For your eyes only

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Dizer que escolher me mudar para o meu mais novo trabalho foi uma decisão pensada seria uma grande mentira. Talvez (e com talvez eu digo com toda certeza), eu tenha usado a mágoa, a raiva e a tristeza para tomar aquela decisão impulsiva.

Por isso, agora eu estou em meu quarto, no meu apartamento, me questionando se isso foi uma boa ideia, enquanto o motorista de Liam me espera lá fora para levar as minhas malas.

Eu decidi vir esse horário pois sabia que Oliver é responsável demais para faltar aula, mesmo com a ressaca infernal que ele deveria estar.

Decido parar de pensar demais nos outros e começar a cuidar de mim mesma. Pego caixas de papelão para colocar meus pertences. Livros, fotos, notebook, joias, maquiagens.

Levo primeiro as minhas malas para o primeiro piso, e da porta, Jeff, o segurança que parece o Detona Ralph e também é o motorista, leva as malas para o bagageiro. Subo novamente e pego as caixas com meus pertences, que eram três. Tranco a porta e desço novamente, sendo ajudada por Jeff outra vez. Ele estava colocando as caixas no bagageiro quando Oliver chegou.

– Blair, eu fiquei tão preocupado! – Oliver exclama, parando a dois passos de mim. Seus cabelos estão penteados para trás, suas ondas contidas pelo gel de cabelo. Seus olhos verdes brilharam em alívio ao me ver. Ele tenta tocar a minha mão, mas eu me afasto. – Precisamos conversar.

– Não, não precisamos. – Eu digo mesmo sabendo que ele está certo. Porém a mágoa fala mais alto e me impede de aceitar. – Precisávamos conversar ontem. Mas você optou por acreditar em todas essas mentiras e me chamar de vadia. Você era a única pessoa quem eu esperava que me ouvisse e acreditasse em mim. Agora eu não quero te ouvir.

Oliver parece magoado com as minhas palavras, mas eu estou satisfeita em magoá-lo exatamente como ele fez comigo.

– Eu sinto muito, Blair. – Ele murmura, passando a mão na camisa polo.

– Eu também.

Ele está prestes a dizer algo quando um grupo de seis pessoas passam por nós, cochichando e apontando na minha direção. Sinto o nó voltar a minha garganta.

– E aí, Blair, conseguiu nota máxima em Literatura Clássica? – Um deles pergunta, debochado. Os outros riem dele, parabenizando pela piada de mau gosto.

– Com esse carrão, pelo visto ela conseguiu mesmo o Sugar Daddy. – Uma outra moça comenta. Eles voltam a rir e seguem o caminho, se divertindo pela minha humilhação.

Encaro Oliver, que está de cabeça baixa. Seus olhos verdes se prendem aos meus lentamente e eu não consigo definir o que vejo neles. Logo eu, que sempre fui uma ótima leitora de pessoas.

A decepção vem como uma avalanche, por ele não ter me defendido, não ter se colocado no meu lugar... Por não ser o meu Oliver.

Sinto meu coração ser esmagado por ele. Pelo seu silêncio. Durante toda a vida, eu defendi Oliver com unhas e dentes, de tudo e de todos. Na única maldita vez que me sinto vulnerável a ponto de querer proteção, de querer um posicionamento da parte dele, eu não recebo nada. Nem mesmo um olhar retribuído.

– O seu silêncio vai nos destruir. – Murmuro, com a voz já falhando por causa do choro contido na garganta.

– Blair, não faz assim...

Olho para trás e vejo Jeff me aguardando ao lado do carro preto, de marca e blindado. Vou na sua direção e entro no banco traseiro do carro. Enquanto Jeff dá a volta para ir para o banco do motorista, ouço Oliver:

– De quem é esse carro? Para onde está indo, Blair?! – Oliver bate no vidro mas eu o ignoro, e logo Jeff arranca com o carro.

Sinto duas lágrimas descerem mas eu as seco rapidamente.

Home With You - Liam PayneOnde histórias criam vida. Descubra agora