Prólogo - Perdido em ruas frias

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Medo, essa é a sensação que pulsa dentro do meu ser. Não consigo conter, todo meu corpo treme, suando frio, absolutamente em choque. Preciso correr, senão o maldito Dylan e sua seita do mal irão me encontrar.

Há exatamente sete dias, estava sem ter pra onde ir, recém-chegado na cidade e sozinho. Estava viajando para conhecer novos lugares. Sentado no banco de uma praça, tempo fechado, ia chover pra caramba. Ele então se aproximou, oferecendo-me ajuda, Dylan Shalamanov, um búlgaro, alto, forte, moreno, dragão tatuado nas costas. A princípio aceitei a ajuda e entrei no carro dele, porém, ele não disse aonde iríamos e só pediu que eu permanecesse calado para não tirar sua concentração ao dirigir.

Andamos por três horas seguidas, então vi a placa de entrada do Estado de Kentucky. Me assustei, mas continuei calado.

Dylan parou em frente um imenso portão antigo com estilo medieval e me convidou a entrar. Na frente da casa, um jardim e estátuas grandes de vários tipos de demônios, isso me causou arrepios dos pés à cabeça e ouriçou meu couro cabeludo. Senti uma energia pesada e ruim.

Antes de chegar a porta, ela se abriu sozinha, produzindo um ruído de madeira carunchada. Lá dentro era escuro, estranho, medonho. Então uma voz surgiu em meio ao vácuo.

— Hum! Temos visita? — uma voz firme feminina soou e a luz se acendeu, revelando uma sala grande com lareira, sofá de couro, bar, lustres e mais algumas estátuas horríveis.

— Olá, Anika Mitchell, esse é o Ryan Skyter. — Dylan nos apresenta.

A tal Anika é uma linda mulher de Phoenix, alta, magra, cabelos negros, curtos e lisos, a pele clara como porcelana, lábios carnudos vermelhos. Ela fez algo que jamais vi uma mulher fazer, me cheirou e lambeu meu rosto do lado esquerdo, deixando-me sem reação e, em seguida, desejou boas-vindas. Vai entender o comportamento louco das mulheres.

— Ryan, venha, quero lhe apresentar o restante da turma. — Dylan me convida a subir as escadas.

Lá em cima, uma porta de madeira fechada que ele diz ser o escritório de encontro. Ao abrir, fico surpreso com mais três pessoas que também moram na casa. Tatum Smith, irlandês, alto, másculo e cabelos loiros. Violet Morris, de Detroit, a mais baixa das mulheres, magra, cabelos loiros compridos, uma tatuagem enorme de caveira no braço direito e, por fim, Olívia Torres, de Houston, alta, cabelos ruivos compridos e pele muito pálida.

— Olha só, novo integrante do clã. — Tatum diz com um sorriso sacana.

— Obrigado por me receberem aqui. — digo, tentando amenizar a tensão.

— Venha, Ryan, vou lhe mostrar seu quarto para que descanse e tome um banho. — Violet segura meu braço esquerdo e me leva. O quarto é como nos castelos, cama com lençóis de cetim, cortinas de seda, banheira oval. Violet me deixa no quarto e desce. Tomo um banho rápido e me deito logo em seguida. Já passa da meia noite e meu corpo pede repouso.

A noite é extremamente estranha na casa. Ouço ruídos, barulhos indecifráveis, gritos horripilantes. Um verdadeiro inferno ou apenas minha imaginação fértil.

Os dias que se passaram foram bem tranquilos, porém, todos os dias, às cinco da tarde, os cinco moradores da casa se trancavam por horas no escritório e não me deixavam participar, o que era estranho demais. Foi aí que resolvi espionar para tentar ver o que realmente acontecia dentro do ambiente.

E foi na tarde do sexto dia em que eu estava lá que vi o que se passava. Novamente, às cinco da tarde em ponto, Dylan já esperava na porta, ansioso demais, em seguida, Anika e Tatum se aproximaram, eles três entraram e, um minuto depois, Violet e Olívia chegaram e, da mesma forma, a porta foi trancada como em todas as outras vezes. Para minha sorte, eu havia instalado uma micro câmera que conectaria mais tarde no celular.

Sonhador Adormecido (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora