Chegando aos 40

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Bom dia!

Ouço uma voz que não conheço.

Bom dia! Que bom você esta acordando... Sou a Jane, sua enfermeira.

Ok, com esse uniforme, não podia ser o papai Noel pensa com minha cabeça confusa.

Dou uma olhada em minha volta, vejo uma porção de aparelhos ligados a mim, um me chama a atenção... Vejo um desenho de coração batendo desesperadamente... Oh! Ainda tenho um coração. O quarto é grande, tudo é branca, gelada, apenas a enfermeira que deveria estar sentada numa poltrona pouco confortável a minha esquerda... Reúno todas as minhas forças e pergunto:

Como vim parar aqui, há quanto tempo estou aqui... Onde esta minha família?

Jane, responde pausadamente... Calma, você esta no hospital São Judas Tadeu, ha exatamente oito dias, teve um infarto no transito, foi socorrida por um de seus seguranças que seguiam seu carro, mas agora esta tudo bem, sua filha foi buscar um café, a moça não saiu daqui pra nada... Toma banho, faz refeições tudo aqui, essa poltrona se tornou parte dela, pena que ela não viu você despertando... Calma o doutor Bruno já esta chegando...

Meu Deus! Um infarto! Tento levantar da cama, mas antes que eu consiga Jane esta me amparando... A porta abre e vejo um jovem de vinte e poucos anos, sorridente que me diz:

Minha paciente favorita... Já esta tumultuando, nem acordou direito, ah, bom sinal... A propósito meu nome é Bruno, sou seu médico responsável, eu que te atendi, quando chegou aqui. Quase morta... Então minha querida não banque a esperta de querer fugir daqui sem antes termos uma boa conversa... Senhora Oliveira...

Por Deus! Esse rapaz tem idade de ser meu filho, parece tudo menos um médico, que senso de humor é este... Quase morri e ele brincando... Então me deito novamente sentindo uma leve tontura.

De repente minha filha entra no quarto, com uma aparência horrível, olhos inchados, pálida, comum copo de café na mão, logo que ela me vê acordada, derruba o café... Corre em minha direção e diz entre lagrimas:

Mãe... Você voltou... Amo-te minha vida... Que susto meu amor achei que tinha te perdido... Cada segundo a teu lado... Achava que não ia mais ter você comigo... Como pode fazer isso comigo... Mamãe...

Ei! Moçinha ainda estou aqui... Pronta pra outra... Agora vamos embora, o dever me chama, como ficou a empresa, sem mim...tantos projetos...

Ohhhhhhhh!Ouço o doutor cara de criança dizer, nem pensar em trabalho, em estresse, você vai ter de mudar sua forma de viver, qualidade de vida, é o mínimo que vai ter de agora em diante, sua filha já havia me dito que você é uma maquina ambulante..trabalha mais de 18 horas por dia,sem ferias ha muitos anos de domingo a domingo...sinto muito minha cara...hora de passar o bastão...você esta acordando agora....fica aqui mais uns três dias depois vida nova....agora vamos fazer uns exames e depois conversaremos melhor...

Alicia, o que você falou pra esse menino?  Quero ir embora agora.

Mamãe... Tudo na empresa esta ok! A preocupação agora é com você... Meu Deus se não fosse o seu segurança te seguindo... Não seio que teria acontecido... Por favor, se controla. Agora eu mando e você obedece... Senhora Cecília Oliveira Gomes!

Então me rendo e pergunto?

Como aconteceu?

Mãe, você estava indo para o escritório central da empresa, ficou presa num cruzamento da Avenida Ipiranga, por alguns momentos, estava só em seu carro, e o seu segurança Gustavo vinha te seguindo... Quando ele percebeu que você não saia do lugar, avisou aos outros que estavam logo à frente... Então vieram em seu auxilio e já te encontraram caída no banco do carro com o celular na mão... Foi terrível, o centro de São Paulo parou viaturas de resgate, paramédicos, para o helicóptero poder pousar, não havia lugar... Então pousou num prédio foi um sufoco subir com você, despistar fotógrafos... Enfim você esta aqui... Isso basta... Diz-me Alicia com expressão cansada.

Cheguei aos 40Onde histórias criam vida. Descubra agora