Novas pessoas, novas histórias 7

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Chego à universidade e Sam me aguarda ansioso, Nathy também madrugou.

— Bom dia, resolveram acordar cedo? — Digo abraçando-os.

— Preciso lhe contar sobre a seita. — Sam diz com olhar sério.

— Conte-me logo então.

— Então, a tal "Seita Poison", que significa "Veneno", existe em várias partes pelo mundo. O integrante fundador fez um pacto com o demônio ao completar 33 anos, então ele se entregou e o próprio diabo escolheu o nome que a seita deveria ter. Cada pessoa que topar participar deve fazer também o pacto. Todos devem ter a idade de 33 anos e precisam tatuar um pentagrama no peito esquerdo, essa tatuagem é o talismã de proteção deles. A partir daí, a maldição é selada. O grupo escolhe um lugar afastado para morar e tem as datas certas de praticar magia negra. Para conseguir coisas menores, sacrificam os animais, mas, quando buscam a imortalidade, minha irmã, sacrificam pessoas na maior brutalidade. Os rituais envolvem velas, círculos de fogo, pentagrama de cinzas ou carvão e materiais de corte, como punhais, facas, facões, bisturis. Usam pouco ervas. O chefe sempre fura o punho no início dos ritos e oferece para todos os integrantes beberem. A maior parte dos rituais envolve sexo, drogas, automutilação. Mais curioso ainda, Kallyna, é, se alguém ousar sair da seita, é o próprio demônio que o busca, mas também tem algo mais forte, se alguém for capturado por eles para ser sacrificado e este tiver o coração puro, Deus o livra e algo extraordinário acontece para que essa pessoa seja tirada das garras da seita. Hum, acho que falei tudo. Ops! Faltou a parte mais doida. Toda seita do mal tem um animal que é escolhido para ser mascote e espião. No caso da "Poison", é a coruja negra. Esse animal é sacrificado quantas vezes forem necessárias se os integrantes não conseguirem outro animal, mas, detalhe, esse mascote volta a vida todas as vezes que é morto pela seita e vem mais forte, com olhos, ouvidos e faro aguçadíssimos. Quando alguém foge da seita sem ser sacrificado, no caso de pessoas de coração puro, o demônio ordena que a seita não pare de procurar a tal pessoa para matá-la. O espião vaga por anos à procura dessa pessoa. — Sam se cala e olha pra mim.

— Meu Deus, agora muita coisa faz sentido! Meu Sonhador não foi tirado de lá por acaso, esse tal velho do guarda-chuva apareceu para salvá-lo. Essa coruja sabe de mim, por isso anda espionando. Outro dia ela tentou tomar uma carta da minha mão, eu ainda não conhecia vocês. Fiquei dias com a mão doendo onde a unha dela cortou.

— Mas calma, amiga, tudo irá se ajeitar, estamos aqui para ajudar você e o Sonhador nessa busca pela liberdade. – Nathy me abraça forte, não consigo conter as lágrimas.

— Pare de chorar, Kallyna, vá ao banheiro e lave o rosto, precisamos entrar para a sala.

Vou com Nathy ao banheiro, lavo o rosto, tomo água e seguimos para a sala. O professor Anthony entrou na sala junto com um rapaz alto bem magro, vestindo calça preta bem justa, camiseta de banda de rock, coturno, moicano roxo, tatuagem no pescoço, alfinete na orelha, resumindo, um cara bem punk.

— Atenção, turma, esse é o seu novo colega de sala, o nome dele é Guilherm Harvey. — Toda turma aplaude e diz "Seja bem-vindo" em uníssono. Ele se senta ao meu lado, me olha e já abre aquele sorriso, e eu correspondo.

— Hum, vi seu olhar para o Guilherm. — Nathy diz.

— Nada disso, eu amo meu Sonhador.

— Ah, você nem o conhece, vai que é o destino.

— Conheço sim, por sonhos.

— Muita atenção, turma, hoje falaremos da história da arte. — O professor Anthony começa a aula, Guilherm já responde um monte de perguntas, percebe-se que ele é inteligente.

Sonhador Adormecido (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora