Salva Pelo Amor

17

Após algumas horas de vôo com poucas palavras trocadas, Brigitte e o pai finalmente desembarcaram na Inglaterra.

O clima frio e a atmosfera urbana, imediatamente a fizeram recordar com saudades, das serras e campos verdes, com o clima maravilhoso da Toscana.

O motorista particular do senhor Wessex já os aguardava próximo a área de desembarque, em um BMW luxuoso.

– Sejam bem vindos de volta, senhor e senhorita Wessex. – comprimentou o motorista, de forma cordial.

– obrigada, Eduard. Como vai a senhora Jane? – perguntou Brigitte ao empregado antigo, se referindo a esposa dele, que também já trabalhou para o seu pai, mas se afastou depois de engravidar de gêmeos.

– muito bem, senhorita winsex, obrigada por perguntar, as crianças a enlouquecem um pouco as vezes, fora isso está tudo certo.

Os três partiram no carro, rumo a mansão da família. O irmão mais novo de Brie, Richard, apesar de estar casado ainda morava na propriedade, George o mais velho havia mudado para um luxuoso apartamento com a esposa.

Quando entrou na mansão enorme, apesar de  ter morado lá por muito tempo, ela já não conseguia se sentir em casa. Tudo estava exatamente como havia deixado há algum tempo atrás, a mesma decoração elegante, o mesmo lustre enorme que pendiam do teto, no meio da sala de estar, os mesmos móveis, de extremo bom gosto, escolhidos pelos melhores profissionais, no entanto, ao mesmo tempo em que estava tudo do mesmo jeito de antes, também parecia que tudo havia mudado.

– George vem almoçar conosco hoje.– informou o seu pai, a tirando dos seus devaneios sobre a casa onde cresceu.– Estávamos todos preocupados com você. O Richard está na empresa me substituindo em algumas reuniões, mas ele também está ansioso para vê-la.

Era difícil acreditar no que o seu pai dizia. Não era a primeira vez que passava tanto tempo fora, e nunca houve nenhuma demonstração sentimental sobre a sua volta. Certa vez demoraram dois dias para perceber que ela havia chegado, isso porque uma das empregadas avisou.

– claro. Vou descansar um pouco até lá então.

Brigitte caminhou até o seu quarto, olhando com a mesma estranheza para o restante da casa até lá. Talvez ela é quem tivesse mudado, afinal.

Já no seu quarto ela, deitou na sua cama confortável e a vontade de ligar pra Fabrizio já era grande, mesmo após poucas horas separados. Podia até parecer loucura, mas, já estava com muita saudade dele.

Sem conseguir descansar, ela levantou da cama outra vez, precisava ocupar a sua mente, ou seria muito difícil não voltar correndo para o aeroporto e tomar o primeiro vôo para Itália novamente.

Caminhando até o closet notou que tinha mais roupas do que precisava para uma vida inteira e pela primeira vez sentiu remorso pela sua compulsão por compras desnecessárias, como se pela primeira vez conseguisse enxergar a mulher que era, até pouco tempo atrás.

O closet ocupava um cômodo inteiro, com prateleiras e cabides do chão até o teto, repleto com roupas, sapatos e bolsas de marca. Tinha coisas que ela nunca usou, ainda com as etiquetas, outras que foram usadas apenas uma vez. Uma parede inteira era de bolsas e sapatos, muito mais do que se poderia contar nos dedos, coisas que sequer lembrava onde havia comprado.

Após pegar uma roupa casual foi até o banheiro e preparou um banho quente, precisava relaxar um pouco antes de encarar os irmãos.

Ao abrir uma das gavetas, no armário do lavatório, notou que várias caixas de tranquilizantes e outros comprimidos ainda estavam ali. Aqueles não eram os comprimidos receitados pelo médico que ela tomava agora, aqueles ela conseguia por conta própria, pagando um amigo, ela os usava para se dopar e dormir por dias, quando se sentia muito mal.