Uma mulher mais forte que o mundo

* Capitulo 3 *

   - Meu nome é Any Gabrielly, mas não any como qualquer, e pode me chamar só de Any

   - Dessas informações eu já sabia, Any mas não como qualquer - falou zombando do meu nome

  - Ok Diarra por que você me trouxe aqui?

   - Hoje mais cedo, na detenção, quando eu falei com você pude notar o quando você se auto julga, você não da atenção as suas qualidades. Então eu tomei essa iniciativa em te trazer aqui para irmos a uma manifestação feminista, quero que você se conheça, se aceita e perceba o quanto você é incrível e o quanto você mesma pode se fazer feliz ou ser feliz só com amigos sem rola.

   - Deixa eu ver se entendi. Você acha que eu não me dou o devido valor e quer mudar minha percepção sobre isso?

   - É isso e um pouquinho mais. Agora só resta saber se você aceita minha ajuda para descobrir de verdade quem é Any Gabrielly. O que ela gosta de fazer. O que ela acredita e muito mais, então você aceita se descobrir?

   Fiquei por alguns segundos em silêncio, se eu aceitar isso, tudo irá mudar e na verdade eu quero que as coisas mudem e talvez começar me conhecendo seja algo bom

   - Eu super aceito

   - Que bom - ela esbanjou um sorriso enorme para mim

   - E agora por onde começamos?

   - Podemos ir lá para fora, daqui a pouco vai começar os discursos e essa é com certeza minha parte favorita, amo escutar as histórias de mulheres fortes é inspirador

   Seguimos para fora da cafeteria e as ruas já estavam mais cheias do que antes, eu via diversas mulheres, desde de crianças até algumas que aparentavam ter mais idade em alguns pontos eu podia ver homens, eram poucos mas existiam naquele ambiente. Apesar de todo o calor e todo o barulho, eu me sentia bem, por algum motivo já me sentia um pouco melhor, ver todas aquelas mulheres lutando pelo direitos delas era cativante, como se  uma onda de força, inspiração e esperança de atingisse.

   - Any posso desenhar no seu rosto? - questionou Diarra vindo até mim com uma tinta roxa na mão

   - O que? -

   - O símbolo feminista, temos que começar isso direito

   - Okay, pode sim

   A cada traço do desenho que Diarra fazia em meu rosto eu me sentia mas confiante eu sinto que esse dia promete muitas coisa ainda

-*-

   Havia se passados uma hora e agora ia começar os discursos, eu realmente estava ansiosa para essa parte

   - É agora Any, a melhor parte. Quem vai subir lá no palco é uma mulher negra que é modelo, ela sempre fala sobre o preconceito que sofreu e como ela superou isso, acho que vai te ajudar muito

   - Boa tarde, para quem não me conhece meu nome é Coco Samone, sou modelo, atriz e principalmente feminista. Eu sinto que desde de pequena eu era feminista, mesmo que indiretamente, sempre lutei pelos meus direitos, nunca abaixei cabeça para homem algum mas algo falto na minha infância. Sororidade, as meninas da minha sala me julgavam por ter um cabelo cheio, por ser negra, por ser alta demais eu nunca fui o suficiente para elas, hoje eu entendo que a culpa não foi delas e sim do que a sociedade impôs na vida delas. Diversas vezes quando era menor pessoas olhavam para mim com olhares desconfiado na rua, guardavam seus celulares achando que eu iria rouba-los agora eu percebo que isso tudo é um pré conceito que diversas pessoas tem sobre pessoas negras. Eu me sentia mal por não ser parecida como uma barbie, como várias colegas da minha turma eram, eu acordava mais cedo para passar prancha no meu cabelo, eu queria ter um cabelo liso, queria seguir o padrão de beleza, mas eu não conseguia e isso me deixava triste, me fazia chorar de noite, em fazia me perguntar, por que eu não era igual a elas? Por que eu não tinha olhos claros iguais os delas? Era sempre um questionamento diferente e uma dor já conhecida toda noite. Com o tempo a dor ia aumentando gradativamente até que, com uma simples música tudo mudou, todo o meu conceito de beleza mudou eu mudei. Estava eu assistindo televisão quando me deparo com a música "Scars to your beautiful" da Alessia Cara, eu escutei aquela letra e voltei a me sentir uma criança, sem maldade no coração, só havia amor, o meu amor por mim mesma. Eu sou a grata a essa música de todas as maneiras possíveis e hoje com essa mesma canção eu tento mudar a vida de outras mulheres, que como eu aprenderam ou vão aprender a se amar, ignorar o padrão que a sociedade impõe sobre cada mulher que acredita ser frágil, feia e incapaz. Se você souber a letra por favor cante comigo

She just wants to be beautiful 

Ela passa despercebida, ela não conhece limites 
She goes unnoticed, she knows no limits 

Ela anseia por atenção, elogia uma imagem
She craves attention, she praises an image 

Ela reza para ser esculpida pelo escultor 
She prays to be sculpted by the sculptor 

Oh, ela não vê a luz que está brilhando 
Oh, she don't see the light that's shining 

Mais profundo do que os olhos podem encontrá-lo 
Deeper than the eyes can find it 

Talvez a tenhamos cegado 
Maybe we have made her blind 

Então ela tenta encobrir sua dor e cortar suas aflições 
So she tries to cover up her pain and cut her woes away 

Porque as meninas da capa não choram depois que o rosto delas é feito
'Cause cover girls don't cry after their face is made

Mas há uma esperança que está esperando por você no escuro 
But there's a hope that's waiting for you in the dark 

Você deveria saber que você é linda do jeito que você é 
You should know you're beautiful just the way you are 

E você não precisa mudar nada, o mundo pode mudar seu coração 
And you don't have to change a thing, the world could change its heart 

Sem cicatrizes para o seu lindo, somos estrelas e somos lindos 
No scars to your beautiful, we're stars and we're beautiful 

   Nessa parte da música eu já não aguentava mais, eu chorava como um bebê, porque eu sei que dor é essa, se sentir fraca só por conta da sua etnia era frequente na minha vida. Apesar de estar chorando, essa sensação não era ruim, para mim era como uma liberação dessa má energia, eu estava abandonando minha dor, minha fraqueza tudo que não me permiti crescer. Eu ia e vou mudar por mim

-*-

   Sábado - 20:37

   Eu e Diarra acabamos de chegar de Orange, minutos atrás tinhamos entrado em L.A

   - Como foi? O que sentiu? Que continuar ainda?

   - Foi incrível, T-U-D-O - falei silabicamente - Eu me senti forte, poderosa e que a minha cor não pode definir como eu me vejo em frente ao espelho e como toda a certeza desse mundo eu quero continuar com isso

   - Fico feliz em ouvir isso. Talvez amanhã eu possa te apresentar a outras amigas minhas. Podemos ir a uma sorveteria perto da minha casa

   - Pode ser Diarra. Obrigada por tudo, espero um dia te recompensar por tudo isso que você está fazendo por mim

   - Primeiramente pode me chamar só de Di e segundo, se você se sentir melhor consigo mesma, se valorizar mais, se amar mais é melhor do que qualquer recompensa. Então até amanhã as três, eu venho te buscar, boa noite

   - Boa noite Diar... Di, até amanhã e obrigada de novo