Capítulo VII

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 Suas pernas começaram a tremer e seu coração acelerou-se no peito. Passo a passo se afastava do grande pirata a sua frente, quase vacilando e caindo. Mattew sabia que era um pirata de verdade e sabia o que piratas de verdade faziam. Precisava ser forte mas também tinha medo. Kaled passava pelos corpos desacordados de seus companheiros, pisando em suas cabeças ou chutando-os para fora de seu caminho. Sua expressão era sádica e seu olhar claramente viajava pelo convés procurando o que saquear primeiro.

 — É muito grande, é perfeito. É filho de quem que navega nesta beleza?

 — E...Eu.... Mattew, filho de....

 — SIRENE! — Interrompeu Kate — Somos filhos dela!

 — K-Kate!? — Matt estava assustado e perdido demais.

  Kateryn aproximou-se o suficiente para sussurrar no ouvido de Mattew.

 — Não é bom entregar sua identidade ao inimigo. Não se preocupe com Sirene, todos sabem que ela nunca pagou o resgate de um filho sequer.

 O jovem capitão entendeu seus motivos e concordou dando tapinhas nas costas de sua "irmã".

 — Somos filhos de Sirene e roubamos este barco de sua frota! — Exclamou.

 Baehrius estava nervoso demais para reagir, então ninguém esperou que concordasse com o plano.

 — Pode levar o barco mas lidará com Sirene em suas costas. — Kateryn era definitivamente valente e sabia como intimidar mesmo sendo mirrada como era.

 Kaled recuou ao ser confrontado pela garota, parando pouco antes de se aproximar deles. Ergueu a cabeça, observando o céu exposto na abertura da muralha. Retornou a olhar para o grupo de piratas e num só movimento rápido, agarrou Mattew pelo pescoço, levantando-o ao ar e fazendo com que largasse sua espada ao chão.

 — MAS IMAGINE COMIGO, FEDELHA! — Sua voz agora adquiriu um tom perverso e carregado de ódio. — Se eu entregasse três ladrõezinhos e um barco roubado, que riquezas ela me daria em troca!?

 O pânico tomou conta de seus corações. Mattew se debatia sendo sufocado, usando sua força restante contra o braço musculoso de Kaled, sem resultados. Kate sabia que não podia ajudá-lo naquela situação, ajoelhando-se sem esperanças, suplicando por misericórdia. Nada havia na mente do membro mais novo a não ser medo. Definitivamente não era como queria terminar sua vida de pirata que mal havia começado, não podia aceitar isso tão facilmente. Pensou em seu pai e como aquilo tudo era culpa dele. Baehrius perderia a única coisa preciosa que tinha desde que nasceu, a própria vida livre. Não teve tempo de ser grato por ela pois assim que ousou navegar com seus únicos amigos.... era isso que acontecia. Amigos... também conseguiu amigos, por mais que esse seja o fim deles também. Entendeu que não havia um culpado, afinal, seu destino era definitivamente ingrato. Ou não. 

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  Kaled se divertia vendo como Mattew mudava de cor conforme suas energias se esvaiam do corpo, porém, enquanto gargalhava, ouviu um grito estridente do lado de fora. Soltou o garoto que caiu como um boneco ao chão, tentando prestar atenção no que ouvia. Nesse momento, todos sentiram o impacto de outro navio colidindo contra a Muralha Marítima. Diversos piratas e capangas do bando de Kaled fugiam do navio e gritavam desesperadamente:

 — É o Anjo! O Anjo!

 E ouvindo isso, o humor de Kaled mudou tão rápido quanto os ventos do oceano, uma expressão amedrontada sobressaiu ao seu sorriso. Agarrou-se rapidamente ao mastro do navio e o escalou de forma sobre-humana. Mattew, mesmo fraco, obteve energias no meio desta mudança de marés e correu para uma abertura de canhão na parede da muralha. Kate e Baehrius despertaram com o impacto e logo faziam o mesmo. Tudo que podiam ver era uma embarcação branca com um grande anjo talhado ao casco que quase irrompera a Muralha. Sua tripulação agia contra os vilões que fugiam com espadas longas e cruzes nos trajes.

 Alguns tripulantes do que chamaram de Anjo subiram a muralha e gentilmente ofereceram ajuda aos garotos. Levaram-os para um segundo barco ainda maior para que fossem apresentados ao capitão Agenorius Venera, um padre conhecido por expurgar piratas malfeitores. 

 — Aquele era Kaled, procurado pela Igreja devido a saques e outros crimes a lugares sagrados— Dizia Agenorius. — Espero que possam colaborar em nossa caçada com vosso relato. Gillian!

 Ao chamar por esse nome, a porta de sua cabine foi aberta por uma garota alta de cabelos loiros e trançados. Agenorius convidou-a para aproximar-se e colocou suas mãos esguias sobre seus ombros.

 — Essa é Gilly, minha filha. Acredito que se sentirão mais à vontade com alguém de sua idade.

 Kateryn observou-a dos pés à cabeça e sentiu calafrios com sua falta de expressões e frieza. Seus óculos quadrados lhe davam um aspecto ainda mais sério.

 — Sejam bem vindos ao Pacificador. —Disse repentinamente. — Temos um herege para capturar, sigam-me.

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⏰ Last updated: Apr 03, 2019 ⏰

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Um Conto Sobre o Mar, os Barcos Sobre Ele e os Homens Sobre AmbosWhere stories live. Discover now