Capítulo 5 ''Não tenho tempo, e nem medo''

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As minhas mãos estão posicionadas ao lado do meu quadril conforme contemplo os nomes digitalizados na folha impressa e colada na parede ao lado da minha sala de aula.

Vinte e cinco alunos, eu repito para mim mesma. Essa é a quantidade de delinquentes que frequentarão a mesma sala que eu pelos próximos meses. Inconscientemente, mordo o lábio inferior, admirando a corrente de energia quente e estimulante que se espalha por todo o meu corpo. 

Apesar do número alarmante, me sinto estranhamente eufórica. Uma satisfação errada e ao mesmo completamente incontrolável que nasce dentro do meu peito, e tudo isso devido ao quinto nome daquela interminável lista.

Duas palavras simples. Intensas.

"Dylan Bradley" ― Sussurro as sílabas devagar, apreciando a forma perversa com que seu nome se desmancha na ponta da minha língua. E mesmo depois que as palavras se vão, aquele nome continua ecoando por meus pensamentos, como um mantra que estou fielmente determinada a memorizar.

A ideia de ter aulas teóricas, ou práticas, me pareceu uma tremenda chatice desde o começo, mas sob essas novas circunstâncias, esse cenário patético tornou-se muito mais divertido e atraente, alvoroçando um sentimento até então desconhecido dentro de mim.  Um sentimento de emoção exagerada e impossível de conter, mas que não deveria existir de jeito nenhum, principalmente por que se trata desse garoto em específico. O mesmo que foi carregado por guardas como um animal selvagem na noite passada, e também aquele que acabou de se comportar de forma tão babaca e indiferente dentro do refeitório, que me fez fervilhar de raiva.

É ridículo ter uma mudança tão drástica dentro desse cenário, e tudo por conta dele ― um delinquente ― e ao que me parece, o pior de todos que estão aqui dentro.

Na verdade, talvez seja esse o motivo.

Ele é o pior de todos eles.

Juntamente com todos os meus outros hábitos tóxicos e nocivos, Dylan Bradley parece ser a escolha perfeita ― e muito bem-vinda ― para me distrair dentro desse ambiente infernal, um vilão obscuro e cheio de algo em especifico que me faz querer fincar minhas unhas em sua pele e denomina-lo como meu.

Ele tem rebeldia, a aparência clássica de um bad boy problemático e o respeito ― ou medo ― de todos os outros a sua volta. Apesar de tudo isso ser insanamente clichê, eu gosto disso. É esse o ponto. Eu realmente amo isso.

E em nome de todas as garotas que, assim como eu, são incapazes de resistir a este tipo de homem, eu preciso tê-lo. Não importa de qual maneira isso aconteça, sei que preciso possuí-lo.

― Ei, seu velhote irritante! ― Delilah grita pela sexta vez ao pobre guarda parado em frente à nossa sala de aula ― Me deixa entrar!

Pisco os olhos, momentaneamente me lembrando do pequeno escândalo que Delilah começou há poucos minutos.

― Eu já disse ― O homem alto explica ― As aulas foram suspensas até próximo aviso. Vocês precisam retornar para o dormitório imediatamente.

Aparentemente a confusão no refeitório proporcionou desastres de consequências complicadas, já que assim que adentramos o prédio de estudos, guardas já haviam sido ordenados para bloquear todas as salas e direcionar os delinquentes novamente para o prédio principal.

Não consigo entender porque este assunto tem de ser um caso de vida ou morte para Delilah. A garota está irrefreável, completamente obstinada em convencer o guarda, a mim e até Deus de que as aulas precisam acontecer. Ela já gritou tantas vezes para o pobre rapaz bloqueando a entrada que estou quase com pena dele.

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