epílogo

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Ver as crianças correndo e brincando, felizes, pela fazenda, era um sonho antigo para Antonella e Giovanni. Seus netos. Isso era o melhor do que se podia esperar ter na velhice.

Enquanto os dois observavam, sentados na mesa da varanda, Pietro e Enrico brincando longe, Brigitte apareceu, vindo da cozinha e se acomodou confortavelmente na cadeira de balanço.

Estava cada vez mais difícil manter-se em pé por muito tempo, suas pernas já estavam inchadas e cansadas, dessa vez, prometeu a si mesma e a Fabrizio que seria a última e depois que a pequena Luna viesse ao mundo, não iria mais engravidar.

– onde estão os outros, mama? – perguntou a Antonella, assim que se sentou e colocou os pés inchados sobre um banquinho de madeira, intencionalmente deixado ao lado de sua cadeira favorita.– a Rita sabe que não deve se afastar de casa, já se perdeu da última vez, e os meus nervos não estão prontos pra isso!

– tenha calma, minha filha, esses hormônios a deixam muito preocupada. A Rita está com o Fabrizio no Vinhedo. Ela é muito apegada ao pai.– respondeu Antonella com carinho, enquanto admirava a sua bela nora, quase como se fosse a sua própria filha, com aquela barriga imensa.

Era tão bom poder olhar para ela agora e ver a mulher forte e completa que se tornou. O seu tratamento durou mais de um ano, mas ela agora estava livre novamente, não dependia mais de todos aqueles remédios, pelo contrário, a sua alegria é que contagiava todos os que estavam ao seu redor.

– A Mila e a Bianca estão colhendo algumas flores pra nossa mesa de jantar.– continuou o senhor Giovane, percebendo que a esposa havia paralisado novamente, ela sempre se perdia em pensamentos quando começava a observar Brie daquela maneira maternal. – Estão querendo receber bem o outro avô, apesar de eu ainda ser o favorito!

Seis crianças. Duas meninas e um garoto adotados, um casal gerado por Brie e a Caçulinha que todos aguardavam ansiosos.

Claro que isso não foi o planejamento inicial, mas o trabalho social no orfanato, o fato de ter sido deixada pela mãe e de ter crescido se sentindo sempre só, foram influenciando e de repente estavam lá, amando incondicionalmente cada um dos seus seis filhos.

Fabrizio também não tinha irmãos e lhe agradava imensamente ver a casa assim tão cheia. A reforma do chalé acabou se estendendo e ele agora era, na verdade, uma segunda casa, com muitos outros quartos e uma cozinha bem maior, para acomodar toda a família.

No início, Brie esperou ser duramente criticada pelo seu pai e pelos irmãos, porém, nenhum deles, tinham visto ela daquela forma, jamais. A cada nova criança que chegava na família, ela ficava tão feliz como quando foi mãe pela primeira vez e desde então, ela parecia ter tomado gosto pela coisa, parecia até algum tipo de vício pela maternidade, diziam eles.

Diferente de como agiram durante a vida inteira, agora, sempre que podiam eles a visitavam, o clima , a beleza e a calmaria daquele lugar, faziam bem pra alma e todos também se sentiam bem e felizes.

Seus irmãos continuavam morando na Inglaterra administrando os negócios da família e o seu pai recentemente havia se aposentado e se mudado para Florença, onde vivia com Andréa, a tia de Fabrizio que conheceu no casamento da filha.

Sempre que tinham oportunidade, todos se reuniam na fazenda e desfrutavam de bons momentos em família e nessa noite Sebastian e Andréa viriam de visita a fazenda santori para um jantar.

– mamãe, mamãe, veja, eu e o papai colhemos as melhores uvas pra você!– gritou Rita, enquanto vinha correndo na frente de Fabrizio com alguns cachos de uvas nas mãos, sua personalidade era quente e ela adorava falar alto, enquanto gesticulava de forma expressiva.

– hum, que delícia, obrigada meu anjinho. Estava agora mesmo desejando algumas dessas.

– como o seu pai vem hoje e vai provar do nosso melhor vinho artesanal, na sua frente, eu resolvi colher algumas uvas pra fazer um suquinho pra grávida mais linda não ficar com inveja.– disse Fabrizio, que chegou logo depois da filha, com uma cesta repleta das melhores uvas.

Ele havia finalmente posto em prática o curso de vinho artesanal que estava fazendo no dia em que conheceu Brie, e com a venda de sua parte da empresa para os irmãos, ela investiu na reforma da fazenda e na compra de tudo o que faltava para a produção de vinho. A fazenda se reergueu por completo e eles até tinham uma equipe de funcionários novamente.

– a intenção até que foi boa. Obrigada. Suco de uva, não se parece exatamente com o seu melhor vinho artesanal da região, mas... Ai!

– o que foi? Algo errado?– perguntou, preocupado com a esposa, como sempre ficava naquele estágio da gravidez.

– ai, acho que, acho que vai nascer!

No fim das contas, ninguém tomou vinho artesanal aquela noite, mas ela terminou sendo muito mais especial do que todos pensaram que pudesse ser.

FIM

Salva Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora