Complicações.

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Os tempos eram de paz em Westeros, algo que não se via desde os primeiros anos do reinado de Aegon II, o Rei Louco. Daenerys com todo seu poderio, havia conseguido estabelecer uma ordem e ninguém tinha coragem ou loucura o suficiente para rebelar-se contra seu exército de Imaculados, dothrakis e, principalmente, seus dragões.

Então, aquilo que acontecia em Winterfell no momento, era algo totalmente inesperado. Quando Jon desceu, já completamente vestido e armado deparou-se com uma cena inusitada. Alguns lordes brandindo as espadas, e uma plateia bêbada e exaltada, gritando urros aos que duelavam.

Algumas mulheres assustadas gritavam para que aquilo parasse. Quando se deram pela presença dele, o silêncio recaiu sobre o lugar. Ele olhou a todos com muita seriedade e desgosto. _ Senhores, eu sei que lhes devo por todo o apoio em nossas conquistas nos últimos tempos, mas não posso e não admitirei tamanha afronta em meu lar, e esse total desrespeito para com minha esposa em sua noite de núpcias.

Aos poucos os humores foram se aquietando, as espadas foram baixando e as explicações começaram. Provocações, apostas, um empurrar de culpas e todas aquelas causas banais para uma confusão em festa, potencializada pelo álcool. Jon ficou extremamente irritado e também em sinal de alerta, pois se aqueles senhores não respeitavam sua casa nem no dia de seu casamento, o vislumbre de rebeliões era pertinente e deveria acender-se em alerta.

Ainda estava exercendo sua autoridade e repreensão, quando de súbito sua voz calou. Olhou para o canto, e os olhos azuis assustados, a cascata vermelha e solta de seus cabelos, o contemplavam um tanto sem ação. Ela estava com seu roupão amarrado e sabe-se o que por baixo dele, talvez nada. Ele não foi o único a perceber a presença dela.

Não tardou a notar os olhares que de surpresa, passaram a cobiça pela belíssima mulher, selvagem e refinada, que se mostrava a Rainha do Norte naquele momento. Aquilo suscitou um sentimento nele, que quase o tirou de si. Nunca imaginou sentir ciúme de alguém e daquela forma, pensava em arrancar todos os olhos e dentes dos que a olhavam e sorriam deliberadamente na direção dela.

Sem perceber a fulminou com os olhos e se aproximou tão rápido quanto o mínimo de decoro permitia. A pegou pelo braço e puxou para dentro dos corredores do palácio.

_Jon, você está me machucando. Solte-me! – bradou Sansa.

Já estavam em frente aos aposentos dela, ele a soltou e adentraram.

_ O que pensa, ao me tratar desta forma? – disse com os olhos marejados.

_ Você me desobedeceu! - disse quase aos gritos. _Na primeira noite em que estamos casados e você já me afrontou desta forma. O que pensa, senhora? Eu disse para ficar aqui, escondida e segura. E, se alguém a capturasse? E se alguém a matasse ou mesmo, da forma que está vestida, a estuprasse? Você não viu a forma que aqueles homens a olhavam? Eles que são nossos aliados, imagina se fossem os inimigos. – bradou Jon, ainda muito exaltado.

Sansa suspirou profundamente, com as lágrimas já caindo de forma livre pelo rosto e tendo a sensação que nunca se sentiu tão magoada como naquele instante.

_ Eu não me contive, porque fiquei desesperada com a possibilidade de perdê-lo. Se fosse o fim, eu não poderia estar em qualquer outro lugar que não fosse ao seu lado.

Jon a olhava, um pouco mais calmo, porém em choque. Estendeu a mão para tocar-lhe o rosto, mas ela afastou. De costas para ele, apenas disse:

_ Vossa Majestade agora, além de meu soberano é meu marido e eu sei de meus deveres para convosco, mas espero que não tenha expectativas minhas quanto a certas obediências e submissão. E, se, for do agrado de meu senhor – falou com certa ironia – gostaria de estar só para descansar. Seus aposentos estão preparados e acho que o senhor meu esposo deveria fazer o mesmo.

_Sansa, eu...

_Por favor, Jon! Vá...

Ele a olhou uma última vez e saiu do quarto. Mal podia acreditar que há poucas horas estavam, nus, naquela cama, ele a sentindo em toda sua gloriosa feminilidade, completamente embevecido dela e agora ia para seu próprio quarto, sozinho, tendo a magoado já na noite de suas núpcias.

Como explicar a ela, aquilo que ele não conseguia nem dizer a si mesmo? Como descrever que ficou fora de si vendo a forma que outros a olhavam, ela que era dele, que já estava claro, que preenchia por inteiro o coração dele e que não conhecia o tormento que o ciúme e a possessividade pode causar na vida de um homem, seja ele, rei ou não.

Daria o tempo a ela e depois com os ânimos mais frios conversariam e acharia uma forma de se desculpar, mesmo sabendo que sua preocupação e reações, não seriam tarefas fáceis de esconder e colocar de lado.

Quando a porta do aposento fechou, ela jogou-se em sua cama e desabou. Chorou copiosamente. Ainda sentia o cheiro dele nos lençóis e sabia que aquela estava longe de ser a noite que idealizara, 

Por Winterfell (Jon & Sansa)Onde histórias criam vida. Descubra agora