—Por que não está la dentro? —Questionei, desperto em meio aos pequenos brilhos. As estrelas não eram bem visíveis por conta das luzes dos postes na rua.
A casa de Vanessa ficava em um morro proximo a cidade grande a tres quadras da minha. O bairro era uma enorme bagunça durante os dias de semanas, e aos fins todos se reuniam em bares no centro e festejavam com cerveja e álcool barato.
—Detesto hora do parabéns.
—Mas já cantaram.
—Eu sei —Ela sorriu de canto —E você?
—Detesto todas as horas.
—Vamos fazer um jogo —Naria sentou-se de frente para mim, cruzando suas pernas e parecendo uma criança animada.
—Qual jogo? —Forcei meus braços para poder ficar na mesma posição.
—Eu digo uma coisa sobre mim e terá que adivinhar se é verdade ou mentira.
—Tudo bem.
—Vamos ver. —Ela esfregou as mãos uma na outra e sustentou o olhar em um ponto qualquer, pensativa —Aos 5 anos de idade eu quebrei o punho e hoje ele faz um barulho esquisito toda vez que o rodo.
Observei seus dois punhos cobertos pela blusa de moletom amarela.
—Verdade.
Naria negou.
—Eu não quebrei eles, mas... —Ela ergue os dois braços e roda suas mãos. O barulho era de galhos secos sendo quebrados com facilidade, dava uma sensação ruim ouvir aquilo. —É legal pode falar.
—É esquisito, isso não doí?
—Não. Sua vez.
Visualizei alguma verdade sobre mim, ou uma mentira que poderia servir como algo real. Naria esperava, sem tirar os olhos dos meus.
—Sou fã de Senhor dos Anéis, desde que ganhei um livro do meu pai.
—Verdade —Ela basicamente gritou.
—Não.
—Como assim "não"? Você tem a maior cara de quem vê Senhor dos Anéis.
—Está enganada, bem enganada. Nunca nem se quer vi um filme ou trailer. E não conheço o meu pai, ou seja, é mentira.
—Não conhece seu pai? —Sua voz teve outro tom, baixo.
—Ele sumiu quando descobriu que minha mãe estava gravida.
—E como você se sente?
Dei de ombros.
—Normal. Não afetou em nada na minha vida.
—Certo, minha vez. —A garota deu um sorriso enorme —No meu primeiro show, eu bebi tanto que acabei vomitando na caixa de som e estraguei o show todo.
Isso era tão impossível de acontecer.
—Obvio que é mentira.
—É verdade. Na hora que eu vomitei fiquei tão desesperada que meu corpo pareceu entrar em pane. Acordei no dia seguinte, com meus pais gritando e dizendo que eu ficaria de castigo até ter maioridade para assumir as consequências de meus atos. —Naria contou com desdem revirando os olhos.
—Quantos anos você tinha?
—15.
—15 ANOS? VOCÊ É MALUCA.
—Estou mais para liberal. Vamos todos morrer de qualquer jeito não vamos?
—Usa isso como desculpa?

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Naria
Cerita PendekKennedy é pessimo em conversas e coisas que envolvam agir socialmente, mas tudo muda apos conhecer Naria durante uma festa de aniversario.