Capítulo 3 ''Todos se reúnem para o show"

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Eu vou fazer você ser minhae eu não terei presa"

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Eu vou fazer você ser minha
e eu não terei presa".
CALL ME DEVIL| FRIENDS IN TOKYO
03

Observo por um último momento meu reflexo pálido no espelho, conforme tento enfiar um grampo de cabelo no topo da cabeça.

Certo. Só mais um pouquinho.

Comprimo os lábios em uma linha reta, concentrada em conter os fios rebeldes que se despenteia para fora do meu rabo de cavalo. Quando a mesma mecha cai pelos meus olhos pela milésima vez, solto um suspiro e desisto, deixando com que os cabelos caíssem atrás das costas.

Realmente. Sou péssima em aparecer apresentável. Definitivamente essa vai ser a primeira regra que vou ter de quebrar, logo de cara.

Coloco as mãos no quadril e sopro os fios para o alto, encarando com desprezo o panfleto que pendurei na ponta do espelho, para tentar seguir as determinações corretamente.

Arranco o papel do lugar e leio com raiva as linhas em preto negrito. Já fiz isso tantas vezes no último minuto que estou quase vesga.

''Aulas matinais toda semana, com exceção nos domingos, às oito horas da manhã. Todos os delinquentes deveram estar em prontidão nas salas de aula dentro do horário estipulado, como assim foi determinado pela secretária acadêmica do instituto. Sem atrasos e sem desculpas. Lembre-se também de seguir as etiquetas exigidas para as vestimentas. Principalmente as meninas''.

Bufo bem alto e viro o papel para outro lado, lendo as trinta normas ridículas impostas sobre as nossas roupas, os acessórios e até a droga dos meus sapatos. Pelo visto estão incrivelmente preocupados com a possibilidade de eu me vestir igual uma prostituta, ou sei lá o quê. Estou quase considerando ir nua, só para provocar.

Amasso o papel com raiva e jogo no canto do quarto. É claro que não é a primeira vez que faço isso, ele já está quase inteiramente rasgado por conta das vezes em que o amassei e o joguei no mesmo canto do cômodo, repetindo este processo umas quinze vezes desde que acordei.

Sento na cama, com um suspiro, e cubro o rosto com as mãos.

Faz mais o menos trinta minutos desde que despertei. Estou com muita dor de cabeça, sem contar o intenso incômodo nas costas que adquiri por ter dormido nesse amontoado de ferro, que chamam de cama. A minha coluna parece ter sido espancada por cactos.

Olho para o lado de fora da janela, tapando os olhos quando os raios de sol contornam a cortina. Acho que só tenho mais alguns minutos, preciso dar um jeito de encontrar alguém para me levar até a sala de aula, ou, dependendo do ponto de vista, o matadouro. Pessoalmente, acho que gosto mais de aderir ao segundo adjetivo.

Avanço até a metade do quarto e junto à mala de pano do chão. Ela foi jogada dentro do meu quarto ontem à noite, enquanto dormia, só fui me dar conta da sua existência no lugar quando me levantei e tropecei em sua alça. Bati o nariz na porta com tanta força que quase cogitei tê-lo quebrado.

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