A porta fechou-se com um clique quase inaudível, seguido pelo som de passos pesados que arrastavam-se em direção aos dois garotos. O homem com sua carranca eternamente moldada no rosto deu a volta na grande mesa, sentando-se em sua cadeira de frente para os estudantes da escola que dirigia. Dois adolescentes problemáticos, que pelo simples fato de faltarem na aula fazia seu dia mais feliz. Contudo, ao invés disso, estes estavam na sua sala.
Os olhos escuros do diretor fixaram-se no garoto sentado à direita, que mais chamava a atenção. Acomodara-se na cadeira com as pernas abertas e os cotovelos apoiados nos joelhos, de forma que ficasse levemente curvado para frente, na postura mais desleixada que alguém já possuíra ao entrar naquele lugar. Vez ou outra mexia nos fios de cabelo prateados, como se quisesse ter certeza de que eram vistos, enquanto com os lábios entreabertos brincava com o piercing em sua língua.
Optando por não tornar a repetir pela vigésima vez o que era ou não permitido nos domínios da escola, o diretor deslizou o olhar para o garoto ao lado. Este ainda possuía o uniforme do time de basquete e a braçadeira de capitão envolta em seu braço. De ombros relaxados, um sorriso amigável moldava seus lábios, como se cumprimentasse um velho amigo. Como se não estivesse de frente para o diretor, prestes a ouvir um sermão.
O homem suspirou pesarosamente. Mal havia chegado e já teria de lidar com aqueles dois? Era uma péssima maneira de começar seu dia.
— Kim Namjoon, Jung Hoseok... Ou devo dizer J-Hope?
— Ele já decorou nossos nomes, Joon, devemos nos preocupar? — questionou o capitão do time de basquete, sendo acompanhado pelo amigo nas gargalhadas.
— Não me interrompam. — A voz estrondosa do diretor ecoou pelo cômodo, fazendo ambos pararem quase que no mesmo instante, porém sem desmanchar os olharem cínicos que lançavam em sua direção. Ele suspirou novamente, agarrando-se ao que restara de sua paciência. — Cabulando aula? De novo?
Namjoon coçou a própria nuca.
— Você já viu a cara da professora de química? — Soltou um risinho. — Se visse, ia querer sair correndo também.
— Tão insolente! Ainda irá se arrepender disso futuramente — avisou, sua voz soava dura. — Ambos irão. Vocês são apenas crianças inconsequentes que acreditam que assim que estiverem com um diploma na mão conseguirão um bom emprego e...
O grisalho, que esforçava-se para não dormir durante o falatório do diretor, endireitou sua postura, apoiando um dos cotovelos no braço da cadeira e usando o punho como suporte para seu queixo. Observou-o se levantar e ir até a estante de livros que ficava atrás de si, puxando de lá o livro de regras da escola antes de retornar ao seu lugar. Teve de lutar para não revirar os olhos enquanto o homem folheava o livro.
De novo não, pensou.
— Por onde começar? — Seus orbes escuras fixaram-se em Hoseok. — Página 34, parágrafo 7: É estritamente proibido tatuagens a mostra.
O moreno baixou o olhar, fitando a caveira desenhada em sua panturrilha.
— É o uniforme do time — justificou com um sorriso debochado. — Não se pode jogar de calça.
— Você não está jogando agora, está, senhor Jung? — inquiriu, antes de voltar a atenção para o livro em suas mãos. — A próxima diz respeito aos dois. Página 14, parágrafo 6: Não é permitido usar quaisquer tipos de acessórios, incluindo pulseiras, colares brincos, piercings e alargadores. Aparentemente ambos possuem os dois últimos citados nas orelhas, isso sem contar o pedaço de metal na boca do Kim. — Encarou-o. — Eu devo citar que é proibido colorir os cabelos? Creio que sim.
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Castigo
Fiksi PenggemarSem sombra de dúvidas, o maior problema que Jeon Jungkook enfrentava desde que assumiu a presidência do grêmio estudantil eram os alunos. Ou melhor, dois deles. Kim Namjoon e Jung Hoseok. Eles eram rebeldes, difíceis, complicados, problemáticos e, p...