundos para estabilizar as batidas de meu coração e o ritmo frenético de minha mente. Bati a cabeça contra a madeira repetidas vezes também, me detestando por ter sido tão lunática. Elliot provavelmente tinha razão; eu devia ter alguns parafusos a menos.
– Sua doida! – me permiti cochichar, tapando o rosto com as mãos ao dar as costas para a porta e me atirar sobre a cama macia. Claro, eu havia acabado de cometer suicídio social diante de dois membros da família Mikaelson, o que seria cômico se não fosse trágico, mas eu sempre poderia tentar ressuscitar com um pedido de desculpas... Ou talvez não.
Eu pensaria nisso mais tarde, quando as ondas de alívio e vergonha parassem de percorrer minha espinha.

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