A angústia é um som renitente
Um vazio que flui
Um poço seco
Mais forte que cataratas
O ar fica rarefeito
A respiração ofegante
A inércia de ação é um vício calado
Ninguém lembra do dia da própria morte
Quem sabe foi no Natal
Ou um dia antes do meu aniversário
Quando meu bigode estava por fazer
E a terra se acumulava sob a unha do pé
Naquele chão descalço
Dançando sob a luz de Sirius
Chorando a Nuvem de Magalhães
Nem todas as lágrimas minhas podem secar essa dor
(não uma dor de presença, mas de ausência)
Uma luz negra
Um grito num sonho
Uma paralisia de repente
Como quando erramos um soco
Ou a mão que agarra o copo falha
E o vidro se despedaça em 1 trilhão de partículas
Ou o instinto supera a razão
E uma palavra sem pensar
Muda o rumo de uma vida
E as pequenas coincidências da vida
Se desmancham na minha carne
Como um prego em um chinelo
Que fica encravado
Ou a lama do pau-a-pique que se enraíza
A vida se enraíza em si mesma
Se enrosca como pé de feijão
Sobe sobe, sobe sobre, sobre sobe, sob...
Sem motivo próprio
A vida continua
Mais uma vez
Por incontáveis vezes
Mais um giro pelo sol, mais um giro pela galáxia
Dessa vez
Sem mim
31/12/2018
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quem te consola?
PoesiaUma coletânea de poesias, sem um tema central, mas com um cerne único: a busca, o questionamento, a paixão e o maravilhamento com os pequenos detalhes da vida