Rainha de Sangue

A vingança

Não posso dizer o mesmo sobre os vermes. Eu os segui.
O mais alto, apelidado como Tom, foi o primeiro a sentir minha fúria. Ele a jogara na parede. Ele tirara seu sangue. Somente eu poderia tocá-la. Tirar seu sangue. Sugar sua alma.
Ele não opôs resistência a minha presença imponente, sorri com sarcasmo ao vê-lo se ajoelhar. Me reverenciar, afinal, eu era o supremo, e ele reconhecia isso.
Seus olhos esgueiraram-se pela órbitas ao serem arrancados por suas unhas imundas. Eu os fiz comer. A sua face tinha prazer sombrio ao mastigar repetidas vezes aquela camada gelatinosa. Mas para mim não bastou. Ele pegou uma faca e começou a despedaçar-se na minha frente. Eu sentei, presenciei. Estava adorando aquela cena. O cheiro de sangue no ambiente me deixava mais inebriado com o que eu havia feito. Enlouquecedor.
O verme começou a regurgitar os flambes de carnes que estava no estômago. Quando não havia mais nada pra ser devorado eu saí na noite fria. Procurava ir até meu próximo alvo. O ser desprezível chamado Jard me foi mais questionador. Eu ri muito. Achou que se tratava de uma dívida qualquer. Sim! Tratava-se de um dívida. Uma dívida mortal, uma dívida de sangue. Do seu sangue. Fiz seu sofrimento durar por muitos minutos. Ele agonizou contorcendo-se pelo piso da casa. Seus ossos foram repartidos um a um. Eu o fiz rastejar diante de mim, somente para mostrar tão pequeno ele era perante um ser de 1.200 anos. Não lhe suguei em nenhum momento o sangue nojento e asqueroso. Não era digno de minhas presas. Apenas a morte agonizante me satisfez.
Naquela noite saí para meu esconderijo. Para muitos não passava de um teatro abandonado, para mim era uma entrada secreta para meu mundo. Um mundo sombrio e angustiante, onde me escondo por uma semana, desde que vim parar nessa cidade atrás de minha amada Clarice. A minha amada de longas eras que em menos de uma semana seria minha eterna imortal. Minha rainha da noite.