Capítulo 4

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Depois daquele pequeno discurso de Val Seymour, a noite perdeu totalment,e a
graça. Os camarões flambados no conhaque estavam tnagníficos, mas, para Lucille, era a mesma coisa que estar comendo papelão.
A conversa, se é que houve uma, girou em torno dos temas mais impessoais possíveis. Eles falaram a respeito da economia do país, de política mundial e, acreditem se quiser, sobre o tempo.
- Tem chovido muito, não é?
- E, parece que o índice pluvial tem aumentado no mundo todo.
- Coisa estranha, não é?
- E verdade. Acho que vou comprar ações de alguma fábrica de guarda-chuvas.
Na hora em que a sobremesa foi servida, Lucille sentia vontade de subir pelas paredes. Queria estar em qualquer outro lugar, menos ali. O clima gelado naquela mesa era insuportável.
Val a olhava com tanta indiferença, que era como se ela fosse a mulher mais sem graça e sem importância do mundo.
Você toma um café? - ele perguntou com um ar distraído, quando o garçom apareceu para retirar os pratos.
Não, obrigada. A cafeína não me faz bem à noite.
Interfere no meu sono.
Um licor, entào? Um conhaque?
-- Não, obrigada.
Ele então virou-se para o garçom. --- A conta, por favor.
Cinco minutos depois estavam no carro de Val, a caminho do apartamento de Lucille.
- Olhe, não precisa se incomodar com as compras amanhã ele disse, entrando em sua rua. - Eu mesmo posso cuidar de tudo sozinho, via Internet.

Aquilo fez com que ela se sentisse ainda pior. Se é que aquilo era possível.
- Mas e se Erica me fizer alguma pergunta? O que eu digo?
- Diga que fez as compras normalmente. Ou diga que não fez. Ora, Lucille, invente o que bem entender! Não. Não dava mais para suportar tanto pouco-caso. Ou a indiferença dele, talvez?
Olhou bem dentro de seus olhos.
- Por favor, Val, não fique bravo comigo.
Ele deu um suspiro.
- Não estou bravo com você. De verdade. Acho que estou bravo comigo mesmo, isso sim. Passei quase toda a minha vida adorando um homem que não merece sequer meu respeito. Bem, chegamos. Você quer que eu a leve até a porta?
- Só se você quiser.
- Se fosse por mim, eu a levaria até bem além de sua porta. - Ele deu um sorriso amargo. Mas como lhe disse antes, não costumo ir onde não sou desejado.
Lucille voltou a encará-lo. Podia despachá-lo e es quecer que um dia o conhecera. Ou então, aceitar o que ele estava lhe oferecendo. A decisào era so dela.
O que era mais importante? Seu orgulho ou a atração física que sentia por aquele homem? Se fosse para
a cama com Val Seymour, era provável que se arrependesse no dia seguinte. Porém, algo parecia lhe dizer que, se não o fizesse, teria de amargar dimento que duraria por toda a sua vida.


Então , numa fração de segundo, ela fez a sua escolha


- Você gostaria de subir e tomar um café comigo?


Ele olhou para ela, surpresa e confusão estampadas


em seu rosto.


Eu pensei que você tivesse dito que não costuma tomar café noite. Que a cafeína interfere no seu sono.


_E verdade. Mas quem disse que eu quero dormir essa noite?


Val Seymour pareceu ainda mais surpreso e confuso - Você é uma mulher muito complicada, - E você conhece alguém que não seja?


Algumas pessoas são mais complicadas do as outras.


- Bem, você vai subir ou não ?


Ele soltou o cinto de segurança e abriu a porta do carro - O que você acha?


Momentos depois, ao entrarem juntos no elevador, a gravidade de seu ato atingiu-a com uma força creditável. Estava prestes a ir para a cama com Seymour, um dos playboys mais cobiçados do país. Ele iria beijá-la, tocá-la, despi-la...


Um arrepio violento perpassou-lhe pelo corpo.


- Está com frio, meu anjo? - ele sussurrou seu ouvido. - Não se preocupe. Você vai ficar aquecida noite inteira.


Ela teve de reprimir um gemido. Como ele era confiante! Como era seguro de si!
Enquanto que ela...


Que tipo de amante ela seria?


Bem, houvera um tempo em que havia se considerado uma boa parceira de cama. Os dois namorados que tivera antes de Roger Swanson nunca havia reclamado. O próprio Roger também nunca se queixava. Ao contrário. Os momentos passados a sós eram agradáveis e gratificantes. Até que tudo começara a mudar... na cama e fora dela.


Desceram do elevador e entraram no apartamento


de Lucille.


- Posso saber no que está pensando? - perguntou ele, no momento em que Lucille acendeu a luz.


- Hã... Em nada de importante.


Você está com uma cara meio estranha.


E que... eu estava me lembrando do meu ex-marido.


- Então trate de esquecê-lo e me dê um beijo.


O arrepio voltou com ainda mais força.


- A... agora?


- Claro. Acho que não consigo esperar nem um minuto a mais.


Ela sentou-se no braço de uma poltrona, sentindo uma enorme insegurança dentro de si.


- Eu... acho que estou um pouco destreinada.


- Destreinada? Como assim?


- Eu... eu... Eu não beijo ninguém desde o meu divórcio. Nunca mais fiz sexo desde então. Eu estou com medo de decepcioná-lo, Val.


Ele deu um sorriso.


- Eu garanto que não vou ficar nem um pouco decepcionado.


Dizendo isso, tomou-a nos braços e a beijou.


Lucille sabia que ele devia ser um amante apaixonado graças a seus genes latinos. Só não podia ter imaginado a intensidade de tal paixão.


Ele não a beijaria apenas com os lábios ou com a língua. Suas mãos estavam por toda parte, acariciando, apertando, moldando-lhe o corpo contra o seu. Foi uma experiência fantástica, para a qual ela não estava preparada. Vagamente, percebeu que ele a tomara nos braços e a levava para o quarto.



Beijos Ao AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora