Hoje eu acordei
E tive um sonho
De um futuro que nunca aconteceu
Dormi misturado a um passado inacabado
De visões despojadas
O hálito da manhã beijou meus olhos marejados
E deixou no ar o sabor de uma paixão desconhecida
Que eu vi na turbidez de uma silhueta
Hoje eu dormi e senti a vida real
Doce e amarga numa mistura desigual
O medo que eu senti me deixou paralisado
De acordar e sentir tudo de novo e chorar em um aquário
E transbordar de solidão no fundo de um abraço
Esse medo infeliz de dia flutuando no espaço
Sem rumo pra seguir eu senti a tua voz
Pela última vez eu não fugi
E enfrentei o medo de não suportar
Chorei, em florestas distantes, em caminhadas na autoestrada
e aceitei o destino de seguir em outro rumo
Hoje eu acordei e senti o gosto amargo do café
Que me despertou de memórias inexistentes
Olhei pela janela e eu vi
A mesma paisagem pela enésima vez
Senti o gosto de acordar sem ninguém ao meu lado
E ouvi a distância uma voz na minha cabeça
Que me disse "adeus"
Minhas lágrimas pintaram o chão
Por um breve momento
Me recolhi em meu interior na esperança de aceitar
Mesmo com um buraco em meu peito
Que não sangrava exceto em meu ser
E levantei
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quem te consola?
PoetryUma coletânea de poesias, sem um tema central, mas com um cerne único: a busca, o questionamento, a paixão e o maravilhamento com os pequenos detalhes da vida