Dois

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Acordei com o barulho insuportável do despertador

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Acordei com o barulho insuportável do despertador. Costumo colocar o celular na prateleira que fica acima da minha cabeceira, junto aos livros, porta-retratos e outros objetos pessoais, para que eu me obrigue a, pelo menos, me sentar na cama para desligar ou ativar o modo soneca. Mas dessa vez imaginei que não fosse dar certo por causa do horário em que fui para cama, graças a festa. Então, tive a brilhante ideia de colocar o celular embaixo do travesseiro, na esperança de chegar no primeiro horário da faculdade.

Ledo engano. O que eu achei que seria uma britadeira, vibrando firme para me acordar, pareceu um zumbido leve de liquidificador de tão exausta que eu estava. Resultado? Perdi as duas primeiras aulas.

Xinguei "deus e o mundo", mais precisamente as três safadas que dividiam o apartamento comigo, por não terem me acordado. O que custava me derrubar da cama? Mesmo que eu parecesse um misto de urso raivoso com TPM e o espírito de O Exorcista quando acordava, era falta de camaradagem feminina, poxa!

Sem falar no calor desgraçado, no ônibus lotado e no motorista que parou um ponto depois. Sério, eu precisava falar com meus pais para adiantarem o carro porque, por mais que Aracaju fosse pequena, é quente feito o inferno e o ar-condicionado do carro é necessidade básica para minha sobrevivência. 

Pelo amor de Deus, Liz, pare de reclamações mentais e entre logo nessa maldita sala de aula.

Eu entrei e sentei no fundo da sala porque nenhuma das vadias, que se dizem minhas amigas de curso, guardaram um lugar para mim. Passei os cinquenta minutos seguintes dividida entre cochilar de olhos abertos e encarar os meus pulsos. Não havia marca nenhuma neles, mas eu quase desejei que houvesse para manter a memória da noite passada viva por muito mais tempo.

A professora pediu para que se formassem trios para discutir sobre uns textos que ela estava distribuindo na sala. Soube disso porque Alexia e Érica me despertaram quando se aproximaram arrastando as cadeiras acolchoadas.

— Por que não guardaram meu lugar? — Reclamei quando se acomodaram em frente a min. Tínhamos formado um torto triângulo de carteiras.

— Quem ia adivinhar que você chegaria depois de faltar duas aulas? — Érica deu de ombros.

— Não importa, é obrigação de vocês.

— Assim como é obrigação sua me contar por que saiu da festa antes de nós... — Alexia levantou as sobrancelhas, de modo questionador.

— É para fazer o que mesmo? — Perguntei, tentando ganhar tempo.

— Em que planeta você está? — Érica questionou — Você saiu bem antes de nós da festa, aparece tarde e nem está escutando o que a professora pediu...

— Desembucha, Liz. 

— Vocês sabem quem deu a festa que fomos ontem? — Perguntei, por fim, tentando ter informações básicas sobre o estranho.

Domine Meu Coração - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora