Punição de Beijo Triplo

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Um leve afago em seus cabelos foi o suficiente para fazê-lo despertar. O jovem ainda sonolento abriu as pálpebras, sentindo a mão calorosa afastar gentilmente os fios de seu rosto. Quando sua visão se focou, a primeira coisa que viu foi o sorriso.
— Bom dia, querido.
— Ah — murmurou, desconsertado com o fato de que em seus sonhos, outras duas pessoas lhe faziam essa carícia. — Bom dia... Mãe.
— Como está se sentindo hoje? — perguntou em seu tom amável.
— Uh, melhor — respondeu, apoiando os cotovelos no colchão para levantar seu tronco e fitá-la diretamente. Com o movimento, uma pequena pontada de dor surgiu em seu canal, e seu rosto contorceu-se involuntariamente numa careta.
— Não se esforce — disse a mulher. — Tem certeza que não quer ir ao médico, Jungkook? Não é normal sentir essas dores no estômago por tanto tempo.
Dor no estômago, claro. Fora essa a desculpa que usara para sair da escola mais cedo, a mesma contada para faltar a aula por dois dias seguidos.
— Eu estou bem. — suspirou,​ ​cansado. Ela pareceu aceitar sua resposta, afastando-se do garoto e começando a andar pelo quarto.
— Como você conseguiu dormir tanto? O almoço já está pronto! Esse horário era para você estar chegando do colégio. — Enquanto falava, a mulher abriu as cortinas, permitindo que a claridade invadisse o recinto e ferindo os olhos do pequeno garoto, que tentou cobri-los com o antebraço. — Estou surpresa por não ter acordado com tanta gritaria! Você não ouviu nada?  — O garoto balançou a cabeça negativamente, ainda desnorteado com a luz. — O filho da vizinha é gay! Ah, que bom que eu nunca te deixei brincar com ele!
Ela pronunciou com desgosto, dando tanto ênfase à palavra como se fosse a pior coisa que alguém poderia se tornar. Jungkook apoiou o braço na cama novamente, encarando a mulher com um misto de tristeza e decepção.
E se sua mãe descobrisse sua opção sexual? Pior, se descobrisse o que fez com dois colegas de classe?
— O que aconteceu? — questionou o garoto, tentando esconder o medo em sua voz.
— Ela o expulsou de casa — falou, indo em direção à saída. Você também expulsaria o próprio filho? Mas aquela mulher era tão preconceituosa que Jeon não duvidava que a resposta fosse "sim, com certeza", por isso conteve-se para não perguntar. — Quando estiver pronto, desça para comer. Argh! Gays são nojentos. — Pôde ouvi-la dizer enquanto desaparecia pelo corredor.
Jeon afundou o rosto no travesseiro, sentindo o coração apertar e as lágrimas começarem a surgir em seus olhos. Por quê?
Não conseguia compreender. Por que ele tinha que ser assim? Por que sentia atração por outros caras? Ser gay era errado, não era? Então por quê? Não poderia lidar com a expressão de decepção e nojo que sua tão adorada mãe faria quando descobrisse. Tudo o que fazia para tentar compensar — suas boas notas, seu status como presidente, além de diversas outras coisas — não valeriam de nada.
Porque Jeon Jungkook era nojento.
A homofobia de sua mãe sempre fora aparente, o que sempre o amedrontou, já que sempre estavam lhe perguntando de seus relacionamentos. Durante alguns anos, usava o argumento de ser ocupado demais para estar apto a envolvimentos românticos. Mas a verdade era nítida, e dois dias atrás teve a certeza que eram homens quem despertavam sua atenção.
Nem as cartas, chocolates e maquiagens femininas traziam-lhe interesse. Rejeitara váios pedidos, não entendendo o porquê de tudo aquilo. Elas eram bonitas, sensuais e até atraentes, então… Qual era seu problema?
Recostou as costas sobre os travesseiros fofos, apertando os dedos pelos lençóis que cobriam suas pernas. Fitou o teto, tendo a visão embaçada por lágrimas quentes. A dor em seu canal era nada perto da de seu peito, temendo a rejeição da mãe.
Arfou, pensando em o quão terrivelmente tudo ao seu redor poderia acabar, apenas por ser gay. Tudo, escaparia de suas mãos, afundaria, caso desse a entender que gostava de garotos.
Seria abandonado?
E como aqueles dois conseguem viver, com a mente nublada pela opressão que sofreriam caso fossem descobertos? Como diabos conviviam, e se arriscavam, sabendo das consequências? Como podiam seguir com tal situação, sabendo que eram… Gays?
Repreendeu-se diversas vezes, sendo preconceituoso consigo mesmo, onde o desconforto do reto o lembrava daquele dia, a cada latejação de suas paredes anais. Encostando a cabeça na parede, e, pensativo, deixou as maçãs do rosto corarem ao remeter-se há dias atrás.
Os gemidos, espasmos, saliva…
Abraçou o corpo, apertando-se no apego, comprimindo a vontade e o desejo por mais sexo. Por mais deles. O que pensariam de si? Poderiam estar apenas brincando consigo, enquanto este, morria de amores…
Então, num súbito, entreabriu a boca, deixando os cabelos lisos escorrerem para trás. Fechou fortemente os olhos, permitindo o calor tomar conta de seu semblante. Quem sabe mais uma vez…?
Molhando os lábios, pôs-se a apertar o membro, remexendo as pernas, ao colocar o indicador sob as calças escuras de inverno, bem em cima de sua glânde. Pressionou a ponta do dedo ali, forçando até mesmo a unha levemente, apenas para causar mais vontade.
—​ Ahn… —​  mordeu a língua, passando a cobrir todo o pênis com a mão direita, esfregando o dedão numa das veias já dilatadas.
Iniciou-se uma das únicas masturbações que já fizera; ágil, desejosa, privativa e intensa. Percorria os dígitos sobre todo o pau, fazendo-o crescer instintivamente, tornando a respiração de Jeon descompassada. Fazer aquilo sem poder enxergar era incrível, e poderia fantasiar com seus hyungs em sua mente suja.
Ali, ninguém teria acesso…
—​  H-hoopie… —​  salivou, relembrando das estocadas violentas do atleta em seu interior. Suas mãos firmes o puxavam para baixo, para que cobrisse todo o membro do moreno.
E quanto aquela tatuagem de escorpião? Ah, a tatuagem…
Lembrava-se de querer lambê-la perdidamente. Torneava seus músculos em sua imaginação, seu abdômen definido, molhado de suor após derrubar mais um adversário em quadra. Comemorando mais uma enterrada na cesta, deixando todos hipnotizados com força de Hoseok. Ahn… O capitão… Dentes semicerrados após mordiscar a pele alva de Jungkook…
Era tudo o que ele queria.
A ditação rápida de seus movimentos começara a fazer efeito quando o seu estômago queimou em ardência e seu quadril tornava tudo ainda pior, pedindo por um complemento em seu ânus ainda dolorido.
Sim, ainda doía, latejava. Mas somente aqueles dois poderiam tornar a dor em algo prazeroso. Com esse pensamento, desceu a outra mão, enfiando-a na calça para alcançar sua entrada.
E seu loiro?
Suas ações involuntárias, despreocupadas e destemidas mexiam consigo. O olhar carnal sobre si, avaliando cada curva de seu corpo, mesmo trajado ao suéter azul marinho que sua mãe lhe dera. As pupilas do rebelde encontravam um corpo necessitado por sexo à quilômetros.
Os lábios carnudos o fazia tremular as pernas, somente de imaginar a boca de Namjoon ao encontro da sua já era quase o suficiente para quase fazê-lo gozar. Necessitava roçar os dedos em suas orelhas cheias de brincos, percorrer as unhas curtas em suas costas nuas.
—​ Joonie-aah… — Penetrou dois dedos de uma vez.
Como queria poder encontrar seus dominadores agora…
Se eu não posso ter, nada me custa ficar imaginando.
Suas costas arquearam involuntariamente quando chegou ao ápice, e seu ânus se contraiu ao redor de seus dedos. Mordiscou o lábio inferior na tentativa de evitar um gemido, porém os pequenos grunhidos manhosos eram inevitáveis de se conter. As pálpebras pesaram, então piscou, para apreciar a sensação de prazer acompanhada de um leve tremor nas pernas enquanto o líquido esbranquiçado de seu gozo escorria para fora de seu pênis, sujando sua mão e roupas.
É ainda mais trágico quando ele sorri...
Pendeu a cabeça para trás, alcançando novamente seu travesseiro macio. Engoliu toda a saliva em excesso que havia se formado em sua boca para em seguida suspirar lentamente, percebendo então que sua respiração se encontrava mais densa que o habitual e o coração martelava veloz dentro do peito. Um pequeno sorriso se formou enquanto retirava os dedos de seu interior e soltava a outra mão de seu membro.
Aquilo era tão bom...
Entretanto, não teve mais tempo para se deliciar com tal sensação. A porta de seu quarto fora aberta sem quaisquer anúncios, assustando o garoto, que instintivamente sentou-se ereto sobre o colchão. De olhos arregalados, fitava sua mãe, temeroso.
— Jungkook! — exclamou a mulher, franzindo as sobrancelhas. — Você está vermelho — proferiu, aproximando-se da cama e colocando as costas de uma de suas mãos sobre a testa do garoto, agora confuso. — E quente!
— Ahn, eu... — Não possuía a menor ideia de como poderia explicar isso.
— Você vai ao médico — interrompeu, em tom autoritário.
— Eu ouvi médico? — Uma terceira voz surgiu, fazendo mãe e filho direcionaram sua atenção para a fonte dela: um garoto ruivo com expressão preocupada parado na entrada do quarto. — Está tudo bem com você, Jungkook?
— Sim — respondeu.
— Não — disse a mulher em uníssono, fazendo o garoto rir. Ela suspirou. — Jimin estava na cozinha comigo esperando por você, mas parece que você decidiu não ir comer.
— Surpresa! — falou o ruivo com um sorriso, enquanto balançava ambas as mãos na altura do rosto. — Estou aqui para te ver, já que decidiu largar a escola e parar de responder minhas mensagens.
— Desculpe — Apesar do tom zombeteiro, sabia que o amigo estava chateado. Jeon sorriu torto em sua direção, para em seguida fitar a mulher. — Mãe, pode nos dar um minuto?
A mais velha virou os pés para fora da porta, ainda com o olhar pesaroso sobre o filho que ainda permanecia com as maçãs faciais coradas ao carmesim. Mas quem sabe uma conversa com o melhor amigo o ajudaria?
Se tinha uma pessoa que poderia ajudar seu pequenino, era Park Jimin. Ao menos, era o que a Sra. Jeon imaginava. Atrás de si, fechou a porta, dando privacidade aos mais novos.
—​ O que você tem? Como ousa me deixar sozinho naquele inferno que as pessoas insistem em chamar de escola!? —​ começou, colocando as mãos sobre os quadris bem desenhados.
—​ Olá para você também, Jimin. —​ apertou a ponte do nariz, acalmando-se com a reação costumeira do amigo.
—​ Parece febril, e sua respiração está ofegante. Sua mãe tem razão pelo seu estado, deveria consultar um…
—​ Preciso de sua ajuda —​ começou Jeon, normalizando o estado elevado de excitação em seu sangue —,​ não posso dizer o que é ainda mas… É complicado, porém eu só tenho a ti…
—​ Começou, termina. —​  sentou-se na beirada da cama, prestando atenção nas pupilas dilatadas do moreno —​ Quando pisei aqui dentro percebi que havia algo errado, você chorou, certo?
Ele era incrível.
—​ E se sua felicidade fosse… Errada? Se fosse algo ilícito, ruim, que os outros não aceitariam? —​  engoliu em seco, apertando os lençóis.
—​ Na verdade, nunca me importei muito com o que diabos os outros pensavam. Se me fazia feliz, era o bastante. Quem tem de estar satisfeito, sou eu, não eles. —​ acentuou o queixo com o indicador, pensativo.
—​ Mas se te julgassem, dessem opiniões não desejadas, se tornassem sua vida um inferno pelas escolhas do que te faz bem? Caso apontassem o dedo na sua cara apenas pelo que você quer ser, pelo jeito como escolheu ser feliz? —​ inclinou-se para frente, jogando o corpo para poder ver melhor o semblante do ruivo.
—​ Usar drogas é errado, sim? —​  observava curioso a expressão corpórea do outro. —​ Mas, para mim, só é ruim, se eu concluir que seja. Como não passei pela experiência, não afirmo muita coisa.
—​ Jiminnie… —​ jogou a cabeça pelo ombro do melhor amigo. —​ Isso vai acabar comigo…
—​ Mas o que poderia tirar toda a concentração do presidente do grêmio? —​ perguntou caridoso. —​ O que poderia te derrubar a ponto de faltar dois dias inteiros por uma dor de barriga repentina? —​ arqueou a sobrancelha.
—​ Minha felicidade está se tornando uma droga, um vício, obsessão. E tudo que vicia, não pode ser bom. Temo ser julgado e incompreendido por amar o “errado”...
—​ Jungkook. —​ chamou-o, onde este levantou os orbes, choroso —​ Infelizmente, o único meio de nos livrarmos de uma tentação, é cedendo a ela. —​ sorriu, sem saber o quão pecaminoso estava sendo.
—​ Como pode me apoiar, sendo que pode não concordar com o que posso fazer…? —​ levantou-se da cama, pouco se importando se sua ereção estaria aparente pelas roupas.
O dia estava frio, mas apesar do tempo, não chovia como costumeiro para aquela época. A cortinaça escorria pela janela de maneira suave, impedindo que pouca parte dos raios de sol sobressaísem sobre o quarto. Virando-se para o vidro úmido, recostou as mãos sobre a superfície, estático com a visão da rua, perdendo o pouco oxigênio que residia em sesu peito.
Namjoon e Hoseok.
—​ Conheço-te há tempos. Não é de fazer algo impensado, caso contrário, não estaria pedindo ajuda indiretamente. Aliás, eu confio em você, Kookie. —​ bagunçou seus cabelos negros. —​ Ah… Aqueles delinquentes sentiram sua falta. —​ revirou os olhos ao seu lembrar. —​ Vieram me perguntar onde esteve se escondendo esse tempo todo.
—​ A-ahh… —​ trêmulo, sentiu calafrios na espinha e a vergonha cambaleante surgir ao vê-los —​ O que queriam? —​ disfarçou, ainda encarando o vidro, já embaçado com sua respiração, que havia acelerado-se repentinamente.
Eles realmente vieram atrás de si?
O loiro indicava para o portão de sua casa, enquanto o atleta afirmava algo, olhando ao redor, como se procurasse por algo, ou alguém. Mesmo que tentasse recostar o ouvido na janela, não conseguiria escutar o que diziam, pela distância evidente.
—​ Apenas sorriam zombateiros como de costume, mas pode ser apenas impressões erradas minhas, pareciam… Preocupados? —​ questionou para si mesmo, relembrando da cena. —​ O que tem de tão interessante aí?
O ruivo, virou-se para ocupar o mesmo lugar de Jeon, curioso com o que o menor encarava tão ansioso. De supetão, o moreno puxou a tapeçaria branca, tentando tapar a cena através do vidro. Se descobrissem que sua felicidade eram homens, suspeitava até mesmo de que nem o amor de sua mãe suportaria sua homossexualidade, quem dirá de seu melhor amigo.
Rapidamente contornou o corpo de Jimin com os braços, num abraço forte o bastante que os fez cair sentados no chão. Num soluço, o ruivo calou seus resmungos de dor, para limpar as lágrimas quentes do amigo.
—​ Owh, não chore Kookie… Te ver assim, acaba comigo. —​ Este então abriu um sorriso, para a surpresa do outro.
—​ Me perdoe, Jiminnie. — Apertou as unhas no corpo de seu hyung — Eu sou gay. — Terminou sem levantar o rosto, inclinando o topo da cabeça pra baixo, temeroso.
Esperava um sermão pesado, esperava rejeição, esperava toda uma desgraça que poderia cair sobre si. O que seu melhor amigo faria numa situação dessas?
Corou com a falta de resposta, e finalmente, apenas observou o companheiro quando escutou uma rajada de risos. Posicionou-se ao livrar-se do apego anterior, assentando sobre as próprias pernas. Fungou, humilhado e pronto para pedir desculpas por ser errado. Viu o ruivo despencar no tapete do quarto, com lágrimas espalhadas pelas maçãs faciais de tanto rir.
Isso é tão constrangedor.
Abaixou-se em reverência, pela desobediência dos padrões à sociedade.
— Perdoe-me… — curvou o semblante, topando a testa no solo.
— Eu sou realmente muito lindo — sorrira lindamente à Jeon, limpando as lágrimas de gargalhadas. Porém não houve tempo — nem coragem — para questionar o motivo das palavras, seus olhos já começavam a pinicar com as lágrimas que se formavam. Jimin, percebendo que estava prestes a desabar, apoiou uma das mãos no ombros do garoto, apertando-o levemente enquanto fitava-o com um brilho afetuoso nos olhos.
— Eu sabia. — A afirmação fez o Jeon se sobressaltar, arregalando as orbes. Como poderia saber, nunca havia dado quaisquer pistas?
— C-como-
— Sou seu melhor amigo, lembra? — Seus olhos transformaram-se dois pequenos riscos quando abriu um grande sorriso. — E, além disso, você anda tanto comigo que seria impossível você ser hétero. Eu sou muito gostoso!
O moreno riu, socando o braço do outro garoto, toda o medo e aflição dissipando-se instantaneamente. Jimin não o julgara, estava apesar se gabando por sua beleza — como costumeiro —. A aceitação do amigo o deixara imensamente feliz, fazendo-o esquecer-se que estava prestes a chorar instantes atrás; nunca havia se sentido tão leve em toda sua vida.
— Me diz, quem é o felizardo?
— Como? — rebateu, confuso.
— Não me venha com “como?”! — Jimin empurrou-o levemente. — Está na cara que você está apaixonado.
— Ahn… — O que deveria dizer? — Não é “o”.
E fora a vez de Jimin ficar confuso.
— Mas você não di-
— São “os” — corrigiu, envergonhado. Era loucura!
— Você não perde tempo, hein! — riu.
Com um sorriso tímido, Jungkook fitou o pequeno vão na cortina que que permanecera, permitindo ver o que havia do lado de fora. Os dois “delinquentes” ainda se encontravam em frente à casa, fitando justamente a janela de seu quarto; tinham avistado os garotos conversando. Namjoon falou algo para Hoseok antes de ambos se viraram e começarem a se afastar, desistindo de qualquer tentativa de conversar com o presidente do grêmio.
Naquele momento percebeu que Jimin estava certo.
Danem-se os outros, ele não permitiria que a felicidade escapasse de suas mãos.
[…]
Na manhã seguinte Jeon despertara mais cedo que o necessário, vestindo-se rapidamente para sair apressado de casa, vagando sem rumo pelas ruas até os portões do colégio se abrirem. Apreensivo, tentou montar durante aquele período um plano, um guia para suas ações, mas não tardou a desistir já que quando se tratava daqueles dois sua habilidade de prever e controlar os acontecimentos perdia o efeito.
Lembrou-se que sua primeira intenção fora castigá-los por mancharem sua autoridade com brincadeiras inapropriadas e, em troca, eles lhe concederam a libertação para aquilo que o atormentou por anos; agora estava apaixonado.
Puxou o celular do bolso, vendo o prédio escolar crescer diante de seus olhos conforme aproximava-se. Digitou a senha de desbloqueio, abrindo em seguida a galeria onde sua “arma” ainda se encontrava intacta.
Não deu play, ao invés disso clicou na pequena lixeira e confirmou a exclusão do vídeo. Possuía a sensação de que sua relação com aqueles dois melhoraria, então não necessitava de quaisquer coisas que os incriminassem.
— Kookie! — Ouviu o chamado no mesmo instante que a gravação desapareceu de sua galeria, fazendo-o bloquear o celular novamente e escondê-lo, como se de alguma forma o vídeo fosse ressurgir. — Hey, espera. —  O orador do grêmio surgiu ao seu lado e Jeon sorriu em sua direção para cumprimentá-lo. — Aah, que alívio. Você sumiu de repente, pensei que tivesse sido abduzido por aliens.
— Eu fui — respondeu em igual tom zombeteiro. — Eles tinham tentáculos enormes!
— Então você não deve saber ainda! Permita-me contar as novidades, ó grande presidente. — Ambos gargalharam da encenação antes do orador continuar. — O diretor descobriu quem alterou as notas do alunos no sistema. Ele não revelou quem foi, mas eu aposto o que quiser que foram Namjoon e Hoseok.
As palavras dele fizeram o garoto congelar no meio da rua, arregalando os olhos com a notícia. Tinha se esquecido completamente do que havia feito para se vingar!
Oh, não…
[...]
— Isso é um absurdo! — o diretor exclamou ao mesmo tempo que batia a mão aberta contra uma das mesas, provocando um estrondo.
Antes mesmo de passar pela porta da sala de seu superior, podia ouvir os berros do diretor com os dois garotos. Sentia, e tinha certeza de que seriam eles, Kim e Jung, sendo atacados injustamente por algo que não haviam feito.
Incrédulo no que estava disposto a fazer, passou os dedos pela maçaneta, com o peito acelerado. Observou a cena do outro lado, encontrando exatamente os dois olhares monstruosos que o faziam derreter.
Namjoon arqueou o semblante, movendo-se na cadeira em frente ao diretor que possuía a têmpora exaltada da testa, junto com a coloração ruborizada pelo estresse.
— Sim, esse é o exemplo de aluno que vocês deveriam seguir! — Apontou para Jeon, com a ponta do dedão. — Seus delinquentes, como conseguiram!?
— Sr. Diretor… — Fechou a porta de madeira, vendo pesarosamente a atitude inusitada que teria de tomar.
— Jeon! Foram eles! — Bateu em sua mesa novamente, mordendo-se de ódio. — Eu sabia que haviam sido esses… esses… Argh!
Com um único pigarro, Hoseok chamou atenção para si, aprumando-se ao abrir as pernas e juntar as mãos, encarando firmemente a expressão feia de seu superior, querendo testá-lo com toda seriedade possível.
— Você não tem provas. Não tem evidências, não há nada para usar contra nós. — Sorriu, passando a língua nos lábios ao fitar o presidente do grêmio.
— Não teste minha paciência, Sr. Jung. Tenho poderio para que seja expulso! — Endireitou a postura, reconhecendo a própria ideia. — Na verdade, é a punição apropriada! Vocês dois! Expulsos!
— Isso é abuso de poder! — Fora vez de Namjoon se pronunciar.  — Temos 3 pessoas para testemunhar contra o senhor! — empurrou a cadeira para trás, pondo-se de pé, acusando o maior com o dedo indicador.
Tinha de ser ele a ter tamanha ousadia e desrespeito a fazer tal. Como se fosse um mantra, também lambeu os lábios, deixando o piercing à mostra.
— SENHOR DIRETOR! — O moreno exaltou a voz, chamando atenção — Por favor, deixe-me cuidar desse caso! Não creio que expulsão seja apropriado.
— Não. — respondeu, rude. — Retire-se, Jeon.
O coração do pequeno se acelerou. Nunca em toda sua vida escolar desobedecera uma ordem, principalmente se esta fosse direta daquele que possuía maior autoridade. Porém, não poderia permitir que tal coisa acontecesse. Eles não poderiam ser expulsos por sua causa!
Jungkook se aproximou, tentando manter o olhar firme ao parar ao lado do Kim e do Jung, que ainda se encontrava sentado, de frente para diretor.
— Senhor… — Estremeceu perante seu olhar. — Repense. Não tome atitudes baseada na sua ira. Além de que expulsá-los agora exigiria uma extensa papelada e horas de trabalho extra. — Engoliu em seco antes de prosseguir. — Eu tenho como argumentar contra eles, e sei que está sem paciência para tal…
— Basta, Jeon — cortou-o com o mesmo tom ríspido. — Se zela tanto pelo bem de dois malfeitores será responsável por eles. E se voltarem a aprontar novamente, por menor que seja a brincadeira, serão imediatamente expulsos e você perderá seu cargo no grêmio estudantil. Estamos entendidos? — Encarou um dos três alunos diretamente nos olhos e, vendo o presidente assentir, contornou sua mesa em direção à saída. — Vocês não terão outra chance. — E com estas palavras deixou a sala.
O menor encarou seus hyungs, conseguindo respirar normalmente pela primeira vez desde que entrara na diretoria.
— Meninos eu… — abaixou a cabeça, relembrando tudo o que fizeram dias atrás. Precisava dizer tudo o que queria naquele momento, não estava são o bastante para pensar no que acabara se fazer é as consequências que poderia ter. — Sinto muito. Imagino que aquilo fora só uma brincadeira mas…
— Você não quer mais parar. — concluiu J-Hope, criando um sorriso vitorioso. — Sendo sincero, fiquei preocupado com teu estado depois da nossa “brincadeira”.
Levantou-se, colocando o queixo na cabeça do pequeno. Logo, ao invés de seu ato diminuir, apenas aumentou, tornando-o malicioso ao percorrer os dedos longos pela cintura vestida do presidente.
— Houpie… — jogou o pescoço pra trás, sentindo as unhas do atleta penetrarem suas roupas para levantá-lo em seguida, repousando-o na mesa do Diretor e derrubar os materiais de escritório. — Joonie, você também… — chamou pelo rebelde.
Pelo seu rebelde.
— Ainda me deve um piercing — mordeu a nuca de Jeon, percorrendo a língua pela extensão, ao roçar o brinco em sua pele alva. — Senti falta de você me incomodando… — sussurrou, vendo o deleite do menor com apenas um de seus toques.
— Eu quis tanto vir atrás de vocês… Mas o que diabos iria dizer…? — fitou-os, murchando sobre seus olhares penetrantes e sádicos para consigo.
— Não se vicie em sexo, Kookie — disse piedoso Jung, apertando as coxas grossas do moreno.
— Seria tão ruim se eu me viciasse em vocês? — questionou, puxando a gravata dos uniformes mal-postos de seus hyungs, trazendo-os para um beijo triplo.
Para um não apaixonado, poderia ser algo nojento. Para Jeon, era o contorno do abismo, da loucura e luxúria. A língua que antes molhava seu contorno, passou a se dedicar a massagear as outras duas ao seu encosto, num troco de saliva contínua.
Junto ao Kim, atacou a boca bem contornada do atleta, que em retribuição, enroscou a mão em seus fios escuros, puxando seus cabelos para trás, para que parasse com o beijo carnal, para que os hyungs pudessem explorar seu pescoço com mordidas e chupões.
Um pequeno gemido rogou-lhe os lábios, satisfazendo os maiores.
O ato impuro apenas acelerou o coração apertado de Jeon, que deixara a culpa de lado ao se declarar — mais para si mesmo do que para os outros. Qual o problema em ser ninfomaníaco? Aliás, Jungkook não era tal. Mas uma vez que provara da rebeldia, não queria mais largá-la.
Não era viciado em sexo.
Era viciado naqueles dois, Hoseok e Namjoon.
— Perdoem-me por fazê-los passarem por tudo isso… Mas a culpa ainda é de vocês! — exclamou, ao receber uma mordida rude em seu lábio, enquanto o atleta levantava suas mechas negras.
— Foi você que hackeou o sistema, não foi? — questionou o mais velho, seus olhos possuíam um brilho divertido ao cogitar essa hipótese.

Um sorriso divertido pintou nos lábios do presidente do grêmio, dando aos outros dois a certeza de que era o culpado. E ele sabia desde o princípio que o rebelde inconsequente e o atleta despreocupado levariam toda a culpa.

Ah, Jungkookie...

Os três se entreolharam com sorrisos pervertidos, sabendo como aquilo acabaria.

— Vocês têm um longo castigo pela frente.

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