>ola
>meu nome é George Stinney Jr
>mas podem me chamar só de George mesmo
>hoje eu quero contar minha história a todos vocês
>eu nasci em 1929 em Alcolu, Carolina do Sul dos Estados Unidos
>tenho muitos irmãs e irmãos, e uma boa família
>todos somos negros
>e por algum motivo nas escolas eu não frequentava com as crianças brancas
>até mesmo na Igreja
>mas eu adorava ir a igreja
>eu sempre tive uma forte relação com Deus
>sempre me disseram que os justos e fiéis a Deus serão recompensados
>mas nunca fui fiel por recompensa, fui fiel porque ele é bom
>e sempre ando com minha bíblia
>mas o porque da separação de cores não me lembro bem
>parece que era uma lei chama Jim Crow
>eu nunca entendi o porque disso, mas tudo bem
>tudo corria bem, em casa, na escola
>eu tinha muitos amigos
>até um certo dia algo aconteceu
>23 de março de 1944
>duas meninas passaram de bicicleta em frente em casa
>uma chamava Betty e a outra Emma
>ambas eram muito gentis
>me perguntaram onde poderiam encontrar flores da paixão
>eu não sabia onde encontrar isso, mas desejei boa sorte
>no outro dia acordo com uma noticia terrível
>elas foram encontradas mortas perto de um rio
>eu fiquei chocado
>algumas horas se passaram alguém bateu no portão
>era a policia
>eu estava disposto a ajudar no o que fosse preciso
>mas eles me levaram para ser interrogado
>eu não estava entendendo nada
>estavam pensando que eu as matei
>não deixaram meus pais entrar no interrogatório
>após sairmos os oficiais falaram que eu confessei o crime
>mas eu não fiz nada..
>alegaram que tentei abusar sexualmente delas
>e quando me zanguei as matei com uma barra de ferro
>e acabei escondendo os corpos na lama
>mas eu não fiz nada disso...
>no dia seguinte fui acusado de assassinato de primeiro grau
>meu pai foi demitido do emprego e tiveram que se mudar da cidade
>a barra de ferro na cena do crime pesava 9 kg
>como eu de 40kg mataria ambas assim??
>a policia não tinha provas
>mas me levaram mesmo assim
>eu fui preso
>fiquei naquele lugar assustador sem ver meus pais
>fiquei sozinho por 83 dias..
>sozinho não
>eu tinha Deus
>sempre mantive minha bíblia comigo e sempre aleguei que era inocente
>ele não iria me abandonar
>eu tinha apenas 14 anos
>e finalmente chegou o dia do meu julgamento
>24 de abril de 1944
>não permitiram a entrada dos meus pais
>eu tenho saudade deles
>dos meus irmãos
>da minha casa
>de tudo..
>o júri era inteiramente composto por homens brancos
>todos estavam contra mim
>meu advogado não tentou nenhum contra-argumento
>nem chamou testemunhas
>ele virou pedra
>ele não estava do meu lado..
>emitiram o veredito
>culpado
>e sentença era essa:
>morte na cadeira elétrica.
>eu não acreditei
>Deus me deixou?
>não, não era possível
>ele estava comigo
>eu podia sentir
>16 de junho de 1944
>ás 19:30 da noite
>os oficiais me levaram até a sala de execução, o corredor da morte era pior que a cadeia..
>fui com minha bíblia debaixo do braço
>a cadeira era muito grande pra mim que só tinha 14 anos, magro e baixinho
>mas amarraram mesmo assim os equipamentos
>colocaram uma máscara na minha cabeça, eu tinha medo, uma sensação inexplicável...
>foram liberados 2,400 volts no meu corpo
>eu não me lembro do que ocorreu a partir dái
>mas testemunhas disseram que minha máscara caiu, e era possível me ver chorando e salivando de dor
>após 3 descargas elétricas chegou ao fim
>acabou
>era isso?
>tudo que eu conseguia ver era um enorme branco
>e alguém colocando a mão em meu ombro
>me devolvendo minha bíblia
>e então fui abraçado
>eu já não sentia mais dor, aflição, agonia..
>eu me sentia bem após muito tempo
>era Jesus, eu sabia que não estava sozinho
>sentei com ele e junto a ele assisti o passar da história
>pude ver e entender como o meu país me tratava pela minha cor
>e como levantaram pessoas que lutaram contra
>28 de agosto de 1963
>um homem chamado Martin Luther King discursou para uma platéia de 200 mil pessoas seu sonho
>seu sonho de que um dia brancos e negros viverão juntos
>mas o esperado aconteceu
>ele pagou com a vida por isso
>muito tempo se passou
>vi muitas coisas acontecerem
>parece que fizeram um filme inspirado em mim
>"A espera de um milagre"
>ele parece mostrar o verdadeiro lado da história
>isso me alegra
>vejo em 2008 um negro se tornar presidente do país que me executou por ser negro
>a situação parece realmente melhorar
>ué..
>perai...
>abriram meu caso novamente
>17 de dezembro de 2014
>após 70 anos, por uma mulher chamada Carmen Mullins que era a juíza
>eu fui considerado inocente
>uma hora ou outra a verdade sempre vem a tona
>mas quantos iguais a mim tiveram?
>quantos iguai a mim ainda tem?
>que são julgados apenas pela sua cor
>o mundo não mudou
>as pessoas não mudaram, elas apenas se camuflaram
>talvez não sejam executadas em salas de execução do governo
>mas nas ruas, nas casas, nas escolas, pessoas são executadas todos os dias pela sua cor
>talvez não no sentido literal, mas em ações
>o discurso de King se mantém atual
>e isso é triste.Gt feito sobre a trágica história de George, que ele seja lembrado, F.