Prologue

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| Dois anos antes |

Estava sentada no restaurante com Oliver, meu namorado, quando visualizamos uma pequena comoção em uma mesa próxima. Demorou pouco até uma moça loira, acompanhada de uma senhora, levantar. Seus cabelos loiros emolduravam um rosto bonito mas avermelhado e transtornado de preocupação.

– O meu bebê está engasgando! – Ela berrou, apontando para o garotinho sentado na cadeira infantil. Ele aparentemente tinha uns dois anos aproximadamente. O garotinho loiro, estava com o rosto vermelho e aparente dificuldade de respirar.

Levantei instintivamente, mas Oliver segurou meu braço.

– O que você está fazendo? – Ele indagou, mesmo sabendo muito bem o que eu estava prestes a fazer.

– Eu tenho treinamento para esse tipo de situação! – Devolvi, antes de me afastar.

Corri até a mesa, olhando a moça loira.

– Eu sei o que fazer! – Avisei, e ela hesitou em me deixar pegar o bebê. – De verdade, eu tive treinamento!

– Por favor, me ajude! – A loira cedeu.

Peguei seu bebê da cadeira, e o virei de bruços em meu braço, batendo devagar mas firme em suas costas. O bebê tossiu, mas nada saiu de sua boca. O virei na minha direção e meti dois dedos em sua boca, vendo que não havia nada lá. Ele não estava engasgando, mas mesmo assim estava vermelho e começando a ficar roxo sem conseguir respirar.

– Oliver, traz a minha bolsa! – Berrei para meu namorado. Olhei para a mãe do bebê e me ajoelhei no chão com o bebê nos braços. – Eu acredito que ele esteja tendo um choque anafilático por causa de uma crise alérgica. Preciso que segure ele enquanto eu injeto antialérgico em sua veia.

Ela assentiu, com lágrimas nos olhos e segurou o bebê. Oliver deixou minha bolsa no chão ao meu lado e eu abri, caçando a minha injeção de antialérgico em sua caixinha protegida.

Segurando firme, eu levantei a camisa do bebê e injetei a agulha nele, apertando o botão que liberava a substância antialérgica na criança. Não dei a dose inteira, pois sei que é de uso adulto, apenas um terço.

Eu sabia que aquele tipo de medicação agia quase que instantaneamente, então quando após alguns segundos, o bebê foi voltando à sua cor normal, eu soube que ele ficaria bem. Suspirei aliviada e guardei o meu kit de antialérgico de volta na bolsa. A moça loira ficou chorando abraçada ao bebê, e quando eu levantei, fui aplaudida pelos clientes e funcionários do restaurante. Senti meu rosto corar pela exposição e recebi um abraço apertado da senhora que acompanhava a moça e o bebê.

Ouvimos a ambulância finalmente chegar.

– Eu acho que você precisa levá-lo ao hospital só para verificar se tudo está bem. – Eu avisei. A moça loira acordou, dando o bebê à senhora e me abraçou apertado.

– Obrigado, obrigado! Se não fosse você, o meu bebê... Nem sei o que seria de nós! – Ela disparou.

– Tudo bem, eu só fiz o que eu achei que pudesse ajudar. – Garanti, dando um sorriso calmo.

– Se importa de acompanhar a gente até o hospital? Tenho certeza que o pai dele vai querer conversar com você... – A loira convidou. Eu hesitei por um instante. – Por favor.

– Certo. – Eu coloquei a bolsa sobre o ombro. Me virei para Oliver e dei um selinho em seus lábios. – Volto depois.

Caminhamos para o carro da moça loira enquanto ela dizia dezenas de agradecimentos. Ela tinha um motorista e o carro era muito chique, me perguntei se ela era rica.

– Como você sabia o que fazer? Eu achei que ele estava engasgado. – A moça comentou.

– Eu também, mas depois vi que não havia nada em sua boca. E do jeito que ele ficou, imaginei que fosse uma crise grave de alergia. – Expliquei.

– Como você tinha aquela injeção, é médica?

– Não. Eu tenho alergia grave à pimenta. Eu quase morri algumas vezes por comer algo sem saber se possui pimenta. Os sintomas são os mesmos, minha garganta fecha, eu fico vermelha, meus olhos lacrimejam. É muito perigoso, e depois de quase enfrentar a morte algumas vezes o médico me sugeriu de andar com um kit desse. O efeito é super rápido!

– Desculpa perguntar... Você trabalha com o quê? – A mãe do bebê indagou.

– Eu trabalho de babá para uma empresa especializada. Lá a gente tem treinamento para situações emergenciais como essa.

Quando chegamos ao hospital, fomos direto para a ala pediátrica. A moça loira entrou com o bebê na emergência, e eu fiquei sentada ao lado da senhora na sala de espera.

Não demorou muito até um jovem homem aparecer. Apesar de aparentar ter uns vinte e poucos anos, ele se vestia como um adolescente. Tênis branco esportivo, calça moletom e uma jaqueta larga preta. Seus cabelos castanhos estavam penteados no topo da cabeça. Seus olhos azuis esverdeados brilhavam em preocupação, e logo eu reconheci a semelhança entre ele e o garotinho.

Ele saudou a senhora ao meu lado e ela explicou tudo o que aconteceu, incluindo minha participação na história. Eu achei a voz daquele homem e sua aparência bastante familiares, mas não consegui reconhecer.

– Você salvou a vida do meu filho? – Ele estendeu a mão e trocamos um aperto. – Muito obrigado!

– Eu só fiz o que achei certo. – Afirmei novamente.

– Você precisa de alguma coisa? Qualquer coisa... Dinheiro? Um carro? Um emprego? – Ele ofereceu. Eu balancei a cabeça negativamente.

Na verdade, eu precisava de dinheiro. Estava há dois anos juntando para ir para a Universidade, já que eu não possuía nenhum financiamento. Inclusive, eu começaria a Universidade atrasada por causa disso. Era apenas por isso que eu estava no emprego de babá para a empresa. Mas claro, eu jamais pediria algo. Eu não ajudei o bebê em troca de qualquer coisa, ajudei por que era o certo. Por que ele precisava de ajuda.

– Não, não... Imagina, eu fico feliz de ajudar. – Eu garanti, sorrindo. Ele suspirou aliviado e me abraçou.

– Olha só, anota meu telefone. Se você precisar se qualquer coisa, não hesite em me ligar. – Ele disse. Saquei meu celular e coloquei na discagem, apenas por educação. Ele me passou seu número.

– Desculpe... Hum... – Eu disse, assim que ele acabou. – Como eu salvo o seu contato?

Ele deu um sorriso enigmático e surpreendido. Passou a mão em seu cabelo e me encarou nos olhos.

– Louis Tomlinson.

Home With You - Liam PayneOnde histórias criam vida. Descubra agora