Capítulo 5 - Radar Amélia Oliveira

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     Olho para o teto daquela que foi minha casa, por mais tempo, quando era pequeno. Minha mãe casou muitas vezes, mudou de casa igualmente, mas sempre voltava para cá.
       Eu gosto daqui por ser perto dos meus amigos, mas não quero continuar aqui, caso eu seja efetivado na empresa aceitarei a proposta do meu cunhado e vou morar em sua antiga casa. Tenho ainda uma chave que ele me deu quando contei que fui aceito na empresa.

     Essa casa faz parte do passado. Gosto de pensar que passado não foi feito para ser mexido ou revivido.
Essa casa não é meu lar, aqui moramos, mas não vivemos. Tenho memórias boas ofuscadas pelas ruins. Minhas irmãs e eu costumamos ter nossa própria visão da época, das dificuldades e dos acontecimentos, apesar de sermos todos pequenos vivemos como adultos e mesmo sendo crianças há memorias que ficam.

      Nós só concordamos, sem discussão, em uma coisa; esse período nebuloso não foi feito para ser cogitado, apenas superado.

      Pisco várias vezes vendo tudo desfocado. Tentando não pensar. Estou bêbedo e a bebida sempre me faz viajar até o passado. O pior é que nem percebi que bebi demais enquanto contava toda a história da estrangeira mais a conversa que tive com a Nayara hoje e que as duas são a mesma pessoa.

     Essa revelação foi tão chocante que a única coisa dita, e só pelo Caio, foi: deveria ter deixado pra contar no programa do João Kléber, aos menos  cada um levava 200 paus com essa tragédia anunciada.

     Nesse momento eu tive a certeza que me arrependeria para o resto da vida por ter contado isso para eles. Agora faz alguns minutos que apenas calados bebemos cerveja e olhando pra cima. Acabei de descobrir que é difícil mantê-los calados, mas não impossível.

— Uau! —  Erik é o primeiro a romper o silêncio — Nem sei o que dizer... Por isso eu sempre recuso qualquer passeio com meu irmão. Fazemos merdas e nem sabemos.

—  E por isso você ainda é virgem. — Caio rebate e como sei que vão iniciar uma discussão paralela sem finalidade, intervenho.

— Parem os dois. Foquem no meu problema.

— Que problema cara? A mina é podre de rica o nome disso é solução. É só manter tudo na Maciota e nunca mais vai precisar trabalhar.

— Não sou gigoló, Artêmio Caio.

— É AT Caio, nunca diga meu primeiro nome em voz alta — retruca puto — Não, você é o cara que se apaixonou por uma pessoa que só transou.

— Eu não só transei com ela, nós conversamos e não estou apaixonado. Só virou algo complicado. Eu sinto que ela precisa de ajuda. De alguém...

— E em vez de recomendar um psicologo, acha que esse alguem é você.

— Estou falando sério. Nayara é diferente das outras que conheci, apesar de agora não está se comportando muito bem, ela é uma boa pessoa. Só tem muitas facetas.


— Ou ela é assim mesmo e lá era uma personagem criada por sua imaginação — ele inclina para frente no sofá, me fazendo desviar os olhos para ele. Miguel apenas observa nossa conversa e Eric resolve fazer o mesmo — Por isso as pessoas só transam. É um clube adulto destinado para sexo. Pra ninguém se apaixonarem. Porque não querem namoro. Não precisa cantar a garota ela tá interessada no sexo sem ligação no dia seguinte. E você deve ser o único homem que quebra essa regra. Porque eu posso apostar que foi você quem começou o papo.

— Ela estava mal dava pra ver. Dar um tempo. Só quis ajudar —  informo — e eu nem sabia que estava me levando pra isso.  Senão teria resistido.

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