Capítulo 1 - Danilo

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Capítulo 1 - Danilo

Nosso lar pode evocar tanto lembranças boas como ruins. Nem sempre são as boas que ganham das ruins, o que era o meu caso.

Metíola me lembrava da época que eu não conseguia me conter, da compulsão alimentar exagerada, do corpo com alguns quilos a mais, do desprezo que muitos nutriam por mim, do bullying, do preconceito, da transparência humana.

O pior era que as mesmas pessoas que me machucavam na infância, agora sorriam amarelo e fingiam que nada havia acontecido, se aproximando de mim com sorrisos bobos e tentativas de compromisso, mais preocupadas com o legado da minha família do que comigo mesmo. Claro que, por tabela, se sentiam felizes ao ver que eu não era o gordinho de antes, que seria mais fácil de conviver com esse novo Danilo, mas as aparências e os julgamentos internos estavam todos lá: nos olhos de todas aquelas pessoas.

Talvez seria essa a semelhança que eu tinha com Sol agora. Ela sendo julgada por Metíola por ter vivido com um bandido como o Caio, eu por ter voltado mais magro e herdeiro dos Leão. Mas com traços do antigo gordinho do ensino médio.

Minha mãe tinha feito questão de ter deixado o meu quarto da mesma maneira de antes, como se eu não tivesse crescido. Talvez porque eu já tenha emendado a faculdade com a saída de casa e meu quarto ainda parecer um quarto de um garoto do ensino médio.

As paredes continuam lotadas de pôsteres de Star Wars, star trek, quadrinhos da Marvel numa estante, miniaturas de Yoda, Homem de Ferro é uma bobina de Tesla noutro canto. A única coisa nova é que a antiga cama de solteiro é agora uma cama de casal, o que até destoava bastante, com os lençóis brancos, do quarto lotado de coisas azuis e preto.

― Tive que trocar de cama. Você cresceu muito. Achei que você não ia caber na antiga cama de solteiro. ― Disse mamãe na porta do quarto.

― Fez bem, mãe. ― Ri. ― Não ia caber lá mesmo não. O silêncio se fez presente. Sabia que mamãe queria falar alguma coisa, então me sentei na borda da cama olhando em direção a porta, mais precisamente para ela.

― O que foi mãe?

Não podia estar mais certo. Mamãe suspirou olhando para os dois lados e fechando a porta do quarto sorrateiramente. Na certa não queria que papai ouvisse a gente conversando.

― Você tem certeza do que está fazendo? Aquela menina parece ser um ímã para problemas. Fora que ela sempre foi meio... ― Arqueei uma sobrancelha.

― Meio..?

― Meio burrinha. ― Terminou mamãe. Respirei fundo para me controlar. Minha mãe ainda não aceitava o fato de que sua nora não seria mais Vanessa, mas Sol e tentava de todos os modos entender o que havia me feito escolher Sol em vez de Vanessa. Ela não conhecia essa outra Sol, que sabia controlar sua própria empresa e gerir seus negócios. Essa mulher incrível que estava longe de ser burra.

― Ela é muito inteligente, mãe. As épocas mudaram da última vez que você conversou com ela. Sol não está mais no ensino médio. ― Expliquei pacientemente.

― Não sei não. Casou se com o babaca bandido lá, não sei se isso pode ser chamado muito de inteligência. ― E novamente eu precisava entrar em estado de meditação por que responder mamãe se tornava uma tarefa raivosa. Como a mídia, minha mãe, mesmo sendo mulher como Sol, colocava a culpa na mulher em vez do maldito do bandido.

― Todo mundo tem o direito de escolher uma pessoa achando que ela é de um jeito e encontrar uma pessoa de máscaras completamente diferente do que se apresentou. Por isso ela pode ser chamada de burra? Óbvio que não. Se fosse assim, mãe, metade da população seria burra, incluindo aí quem você queria como nora, porque ela teve namorados também. ― Alfinetei, ainda que minha mãe parecesse não perceber ou simplesmente não ligasse para minhas alfinetadas.

― É, talvez você esteja certo. Mas mesmo assim... ― Ela abriu a porta do quarto novamente. ― Desça para jantar daqui 15 minutos, estou terminando a sua comida favorita.

― Frango a parmegiana com fritas? ― Mamãe concordou com a cabeça. Sorri.

Assim que ela fechou a porta suspirei e deitei na minha cama. Estava cansado, havia sido uma longa viagem.

Eu havia deixado Sol em casa, tínhamos vindo juntos de carro, a viagem tinha sido longa dirigindo, mas eu sabia que poderia descansar estando em casa, ao passo que pelo que Lara havia me contado, provavelmente não seria assim tão fácil para Sol.

 Eu havia deixado Sol em casa, tínhamos vindo juntos de carro, a viagem tinha sido longa dirigindo, mas eu sabia que poderia descansar estando em casa, ao passo que pelo que Lara havia me contado, provavelmente não seria assim tão fácil para Sol

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Perguntei curioso.

 Será que elas já foram amigas? Eu não saberia dizer, mas seria uma surpresa e tanto e até justificaria o preconceito que minha mãe teria por Sol

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Será que elas já foram amigas? Eu não saberia dizer, mas seria uma surpresa e tanto e até justificaria o preconceito que minha mãe teria por Sol. Porque daí o preconceito não seria com ela, mas com a mãe dela. Disfarçadamente, claro. Até que faz sentido. Mas eu não poderia concordar mais com Sol.

Voltar ao passado e saber o que tinha feito minha mãe e a mãe de Sol brigarem. Mas como eu não podia voltar ao passado, minha única opção era atacar o presente. Quem sabe perguntando diretamente para mamãe, embora eu duvidasse de que resolvesse alguma coisa. Ou quem sabe perguntando para meu pai. Essa era uma opção mais satisfatória.

E provavelmente a que eu tentaria, pensei por fim. 


*~*~*

Prontinho! Capítulo 1, todinho ele disponibilizado para vocês!! O que acharam??

Fiz umas artes no capítulo, não ficaram tão boas como eu gostaria, mas espero que tenha ficado ao menos bonitinho o suficiente para a gente ler feliz =D

E aí, começamos bem ou não começamos, gente?? =)

Espero que tenham gostado! Comentem =) Quero interagir com vocês ^.^

Bjinhoos

Diana.

Ajude-me a casar. (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora