Londres 1666

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Londres 1666
Eu andava sorrateiramente para o domínio do Rei que me aguardava, em uma reunião de acordos. A noite teria uma baile para confraternizar dois novos Lords, isso mexia com meus sentidos. Estava habituado a estar entre eles, entre os vivos. Meu coração era seco, desprovido de sentimentos, gélido. Tudo que eu almejava eram doces andarilhos, perdidos para que se encontrassem dentre minhas presas, para assim saciar minha fome que era sempre tão intensa. Aquela noite fora especial. Lá estava ela. A jovem mais linda que meus olhos puderam notar em todos os séculos que vaguei na terra. Tão jovem, tão linda e suave. Seu cheiro me inebriou, pela primeira vez senti algo pulsante em meu ser. Algo que nunca presenciara nem em vida. Meu âmago ansiava por ela, por tocar aquele colo tão alvo e pele tão sedosa e delicada. Clarice era seu nome. Naquela noite eu lhe mostrei que existia um algo a mais para sua vida. Precisava tê-la, precisava tocar em seus lábios carnudos e inebriantes. As semanas foram se passando e minha ânsia de toma-la foi mais forte. Não consegui lhe dizer o que eu era, ela se assustaria e me acusaria de todas as formas de enganá-la.
Eu já havia me instalado em Londres por 30 anos, a procura do Clã de Selezion, um grupo de caçadores de vampiros que havia se instalado naquela cidade. Eu residia no distrito de Westminster, e como não os encontrei, migrei para Londres, mas não sem antes deixar meu rastro de maldade e sanguinolência. Todos julgavam ser uma fera, mas eu não era desmedido, eu só me servia do que precisava, mas sempre alguns adentravam meu caminho, perdidos, atrás de respostas precisas. Eu lhes dava respostas, morte!
Nunca consegui encontrar o Clã, até aquele ano. Clarice me propôs um jantar romântico a sós. Não pude me permitir ser cruel com aquela donzela sublime, a qual me tirava todo frescor se é que um dia existiu no meu âmago. Mas eu precisava, tinha que ser naquela noite. E foi.

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