GT - A Mulher Utópica
>conheci várias mulheres em minha vida
>loiras, morenas, ruivas...
>bonitas, feias, razoáveis...
>interessantes, desinteressantes...
>bom, vamos logo ao que interessa
>meu nome é Marcos
>por mais que eu tenha ficado com várias garotas, eu só queria achar a ideal pra passar o resto de minha vida
>era 1994
>eu tinha 14 anos quando finalmente resolvi me envolver com uma garota
>ela era loira, lábios finos e cabelos longos
>rosto bonito, corpo bonito
>gostava dos mesmos filmes que eu
>como diriam hoje em dia, uma "10/10"
>devo os créditos ao meu melhor amigo, o Paulo, pois ele me deu apoio pra ir falar com ela
>eu fiquei com ela por dois meses, mas logo em seguida resolvi me afastar
>o gosto musical dela era horrível
>16 anos
>já havia me envolvido com mais 3 garotas
>uma era morena
>o sorriso dela era lindo
>mas não gostava da voz dela, era excessivamente fina, então me afastei
>a outra era uma garota bem branquinha
>cabelos negros, olhos com um azul meio escuro
>gostava quase que das mesmas coisas que eu, só algumas coisinhas diferentes
>mas ela não tinha um corpo bonito, só seu rosto que era, então resolvi me afastar
>a outra era uma asiática
>ela era bonitinha, tinha um corpo bem bonito
>mas eu pessoalmente achava sua cultura totalmente estranha, provavelmente por ter vindo da Coreia
>19 anos
>me envolvi com várias garotas
>não entendia o motivo de não achar nenhuma que fosse ideal pra mim
>mesmo me envolvendo com mulheres de todos os tipos, não dava certo
>enquanto isso, meu melhor amigo Paulo achou uma garota incrível pra ele
>eles fazem bem um ao outro
>25 anos
>agora eu não consigo mais ficar com tantas garotas quanto antes
>terminei minha faculdade
>mas ainda não encontrei minha felicidade
>fico indignado quando vejo vários amigos meus casando, mas eu continuo sozinho
>inclusive o Paulo casou
>e a mulher dele, a Gwen, está grávida
>os anos vão passando
>continuo me afastando das mulheres que conheço pois sempre encontro algo que não combinamos
>meu amigo Paulo já tem sua própria família
>e eu, estou sozinho
>era uma sexta-feira
>depois de ter ficado estressado no trabalho, finalmente voltei pra casa
>eu estava cansado
>resolvi olhar um pouco as redes sociais
>vejo vários dos meus amigos com alguém em sua vida
>e sempre felizes
>não, não era uma felicidade falsa que todos colocam em redes sociais
>eu conhecia bem eles, eles estavam realmente felizes
>e eu... bem, sem ninguém
>não entendi o motivo de eu estar sozinho
>o motivo de não ter encontrado ninguém que eu julgasse combinar comigo
>eu fui num bar aquele dia
>era um bar estilo alemão, era bem bonito
>tomei vários copos de cerveja
>eu não estava chorando, mas, olhando no espelho do bar, percebi minha cara de merda
>era visível que eu estava triste
>até que uma hora, um motoqueiro bem punk que estava ao meu lado me cutuca
>ele perguntou o motivo de eu estar daquele jeito
>então eu desabafo tudo
>digo o quão fracassado sou por nunca ter encontrado a mulher dos meus sonhos
>enquanto todos meus amigos já haviam encontrado alguém
>ele então resolve falar
>e então faz a seguinte pergunta
>"será que você não está buscando alguém que só existe em seus sonhos?"
>ali tudo fez sentido
>eu estava buscando uma mulher utópica
>uma mulher que fosse 100% do jeito que eu queria
>sem nenhum defeito
>com nenhuma característica que eu desaprovasse
>...
>é impossível eu achar alguém exatamente com todas as minhas exigências
>eu poderia estar hoje com certeza com alguma daquelas garotas que já conheci
>mas por minha tolice, fiquei só
>e hoje, bem, já estou ficando velho
>acho que não tenho mais condições de encontrar alguém
>penso que não tenho mais tempo de arrumar a minha vida
>mas posso ajudar quem está lendo
>seja quem for que esteja lendo este recado
>valorize quem as pessoas são
>não as abandone por conta de uma coisinha ou outra que não te agrada
>afinal, ninguém é perfeito
>e você pode acabar perdendo pessoas incríveis por conta disso
>e pode acabar ficando igual a mim
>sozinho
>mas eu não posso culpar nada nem ninguém
>isso não é culpa do acaso, do universo, de alguma divindade, seja o que for
>a culpa é só minha