Elizabeth Potter - lendo o futuro

Capítulo 1: A serva mais fiel (reescrito)

"A deeper dive
Eternal silence of the sea"

➿

Capítulo 1: A serva mais fiel...

Nem mesmo os olhos mais atentos naquela noite poderiam enxergar a silhueta da jovem mulher, parada em pé,  dentro daquele cômodo escuro.

Seu corpo franzino parecia se curvar a cada respiração, mas suas feições não demonstravam qualquer dor, seu rosto limpo de qualquer expressão encarava fixamente o espelho a sua frente.

A luz da lua, inundava o cômodo com deleite, iluminando o suficiente para revelar seus logos cabelos escuros e sua pele tão branca quanto papel.

O barulho de passos, e a voz de dois jovens rindo do lado de fora, pareciam um distúrbio suficiente para quebrar o profundo silêncio daquele lugar, ela no entanto, não parecia se importar.

Encarava seu reflexo com tamanha intensidade que qualquer um que visse de fora, sentiria um desconforto tremendo.

Lily franziu o rosto confusa.

De todos naquela sala, ela era provavelmente quem tivera menos interações com a Potter. Era estranho ela ter sido uma das escolhidas para estar ali.

Sua imagem revelava uma pessoa magra, desnutrida. Seu corpo esguio coberto por uma longa capa preta, parecia ter dificuldade em se sustentar. Uma de suas pernas sustentando todo o peso de seu corpo, enquanto a outra, encharcada de sangue, não parecia mais que um peso morto.

Narcisa sentiu seu coração pular uma batida.

-Por Merlin- sussurrou Régulos, olhando brevemente para a prima, que devolveu-lhe um olhar preocupado.

Seus braços, traziam consigo profundos arranhões e suas delicadas mãos tremiam conforme gotas daquele líquido vermelho escorriam por elas, passando por suas unhas quebradas, trazendo um arrepio com o ardor ao encostar em sua carne e pingavam no chão.

-O que está acontecendo?- perguntou Narcisa para ninguém em específico.

Régulos apertou seu ombro tentando transpassar conforto, mas suas próprias feições entregavam o quanto ele estava tenso.

James, do outro lado, engoliu em seco.

A imagem da jovem garota no entanto, não seria o motivo para assustar os desavisados. E sim seus olhos, tão azuis quanto o mar, que ali, refletidos no espelho, eram tão negros quanto a escuridão.

-O que?- exclamou Sirius arregalando os olhos.

Remus parou a leitura por alguns segundos, seu rosto franzido conforme encarava o livro.

E então como um distúrbio, seu reflexo inclinou levemente a cabeça, como se quisesse alongar seu pescoço e piscou para ela.

-Bizarro- sussurrou Sirius.

-Você fez tudo o que pedi- disse ele, com uma voz que não era a dela.

- Muito bizarro- completou Sirius.

Severus cruzou os braços, seu senho se franzindo.