Capítulo 19 - RENATA

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Dias depois...

Espreguiço-me na cadeira antes de esfregar os olhos. Extremamente cansado. Ando fazendo tantas horas extras que meu corpo parece fazer diariamente trabalhos forçados em uma mina de carvão sob o sol escaldante do nordeste em vez de trabalhar sentado atrás de uma mesa em uma grande empresa em um ambiente com ar condicionado.

Os dias parecem passar cada vez mais arrastados ao ponto de me fazer desejar ter engolido meu orgulho e ido trabalhar com meu pai.

Sr. Castelli anda arranjando tanta coisa para eu resolver que mal tenho tempo para ver minha namorada ainda que trabalhemos na mesma empresa. Pra piorar tem minha mãe que já ligou me chamando de filho ingrato não poucas vezes e a faculdade que tenho mais empurrado com a barriga que qualquer outra coisa. Falta tão pouco para finalizar e meu rendimento para estudar tem sido zero. É só abrir o livro que durmo sobre ele.

- Ricky. Alforria, ou seja, horário de almoço - Ouço Mariana informar com seu largo sorriso costumeiro.

- Mari às vezes tenho vontade de casar com você. - Brinco levantando para abraça-la.

- É mesmo?! Nayara sabe disso? - O sorriso dela passa a ser cúmplice.

Mariana Sales, secretaria geral da presidência, tem sido uma boa companhia para minhas horas a mais aqui no escritório. Com sua simpatia encantadora, nos tornamos bons amigos. É melhor que a Renata de quem não consigo me livrar. Já até me arrependi de ter aceitado as aulas com ela, se eu soubesse antes que ela era tão invasiva, teria pulado fora. Não consigo me sentir a vontade quando estamos juntos ou com o que fala. Principalmente quando são insinuações e fofocas indiretamente da Nayara.

Tenho sentido no ar um clima estranho e tudo começou depois que John foi demitido. Nessas horas que seria bom trazer minha mãe para um dia de trabalho com o filho. Uma manhã nessa empresa e ela sacaria tudo que estar acontecendo. O "problema" é que ela estaria com a mesma desconfiança da Mari sobre o que rola entre mim e Nay.

- Não entendi a insinuação... - finjo de desentendido forçando o riso.

- Sei... Aproveita para dormir uns minutinhos, garoto. Seus olhos estão fundos, parece bastante cansado.

- E estou, mas falando da chefe, - começo como quem não quer nada - ela já chegou de viagem?

- Sim, está na sala dela, pediu pra falar com você depois do almoço - informar piscando para mim.

Mariana desconfia ou tem certeza de nós por causa dessas nossas "conversas" demoradas na sala da Nay. Conversas que poderiam ser mais frequentes se Nayara não estivesse fazendo viagens de negócios cada vez mais longa. Não sei se é a distância o trabalho que estar sobrecarregando ambos, se é o atrito entre nossas familias, mas andamos brigando mais do que se amando.

Verifico o celular para ver as horas, mas acabo notando-o tocando. Está no modo silencioso. Minha mãe! Parece que adivinha quando penso nela.

- Mãe.

- Então você lembra...

- Do quê?

- Que tem mãe, - berra - custa ligar as vezes. E não diga que estar ocupado, porque eu estou preocupada com você.

- Estou bem, só ocupado mesmo e eu liguei tem uma semana.

- Quem morreu há uma semana hoje já estar fedendo. Ligue sempre. - Ordena - Como anda as aulas com sua nova amiga?

- Bem e as coisas aí em casa? - sei que ela ligou pra falar alguma fofoca das minhas irmãs. Geralmente é assim.

- Sua gêmea anda enjoada, sonolenta, com a menstruação atrasada há um mês, sei disso porque conheço o ciclo dela... - justifica como se eu soubesse do que ela estar falando - Acho que tá grávida.

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