Poema vinte e sete:

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A VOZ QUE VEM DE DENTRO

Nossa tessitura
Tinha uma frequência natural
Vibramos com tamanha perturbação
De nossa autêntica combinação vocal

Nossa caixa torácica
Já não protegia nossos órgãos
Eu passei a respirar por você
E seu coração a bater por mim

Falar era fácil
Comunicar-se era aprender
Ouvir era captar
E escutar era entender

Fez das tuas cordas
Instrumento de união
Depositando-as no meu corpo
O tocando como corpo de violão

Na fonação
Teu sorriso o primeiro a ser nota(dó)
Teus lábios aos meus vive(ré)
Tua boca me supri(mi)
Tua língua me desaba(fá)
Teu céu da boca como giras(sol)
Tua voz passei a ama(lá)
Teu cantar ele me dis(si)pa

Na entonação
Teu timbre Baixo me pesava
como meus pensamentos em você
Teu aguçado Barítono era tão grave
como minha pressa em te ver
Teu Contralto o via escuro
como meu ser longe do seu
Teu Mezzo-Soprano intermediando entre o gosto metálico e doce
como teu intenso sabor
Teu Soprano eu o via claro
como meus olhos a lhe admirar
Teu Tenor suave me acalmava
menos ao te ter nas mãos.

A escuridão me trouxe estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora