Deus da Destruição I • Jungkook

28 - Não é uma "maldição" ruim.

Tentei contar tudo para Jeon, nosso passado não é algo que eu goste de lembrar. Seus olhos me encaravam atentamente, apertando minhas mãos como um incentivo para continuar.

── E o que aconteceu depois, Noona? ── Ele questionou.

Respirei bem fundo.

── Depois que eu sai da casa de Sue, eu corri para um lugar bem longe. Eu não tinha o total controle do meu corpo naquele momento. ── Comprimi os lábios. ── Eu comecei a matar um monte de gente, principalmente pessoas aliadas a Lúcifer. Eu… Eu era um monstro Jeon. Ainda sou! ── Meus olhos se encheram d'água. ── Lembrar disso é muito difícil para mim, sabe? Dói a alma. ── Sequei a lágrima que ousou a descer.

── Tudo bem, não precisa contar essa parte. ── Ele disse e apertou mais minhas mãos, passando lentamente sua língua pelos lábios. Tão ingênuo...

── Depois de quase dois meses e meio eu retornei a casa de Sue e a encontrei lá, cuidando de você. Quando eu cheguei lá, ela me olhou com cara muito feia e eu fiquei com muita vergonha de mim mesma. Eu tinha destruído sua casa e matado suas flores, quais ela tanto amava cultivar mas mesmo assim ela me acolheu. Foi muito complicado voltar a ter controle de meu corpo, eu até hoje não achei uma explicação plausível para o que aconteceu naquele dia, nem mesmo Sue sabia exatamente o que aconteceu, só tinhamos suposições. E pelo simples fato de eu ter aprontado muito, a sua vida e a de Sue foi posta em perigo por minha causa e eu tinha que fazer algo. ── Respirei fundo mais uma vez. ── Foi então que eu e Sue nós mudamos para o Japão, de início. Quando você tinha quase 1 ano de idade, as coisas complicaram por lá também. Estavam procurando eu e você, Jungkook, então tínhamos que fugir. Procuram por nós dois até hoje... É algo muito complicado! Depois de tanto se mudar, finalmente viemos parar na Coréia do Sul, para a terra natal de seus pais. Demorou para mim me acostumar tanto com a cultura como com os olhares das pessoas. ── Suspirei ao lembrar. ── Eu cuidei de você até seus 3 anos e meio de idade, você me chamava de mamãe e eu chegava a chorar por isso. ── Ri, sentindo meu coração se aquecer por breves momentos ao lembrar desse momento.

── E-Eu te chamava de mamãe? ── Perguntou, sem acreditar. ── Sério?

── Muito sério. ── Sorri, era muito gostoso de ouvir ele com aquela voz adorável me chamando de mamãe. ── Mas eu tinha que dá um jeito em nossas vidas, pois você comigo, corria muito mais risco, sabe? A única solução foi achar um lar pra você, pois assim eu daria você como "morto" para nossos inimigos e que eles só focassem em mim. Até hoje, esse homem nos persegue e eu faço o que eu posso para nos manter a salvo. Eles desconfiam que você não esteja morto. É muito complicado mesmo te explicar tudo com mais detalhes.

── Então, meus pais verdadeiros morreram para me salvar e os pais que eu julgo ser meus hoje, não são? ── Ele perguntou e senti uma pontada de decepção em suas palavras.

── Olha amor. ── Soltei suas mãos e segurei seu rosto. ── Não fique triste com o Sr. e a Sra. Jeon, eles se tornaram meus amigos e eu confiei neles para cuidar de você, para você poder ter uma vida normal. A Sra. Jeon não pôde ter filhos, então ela aceitou rápido a minha proposta e lhe deu muito amor, e lhe dá até hoje! Não fique assim, não fique triste. Pai e mãe são aqueles que nos criam, entende? Já vi muitas pessoas ao meu redor assumirem filhos dos outros e dando muito amor, isso é normal!

── Eu não irei ficar, eu os amo pois eles são tudo pra mim. Eu só estou triste demais de saber dos meus verdadeiros pais terem morrido por minha causa. Morrido para me proteger. ── Lamentou mais uma vez.

── Mas agora você tem novos Pais, que te tratam bem e amam você como se fosse filho deles mesmo. Você também tem a mim, eu NUNCA me afastei de você e NUNCA vou me afastar. ── Deixei bem claro para ele poder entender. ── Eu sei que é tudo novo e muito complicado pra você, mas por favor, compreenda também a gravidade das coisas. Nada está sendo fácil até hoje, sempre busquei proteger você e a família que te adotou. Quando eu achei necessário me aproximar mais de você, eu fui e conversei mais com seus pais e eles me falaram que você estava querendo morar sozinho em Seoul. Logo resolvi que também iria e ficar de olho em você, te proteger do que fosse. Soube por meio deles também qual era o trabalho que você desejava frequentar enquanto estudava na faculdade. Como lá na empresa estava precisando de pessoas, fiz uma entrevista como qualquer humano faz e fui contratada. Foi por isso que quando você chegou lá, você me encontrou.