1. Make Love, Not War.

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❝  I want you, I want you
I want you so bad
Honey, I want you. ❞

O rádio fazia com que a canção de Bob Dylan ecoasse pelo interior do carro, e enquanto Natasha cantarolava a letra da canção lenta que esbanjava romantismo e pura poesia, Steve se concentrava na estrada que era iluminada pelos faróis dos mais de trinta carros que haviam pelas redondezas, já que todos daquela estrada tinham o mesmo destino: Woodstock.

Faziam apenas uma hora e vinte minutos que haviam saído de casa, e Steve calculava bem o tempo com o relógio que sempre levava consigo no pulso direito, então em menos de duas horas estariam em White Lake, a fazenda de Bethel onde o evento ocorreria.

As minhas amigas falaram que vão ter mais de 400 mil pessoas no festival, você acredita, Stevie? Ás vezes as pessoas falam demais. ― Natasha resolveu puxar um assunto com Steve, já que horas de músicas já estavam se tornando entediantes.

Eu acho que é verdade, The Who, Janis Joplin, Jimi Hendrix e os outros nunca tocariam em um lugar com pouca gente, eles são famosos demais pra isso, você sabe. ― Naquele ano, todos aqueles artistas que tocariam em Woodstock eram imensamente populares, e os jornais não colaboravam na criação de uma imagem muito boa para eles, o que fazia com que a maioria das pessoas tivessem imagens negativas deles, principalmente como estrelas mimadas e ignorantes.

É, você tem razão...Mas não vejo a hora de ver o Jimi, ele é tão gostoso! ― Steve não se conteve e riu com a brincadeira da garota, mas logo o som de seu riso foi atrapalhado por um barulho alto, que fez com que ele se assustasse, e antes que pudesse dizer algo ou processar as informações, viu o motor parar e mesmo que tentasse tirar, colocar a chave novamente ou gira-la diversas vezes, nada parecia fazer o carro ligar.

Ok, acho que estamos fodidos. ― Completou Steve, com um tom de preocupação na voz, principalmente ao ouvir a fila de carros atrás de si buzinar diversas vezes, já que queriam avançar o caminho e chegarem ao destino ao amanhecer.
Infelizmente não parecia ter uma solução imediata ― e mesmo que houvesse Steve não pensaria naquilo de imediato, já que as coisas haviam acontecido tão rápido ― então apenas saiu do carro junto com a irmã e o empurrou com muito esforço ao acostamento para liberar a estrada e pensar com mais calma no que fazer naquela situação, já que não tinham nenhum telefone público por perto e não podiam chamar o seguro do carro, ou pelo menos avisar aos pais.

Tava bom demais pra ser verdade, droga... ― A ruiva parecia decepcionada já que o final de semana dos sonhos estava arruinado, então se encostou no carro e tirou um maço de cigarros do bolso, o acendendo e começando a fumar.

Em um dia normal, Steve a olharia com uma expressão confusa e a perguntaria por que diabos a garota estava fumando, mas estava tão preocupado que só se concentrava no motor do carro, e a situação que estava podia parecer bem deprimente já que todos carros avançavam a estrada e lá estava ele, com as mangas arregaçadas abandando a fumaça quase-escura que saía do motor do carro. Claramente não sabia como prosseguir, estava perdido com a irmã mais nova no meio do caminho e em um lugar que não conhecia bem, e se não fosse seu auto-controle já estaria vomitando de tanto nervoso.

Natasha, eu realmente não sei o que fazer...Acho que vamos ter que deixar o carro aqui e ir andando atrás de algum lugar com telefone público, ou vamos ficar aqui pra sempre. ― Não era a sua intenção dizer a verdade já que poderia causar pânico na irmã mas não conseguia pensar em nada melhor, e mesmo se escondesse aquilo uma hora teria que contar e seria pior.

Por que não pedimos carona, Steve? Você dificulta as coisas. ― Mesmo tendo um irmão mais velho, ás vezes se sentia muito mais inteligente que ele; e com razão.

Woodstock in my Mind | STUCKYOnde histórias criam vida. Descubra agora