Killian

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Killian sentou-se no corredor do hospital com uma expressão grave. A avó estava com alguns problemas de saúde e ele sabia que podia ajudar. Só não sabia como. Na universidade, todos achavam que ele era popular, simpático e atraente. Para Killian, isso não era exatamente o que ele chamava de "qualidades". Era algo generalizado para que as pessoas achassem que o conheciam. A realidade era simples: ninguém na Terra o conhecia mesmo. Passou a mão pelos cabelos negros e suspirou. Ouviu ao longe uma conversa:

- Boa tarde. Alguma novidade sobre o meu avô, Tyra?

- Olá, minha querida. Infelizmente, o avô Ted continua fraco. A quimioterapia não parece estar a ajudar nesse sentido. Mas, estamos a fazer o nosso melhor para que fique sem dores.

- Entendo. Obrigada. Trouxe cupcakes para as enfermeiras.

- Summer... és uma menina muito querida. O teu avô tem sorte em ter uma neta como tu.

O sorriso de Summer queria esconder a emoção da jovem:

- Eu é que tenho sorte em tê-lo como avô.

A jovem entrou no quarto de hospital enquanto escondeu uma lágrima que escorreu pela bochecha. Tyra, a enfermeira chefe sorriu para o rapaz:

- A admirar a Summer?

Killian desviou o olhar com algum desconforto:

- Já é a terceira vez esta semana que ela traz cupcakes para as enfermeiras.

- Estás atento! Ela é uma joia. Se quiseres, apresento-vos.

O piscar de olho da enfermeira tornou o rapaz algo nervoso:

- Não preciso de conhecer ninguém. Já conheço gente o suficiente.

- A tua avó ia ficar dececionada por ouvir isso.

- Ia ficar dececionada de ouvir o quê? - A avó de Killian arregalou os olhos com curiosidade.

- Nada, vó Harriett. - Killian levantou-se e ofereceu o braço para a avó apoiar-se nele.

- O seu neto anda a admirar uma donzela. - Troçou Tyra.

- Killian... quem é a donzela? - Harriett estava definitivamente interessada.

- A enfermeira Tyra está confusa com as coisas. Deve ser do açúcar dos cupcakes.

A enfermeira riu-se e mostrou um cupcake com um coração vermelho sobre a cobertura:

- Ou então és tu que não queres admitir que o coração quer uma donzela para amar.

A avó riu:

- Essa foi muito boa! Killian: és novo, bonito e inteligente. Vais encontrar alguém especial.

Killian achava não merecer isso. O casamento seria algo demasiado triste na sua vida. Ele não era feito para o amor.

- Desculpe, Tyra? - A voz de Summer ecoou no corredor. Ela falou brevemente com a enfermeira.

O jovem Killian acompanhou a rapariga com os olhos e a avó olhou para ele com um sorriso, sussurrou:

- É ela?

Killian franziu o sobrolho para a avó:

- Vó... francamente.

Summer olhou para os dois com um sorriso:

- Boa tarde.

- Olá, minha linda. Eu sou a Harriett e este é o meu neto Killian.

- Prazer em conhecer-vos. Sou a Summer. Estou a visitar o meu avô Ted.

- Ted? Ted Bailey? Conheço-o perfeitamente. Andámos juntos na escola. - Riu a avó de Killian. - Como está ele? Quero dizer: se está no hospital... não deve estar muito bem.

- Infelizmente é cancro. A quimioterapia está a enfraquecê-lo. Mas o meu avô é forte. Ele vai conseguir.

O sorriso de Summer apertava o coração de Killian. Era como se ele sentisse que o sorriso da jovem escondia os seus verdadeiros sentimentos. Ela parecia estar a fazer-se de forte.

- Killian, vamos só visitar o Ted. Tenho de dizer-lhe uma palavrinha.

A avó não esperou pela resposta do neto e sorriu para a jovem:

- Importaste que o visitemos?

- Não. Ele vai ficar muito feliz de vê-la.

Harriett entrou devagar pelo quarto e viu o velhote deitado na cama a ler um livro:

- Ted Bailey. Fugiste de mim durante toda a vida e agora não tens como escapar!

- Ha-harriett???? - Ted Bailey sorriu e penteou um pouco os poucos cabelos que tinha.

- Casaste e foste para longe. Deixaste-me aqui pendurada. E a promessa de sermos amigos eternos foi para onde?

- Desculpa, Harriett. A minha esposa andava sempre a pensar em mudar-se para o campo. E foi algo repentino. Nas mudanças perdi o contacto.

- Eu perdoou-te. - Harriett não queria transtorná-lo. - Mas... agora que somos vizinhos no hospital. Prometo visitar-te sempre. Combinado?

- Combinado.

Ao que parecia a avó Harriett e o avô Ted tinham sido os melhores amigos de infância. E a amizade parecia continuar. Killian colocou as mãos nos bolsos e observou Summer que apresentava um sorriso genuíno, um sorriso que acelerava o seu coração. Os olhos castanhos e doces da jovem que combinavam com o cabelo apanhado pareciam esperançosos. Algo nela o chamava intensamente. Mas o que seria?

*****

Alguma ideia sobre o que reserva o futuro para estes idosos e os seus netos?

(In)CompletosWhere stories live. Discover now