Capítulo 2

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Ela então entrou na sala e se colocou em um lugar onde eu conseguisse vê-la pela minha visão periférica. Após o "seja bem vinda" de todos, voltamos a oração e então rezei:

"Senhor Deus, que possa nos abençoar neste encontro e estar conosco. Como Vosso filho disse um dia 'onde um ou mais estiverem reunidos em Meu nome, lá estarei', que Jesus nosso Senhor possa estar conosco e nos ajudar a viver a nossa juventude de forma santa. Que sejamos servos e missionários do Senhor nosso Deus e que jamais possamos sucumbir ao pecado. Que sejamos fortes em nossas orações e que a cada vez que nossos joelhos se dobrarem perante Deus, que nossa fé e nosso escudo da Palavra possam nos defender das tentações do inimigo e que jamais possamos nos esquecer de quando ouvimos o Vosso chamado, de quando ouvimos a Vossa voz e a seguimos. Esteja sempre conosco Senhor, que sejamos abençoados e protegidos por Vossa graça, ao lado de Maria, Jesus e do Espírito Santo. Pai nosso..."

Então todos continuaram a oração em uma só voz. Não pude me conter em abrir os olhos nessa hora, foi quando vi que todos estavam de olhos fechados, se encontrando com Deus, inclusive Elaine, o que me deixava mais calmo, pois mostrava que suas intenções em fazer parte daquele grupo eram puras. Me peguei fitando ela por mais tempo do que eu deveria e algo deve tê-la desperto, pois na hora do "não nos deixei cair em tentação", ela abriu os olhos e nossos olhares se cruzaram nesse exato momento.

"Amém" todos concluímos juntos. A essa altura eu já tinha desviado os olhos dela, mas senti meu rosto enrubescer e isso, eu não consegui controlar.

Demos início a reunião de fato, então primeiro todos se apresentaram rapidamente para a Elaine e ela para as pessoas, após isso, eles estavam falando sobre as atividades que estavam programando para a próxima semana, dentre elas, uma programação nova enviada pela santa sé para todas igrejas do mundo, de uma campanha pró oração pelo mundo. O Santo Padre havia pedido que todos os fiéis do mundo pudessem ao meio dia, num uníssono, entoar o Pai Nosso, em prol da humanidade inteira. Após toda a reunião, busquei conversar com a Marina, a fim de fugir de conversas com a Elaine, eu  não sei se suportaria, Deus não poderia fazer isso comigo, permitir que a tentação viesse dentro de sua santa casa. Eu tinha que ser forte, e mais que isso, tinha que manter isso em segredo, não consigo suportar a ideia de alguém descobrir isso, logo, não tenho com quem falar. 

Conversando com a Marina, consegui distrair um pouco a cabeça, até o momento em que ouvi a voz dela ao meu lado, e senti um leve arrepio na minha espinha:

- Com licença. Queria só falar tchau para vocês, preciso ir. - disse ela, olhando para mim e terminando sua fala com o olhar na Marina.

- Gostou do encontro? Seja sempre bem vinda - disse Marina, animada e carismática como sempre fora.

- Ah sim, foi maravilhoso. Pode deixar que semana que vem, eu com certeza venho. - disse ela, animada e tímida.

- Seja muito bem vinda. Que Deus te abençoe, Elaine. - eu disse, afinal, eu teria que dizer algo a qualquer momento mesmo.

- Tchau.

Voltei então a conversar com a Marina, na verdade, ela foi quem voltou a conversar comigo, pois minha mente, por mais que eu lutasse em mantê-la na conversa, acabou acompanhando a Marina, seja lá onde ela teria ido. Após finalizar a conversa, me despedi de todos e então, fui para a casa do padre Matias. 

Ao chegar lá, ele percebeu o meu incômodo, e ao perceber, indagou:

- Aconteceu algo, João?

- Não padre, tudo em ordem. Por que da pergunta?

- Me parece um pouco aflito. Caso queira se confessar, saiba que estou sempre disposto a lhe ouvir.

- É que... - parei, não conseguia falar naquela hora. Ainda tinha vergonha e medo - é que estou cansado, a reunião foi um pouco puxada e rezei um rosário completo de joelhos. Preciso dormir um pouco.

Os Pecados da SalvaçãoWhere stories live. Discover now