Gt do Mike

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GT do Mike
[GT AUTORIZADO POR JUNINHO BRENE]

(Prólogo)

>seje eu!
>21 aninhos, pivete ainda
>formado no CFAP ( Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, em tailandês )
>carteira na mão, pistola no coldre
>feels like atirar em vagabundo
> polícia militar do estado do rio de janeiro, abre aspas
> FÁBRICA-DE-BUCETA
>era 06 de turma, então pude escolher pra qual batalhão eu iria
>lembre-se disso
>escolhi o 23º BPM
>leblon, ipanema, gávea, são conrado
>mais tranquilo que isso só a casa da sua avó agora que ela parou de fazer suruba
>na hora da formatura, tava lá minha coroa
>batalhadora, ralou pra caralho pra me dar um futuro
>chorou vendo o filho formado com aquela farda azul
>os olhos começaram a suar o mais masculino dos suores
>depois do toque da corneta, abracei a velha, olhei pra ela e falei:
> '' agora vai ser tudo diferente mãe ''
>ela abriu um sorrisão emocionado que faria até os olhos do capeta lacrimejarem
> '' agora vai ficar tudo bem ''

( Parte I )

>século x=(√4.10^3)+5^2-3^3  ( faz as contas, otário )
>adivinha só, vacilão?
>não ficou tudo bem
>um ano depois da minha formatura, a coroa desenvolveu uma doença
>cardiopatia reumática
>levei ela no HCPM, mas não tem recurso nem pra cuidar dos pms baleados
>imagina pra porra da minha mãe
>não teve jeito
>fui levando de clínica em clínica, buscando ajuda
>cada diagnóstico era pior que o anterior
>um dos médicos (o que mais passou confiança), disse que seria necessária uma cirurgia
>não vou falar o valor, basta dizer que era o suficiente pra tirar sua mãe, suas irmãs, suas tias e até seu avô da prostituição
>eu tinha um ano para conseguir a grana e pagar o tratamento dela, senão já sabe né?
>eis que eu tava lá, me sentindo um merda
>blitz 7h da manhã, só pra fuder trabalhador mesmo
>paro um carro com os vidros escuros
>peço a documentação
>o cidadão, cheio de marra, joga duas notas de cem no meu peito e pergunta se estamos entendidos
>o dedo do gatilho chega a coçar
>o procedimento é claro, tentativa de suborno, era deslocar para a delegacia e manter sob custódia do delegado
>olhei pra nota
>pensei em enfiar a mão na cara daquele babaca
>pensei em encher o filho da puta de porrada
>pensei na coroa, deitada na cama sem poder trabalhar
>puta que pariu
>como disse Aristóteles '' ou você se omite, ou se corrompe, ou vai pra guerra ''
>me corrompi
>peguei as notas e fiz sinal pra ele ir embora
>o babaca fez questão de dar aquele sorrisinho convencido
> vaisefuder.rar
>daria pra comprar remédios pra velha, aliviar um pouco o sofrimento
>engoli minha raiva e fui pedir permissão pro sgt pra ir comer alguma coisa
>ele faz cara de cu, mas a comida do rancho é uma merda e ele também tava com fome
>traz duas coxinhas e um mate com limão pra mim ô seu viado, disse o tal
>maldito sgt barrigudo, cansou de dar prejuízo em pizzaria
>fui no boteco comprar o maldito lanche para nós e, pelo caminho, tinha que passar por debaixo de um viaduto
>o lugar ali era carinhosamente chamado de beco da maldade, porque quem passava sempre perdia alguma coisa
>não deu outra, eu tava me aproximando quando vi uma depósito 8/10 vindo na direção oposta
>quando tava logo abaixo do viaduto, dois pivetes já enquadraram ela
>um com uma pedra na mão, uma PEDRA
>por um momento quis encher os dois de chumbo
>mas eu já sabia que se fizesse isso minha cara estaria estampada no mesmo dia lá no RJ TV
>''policial mata duas vítimas da sociedade ''
>não quero ser preso
>não posso ser preso
>com o cacetete na mão, chego na encolha para eles não me verem
>os imbecis tavam ocupados demais catando a bolsa da menina para repararem em mim
>a cacetada que eu dei na nuca do primeiro foi tão forte que ele desmaiou na hora
>acertei uma no outro, mas o pivete correu mais que trinta nordestinos atrás de rapadura e conseguiu se evadir do local
>fui segurar o gansinho que eu tinha colocado pra dormir, quando vi a menina desesperada
>congelou de medo, coisa comum
> '' eles conseguiram levar alguma coisa? ''
> ''não senhor '' ela respondeu baixinho
> '' senhor tá no céu, pode me chamar de Costa '' falei, levantando o vagabundo na marra
> '' tem que tomar mais cuidado quando andar por aqui, é perigoso, procura andar em grupo ''
> '' eu sei, não costumo pegar esse caminho, é que hoje eu tive que vir de ônibus pra faculdade e não sabia chegar lá sem ser por aqui ''
>nessa hora me liguei que a patricinha era estudante da PUC
>aquele tipinho que abraça árvore, fuma maconha e faz sarau
>beijaço fora temer, sexo anal contra o capital, marcha pela paz (e contra a policia)
>percebi que a novinha ainda estava congelada e perguntei, um pouco mais impaciente '' você vai ficar aí parada ou o quê? ''
>ela olhou nervosa e começou a gaguejar, falou que era estudante de psicologia e estava fazendo algum trabalho sobre violência
>ela explicou lá o negócio, mas eu estava ocupado demais carregando o pivetinho
>até que ela perguntou '' teria como voce me dar seu whatsapp para eu te mandar um questionário? ajudaria muito no meu trabalho ''
>olhei pra ela, desconfiado
>isso parecia caô, e pm que dá mole leva tiro
>ela reparou na minha indecisão
> '' se você topar, vai receber uma participação no valor de 500 reais ''
> abriu um sorrisinho meigo e meio desconcertado
>não tinha mais o que dizer
>passei meu número e levei ela e o marginalzinho embora do lugar
>cheguei de volta na viatura, e o sgt (vamos chama-lo de bigode) estava lá me esperando, puto
>'' caralho seu viado eu te mando buscar coxinha e mate e tu me trás um ganso dormindo? puta que pariu, bota esse viado no carro e vamo embora logo daqui ''
>fui de lá até o batalhão ouvindo o trololó do bigode
>mas minha mente tava em outro lugar
>tava na novinha, cujo nome eu nem perguntei
>algo de estranho me atraia nela
>algo de diferente

Gt's 10/10 Onde histórias criam vida. Descubra agora