Me descobrindo no amor

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Boa leitura!

Victoria Ferrara

Dormir para mim não era uma opção, e menos ainda me esconder. Depois do jantar, corro para meu quarto. Tomo banho, e depois de vestida me encolho na cama sabendo que logo ele estaria ali para me atormentar. O sono não chegava pelo medo, e quando olho pro relógio sabendo que já era madrugada a porta se abre.

-Esperando por mim filhinha? - sua pergunta me causa nojo quando adentra meu quarto e o tranca colocando a chave sobre seu bolso.

-Por favor... hoje não. Por favor... - suplico e ele sorrir já abrindo a calça descendo até o joelho. Fecho meus olhos tentando controlar as lágrimas mais é vão quando sinto me puxar bruscamente pelas pernas. -Hélio pare! Não! - tento chuta-lo mas o tapa que recebo em meu rosto me faz calar.

-Não me chame pelo nome. Sabe que gosto quando me chama de papai. - sorrir novamente levantando meu vestido e fico imóvel olhando para o teto sabendo o que veria após.

-Anjo... Victoria. - Escuto a voz de Sérgio e abro meus olhos vendo que ele me olhava preocupado. -Teve um pesadelo. - diz e não digo nada me sentando sobre a cama. O suor pairava pelo meu corpo, mesmo o ar condicionado estando ligado. Minha cabeça latejava de dor, e quando olho para minhas mãos então vermelhas e cortadas por minhas unhas. Devo ter apertado com tanta força novamente que machucou. -O que foi? Me conta.

-Nada Sérgio. Nada. - levando da cama às pressas procurando minhas peças de roupas.

-Não vá embora Victoria. Não foge. - pede vindo atrás de mim enquanto visto minha calcinha e sutiã.

-Não fugir antes quando pude, só me resta agora. - falo como se tivesse um caroço em minha garganta e quando termino de colocar minha roupa ando às pressas até a porta.

-Pare de dizer besteira Victoria! - Sérgio diz irritado pegando em meu braço. Olho para ele com raiva, pois quero que perceba que não sou o melhor para ele, e sim um simples trapo que Hélio deixou.

-Me largue! Você não tem nada haver com minha vida.

"Nunca vai encontrar um homem que te coma de verdade como eu."

"Tão magra, nem carne para me segurar tem."

"Vem aqui filhinha... me chupe vem."

Uma onda de tosse me invade, e me debruço pra frente tossindo. O sangue que sai de mim caindo no chão me faz perceber que estou doente. Minha costela dói, e o ar que sinto que estar me faltando me faz ficar tonta.

-Tá doendo... - digo colocando minha mão na garganta.

-Vou te levar no médico agora.

-Meu irmão. Me leve até Danilo. - peço não querendo ser um peso pra ele. Já não bastava as cicatrizes que levava na alma não precisava cuidar de mim também desse jeito.

-Não! Eu vou te levar e ponto final.

Sento na cama enquanto ele se veste rápido pegando as chaves do carro sobre a mesinha. Ao saímos do apartamento direto para o carro, a dor se estalava pelo meu corpo. Sentada olhando para o espelho conseguia ver meus ossos que antes eu não via. Minhas olheiras estavam fundas pelas noites mal dormidas.