Acorrentado

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Clarice havia cometido o erro de sair da mansão sem minha permissão. Os Selezions apareceram em nossa residência, nos amordaçou e envenenou com Banilecatum, uma planta que deixa os vampiros entorpecidos e menos velozes.
Naquela madrugada, tortura após tortura, fomos retirados de nosso torpor e escuridão e seus rostos me foram mostrados. Tal não foi minha surpresa ao reconhecer os 10 rostos a minha frente, um deles sendo do Lord Baltimom, pai de minha amada. Suas vestes estavam diferentes, vestes de Cavaleiros Templários, com suas espadas afiadas e suas adagas em formato de crucifixo. Minha pele estava retaliada, não conseguia ver minha amada. Eu lhes indagava onde ela estava e eles apenas riam de mim, apenas Baltimom estava sério. Estávamos em céu aberto, e meu medo foi surgindo como a escuridão ia se esvaindo. Meu temor era o dia, eles caçoavam de mim, torturavam. Ao descer meu olhar, eles deram passagem e eu a vi.
Minha amada Clarice encontrava-se amarrada em um tronco, com apenas uma fina camisola e seu medalhão que eu lhe dera no nosso casamento. Seus cabelos loiros e encaracolados estavam molhados de tanta tortura, ela não estava reagindo, parecia ainda acordar do entorpecer do veneno. Ao chama-la, algo a despertou e vi suas lágrimas ao me olhar. Prometi salvá-la, prometi protegê-la. Mas não o fiz. Eu a condenei a vagar pela escuridão profunda ao meu lado. As súplicas dela de nada adiantou para seu pai, ele não teve misericórdia. Com uma mão lhe puxou o medalhão e com a outra lhe arrancou mechas de seus cabelos, o que a fez gritar e me dar mais ânsia de lhes sugar a alma. Minha fúria de nada adiantou, quando os pequenos raios de sol começaram a tingir o céu. Meu corpo estava protegido por uma tenda, apenas meus pés estavam de fora e eu senti queimar. A dor era lacerante, mas nada doeu mais do que olhar pela última vez nos olhos da minha amada e vê-la gritar que me amava. Seu corpo foi tomado pelos raios solares e esvaiu-se em cinzas ao vento, deixando apenas alguns míseros ossos para trás e um grito de dor e desespero de alma que me acometeu. Baltimom me encarava com raiva, mas sem nenhum pesar por ter matado sua única filha. Eu jurei me vingar dos dez. Penei ainda por mais três meses de tortura. Todos os dias minha fúria era maior, até que em 2 de setembro de 1666 eu tirei minha correntes amaldiçoadas. Eu me libertei e fui fazer minha vingança.

Rainha de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora