Capítulo Três

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– De novo dando para trás e não vai conosco na confraternização? – Helena de braços cruzados, encostada no seu carro, olhando desconfiada para sacola com caixa de presente embrulhada dentro que Flora estava dando.

– Não é isso Helena, eu tenho compromisso antes de ir – mentiu Flora tentando ser convincente. – É por isso que quero que leve o presente do meu amigo secreto para mim... se acaso me atrasar por lá e acabar chegando tarde demais para brincadeira.

É óbvio que Flora iria fazer com que o seu compromisso imaginário, acabasse fazendo-a perder toda a confraternização.

– Ah Flora, deixa seu compromisso para amanhã... você prometeu que iria.

– Eu vou Helena, depois...

– Não Flora, você vai comigo no meu carro, eu vou escoltar você até lá. Por que esse compromisso de última hora? Hum, está cheirando desculpa esfarrapada para não ir –indagou Helena perspicaz – Poxa Flora, você nunca participa de nada conosco, sempre convidamos para sairmos para se divertir em algum lugar e você inventa uma boa desculpa para não ir.

– Você sabe que não sou uma pessoa que curte sair à noite, prefiro ficar em casa –afirmou Flora.

– Eu sei e por isso que parei de insistir pra sair conosco. Mas não ir numa confraternização que acontece uma vez ao ano, que só vai ter nós professores que trabalham juntos o ano inteiro. Até foi proibido levar acompanhante, para não ter nenhuma pessoa estranha no nosso grupo. Vamos lá Flora, eu tenho certeza que você vai se divertir a valer e nem precisa ficar noite adentro na confraternização, na hora que você quiser ir embora, te levo para casa... Prometo.

Helena garantiu para convencer Flora a ir na confraternização.

Quando chegaram ao bar não havia mais nenhuma mesa desocupada no lado de fora, o lugar estava lotado, também o bar era o point conhecido como "Happy Hour", parada obrigatória para reunir turma do trabalho para beber no final do expediente.

Flora e Helena encaminharam para dentro do bar, no canto havia quatro mesas juntas onde aconteceria a confraternização, muitos professores já estavam sentados em volta delas, bebiam e conversavam num bate-papo bem animado e cheio de risadas. Flora cumprimentou polidamente os outros professores e sentou numa cadeira desocupada bem ao lado Helena. O garçom rapidamente apareceu para atender ao pedido das duas, Helena pediu um Chopp. Flora que não colocava uma gota de álcool na boca, preferiu um suco de laranja natural. Não demorou muito e Eder com Thalita agarrada no seu pescoço, apareceu.

– Olá pessoal – cumprimentou alegremente Eder.

– Estão atrasados – disse Helena de bom humor.

– É culpa da Thalita, vocês não têm ideia de como mulher demora a se vestir.

– Quem manda você querer que eu fique nua a toda hora – cantarolou Thalita com voz melosa.

Todos da mesa riram com malícia, menos Flora, que se limitou a dar um sorriso forçado.

– Flora, você veio – reparou Thalita com olhos cravados nela.

– É o que parece – respondeu Flora.

– Eu trouxe Flora arrastada – informou Helena sorrindo.

– Que bom... Essa confraternização não seria tão divertida sem a sua ilustre presença! – zombou Thalita, com um olhar perverso que fez involuntariamente o coração de Flora dar um pulo, bem apreensivo.

Flora entrou no seu apartamento, fechou a porta, encostou-se a ela, olhou em volta e apesar de já passar das oito da noite, o sol demorava a se pôr no verão, vestígio do dia que ainda clareava o ambiente com luz natural, silêncio total dominando o lugar, tudo estava do jeito que deixara hoje cedo. Uma xícara esquecida em cima da bancada de granito que dividia a sala e a cozinha continuava lá; saiu apressada e não deu tempo de lavar a xícara e colocar no escorredor como era de costume, todas as manhãs.

DEIXAR DE SER VIRGEM: Encalhada SolteironaOnde histórias criam vida. Descubra agora