0 4Dylan está com o rosto todo machucado, os lábios feridos e um corte fundo na sobrancelha. Vários hematomas estão espalhados ao redor do seu olho esquerdo, causando um tipo de sensação esquisita na boca do meu estômago.
Ao contrário da noite anterior, sua roupa não está mais rasgada, muito pelo contrário. Uma camiseta branca de manga comprida acompanha seus braços volumosos até os pulsos, tornando seu torso algo muito agradável de ver. E o cabelo ondulado, de um tom escuro e muito bonito, fica tão realçado por conta da cor da camiseta que se torna quase difícil desviar os olhos.
Cristo. Ele é lindo.
Seus olhos se estreitam em minha direção por alguns segundos, e nesse momento, vejo um brilho de reconhecimento iluminar o tom escuro dentro deles. Sim. Ele lembra que sou a intrometida da noite passada, e isso faz meu corpo inteiro queimar.
Mas, como tudo nessa vida não consegue ser perfeito por muito tempo, da mesma maneira que seu olhar se iluminou, ele também se apagou, infelizmente com muito mais rapidez do que eu gostaria.
― Sai da minha frente, garota ― Ele solta as palavras severamente e me empurra para o lado com um gesto brusco. Eu pisco meus olhos, um pouco zonza.
Dou um passo para o lado, irritada com a forma com que me empurrou. Mas ele, no entanto, não parece demonstrar remorso, pois me dá as costas grosseiramente e caminha a passos lentos em direção à mesa dos garotos.
Fico vermelha de raiva, sentindo todo o meu sangue esquentar. Quem ele acha que é pra falar assim comigo? Cuspindo apenas um ''sai da minha frente'' de forma ríspida, como se eu fosse um cachorro vira-lata qualquer que acabou de encontrar no meio da rua.
Uma atitude no mínimo muito esperada de um delinqüente preso em um reformatório, mas que ainda sim me deixa horrorizada, quase insultada, pra falar a verdade. Principalmente porque o estava admirando, segundos antes.
Estou tão concentrada em me sentir furiosa que demoro um pouco para perceber a seriedade exagerada de todos ao meu redor. Um silêncio incomum contaminou todo o lugar.
O semblante da maioria das pessoas mudou drasticamente de curiosidade, para algo um pouco mais preocupante, principalmente porque três ou cinco já se levantaram e saíram do refeitório.
Quase posso apalpar entre meus dedos essa eletricidade estranha e inquietante que esmaga todo o ar ao meu redor. Até mesmo o gordão arrogante parece diferente, um pouco acuado, talvez.
E todos os olhares estão nele. Em Dylan. Logo percebo que é ele o motivo. É ele quem está causando toda essa tensão.
Como uma tempestade que chega e afasta todos para dentro de suas casas, Dylan, de alguma maneira, está atemorizando todos ao meu redor. E quase que inevitavelmente, me pego curiosa para entender o motivo.
Parado em frente à mesa dos idiotas, ele demora alguns segundos observando detalhadamente cada rosto acomodado ao redor dela. Pensei que ele fosse se sentar, ou algo do tipo, mas pelo visto, não é exatamente isso que pretende fazer.
Tenho um susto quando, de repente, ele bate as mãos espalmadas na mesa bem forte, fazendo todos os pratos se levantarem para cima.
Imediatamente um sinal vermelho acende em todos os cantos da minha mente, ligando os meus alertas de perigo. Acho que estou prestes a entender o motivo para todos fugirem da tempestade chamada Dylan.
― Eu vou perguntar apenas uma vez ― Ele exalta as palavras, olhando lentamente para cada pessoa sentada naquela mesa ― Vocês vão me dizer quem foi que me dedurou ontem à noite, ou eu juro por Deus, vou matar cada um de vocês, seus filhos da puta!
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Jovens Delinquentes (completo na Amazon)
RomanceDylan Bradley é o nome que assombra as paredes grossas de Dozier: o maior reformatório para delinquentes juvenis dos Estados Unidos. As regras ao seu respeito são muito claras. Não chegue muito perto. Não tente uma conversa. Não o toque, a menos qu...