- Estou com você desde que nasceu. Eu não sobrevivo aqui, sem um hospedeiro, um corpo. Então encontrei você, um bebê sem defesas, foi a melhor opção, mas talvez, não a melhor escolha.
- O quê exatamente você veio fazer aqui?
- Não foi minha escolha vir para cá, eu só queria a liberdade.
-Liberdade do que? E como veio para cá?
-Do lugar onde eu vivia, não é obvio? Eu abri uma ponte, uma energia que transfere matéria através do espaço, e sem escolher meu destino, vim parar aqui.
-Quanto tempo você viveu lá? E por que só agora quis sair?
-Vivi séculos, mais do que qualquer humano ou criatura desde mundo. E para sua informação eu nunca quis viver lá, mas, só recentemente consegui forças suficiente para abrir a conexão.
-Você sabe o que exatamente você é? E como conseguiu entrar no meu corpo?
-O ser que sou nunca foi nomeado, então, não tenho como te dizer o que sou. Quando atravessei a conexão, perdi minha forma física e me tornei somente energia, um amontoado de energia pensante, e o corpo do ser humano, jovem, não possui defesas contra o tipo de energia que eu era.
-Você é um tipo... um vírus? Sabe, que aproveita a baixa imunidade para entrar no corpo? E quando se materializou aqui, saiu exatamente onde eu estava?
- Não exatamente onde estava, mas nas proximidades. Não me compare com as coisas do seu mundo, não sou um vírus, mas sim, para adentrar o corpo, eu precisava de defesas fracas ou inexistêntes.
-Então você tem poder para ficar sem corpo por um tempo, até achar um, corpo para entrar?
- Sim e não, eu estava naquela condição, e meu poder sem corpo é inútil, eu tive poucos momentos para encontrar um hospedeiro antes de deixar de existir.
- Então no momento você esta preso ao meu corpo.
- Ao corpo, a mente, aos sentimentos, eu me fundi a você devido a constantemente coexistência.
- Então não é possível me livrar de você?
- Pelos meios do seu mundo? Não. E mesmo se conseguisse, eu também sustento a você, permanece vivo por minha causa.
- Quais são os poderes que você tem?
- Alguns poucos, que não se compararam aos que eu tinha no meu corpo. Esse seu corpo humano fracote, me tirou muitos deles.
-Tipo?
- Meu sentidos são dezenas de vezes melhor que os seus, eu posso afetar outras energias, e utiliza-las de muitas formas, de vários tipos também.
- Como assim afetar outras energias?
Neste momento as luzes do quarto acendem, apagam e mudam de cor. Enquanto a figura o encara diretamente, aparentemente inerte.
- Esse é exemplo dos seus poderes?
- Humf! É, infelizmente é.
- Porque infelizmente, não é bom ter poderes assim?
- Eu já falei, isso não chega nem perto do que eu podia fazer, isso não passa de meros truques.
- Me curar também foi um mero truque?
- Hum! Até que você é esperto, e não foi não, eu tive que utilizar a minha energia e a sua, para forçar a regeneração do seu corpo.
- E o que isso afeta em mim?
- Faz com que eu e você nos únifiquemos mais, o que te confere atributos meus, faz com que você se canse mais e pode causar alguma complicação, eu não sei, não totalmente, nunca fiz isso antes, aquela foi a primeira vez.
- Então se você usar esse poderes dessa forma em mim, eu posso morrer?
- Não, isso não, complicações como sei la, sangramentos leves, desamaios, mudanças de funcionamento de certas coisas do seu corpo, mas, não a morte, eu não permitiria.
- Como exatamente você vive no meu corpo? Tem algum lugar específico?
- Eu vivo como eu já disse, energia, nutrindo você e sendo nutrido. Eu posso ir onde eu quiser, desde que não saia do seu corpo.
- Como assim onde você quiser? Você não está preso no meu corpo?
- Eu posso passar por todo o seu interior, mas, também posso me projetar fora dele, tem um limite de tempo e espaço.
- Dessa forma que está fazendo agora?
- Exato, contudo, só você me vê. Meu tempo está acabando, há alguma última pergunta?
- Porque só eu te vejo? E o que acontece daqui para frente?
- Estamos conectados, existo dentro de você, por isso minha energia, permite que me veja. O que acontecerá, vai depender de você, e de mim também, decidimos depois.
Neste momento a imagem se dissipa e Nathan se encontra sozinho olhando a parede.Pensativo, se dirige para cozinha e se senta à mesa. Fica aqui tentando organizar as ideias, entretanro uma fala fisga sua total atenção "a morte, eu não permitiria", o que isso podia significar, Levando ao pé da letra, imortalidade, talvez vida eterna, é confuso demais.
Ele sabe tudo o que o outro disse, e agora tem uma base para se conhecer melhor. - A força repentina! Deve ser algo dele, afinal, ele disse que eu podia acabar por ter atributos dele -
pensa Nathan cintilante de novas idéias.
Vai até seu quarto novamente, abre seu guarda roupas, puxa e retira a quinta gaveta. Ali encontra alteres, instrumentos que havia comprado a anos, mas, nunca usou, e agora é uma ótima hora para testá-los.
Sai de seu quarto levando os alteres de cinco quilos numa caixa, atravessa a casa e vai até sua cozinha; sua casa é pequena e não possuí sala, então usa a cozinha para tudo. Pega os pesos da caixa e os segura na mão, logo de cara nota algo diferente, eles não lhe oferecem resistência alguma, parecem folhas de papel em suas mãos. Ele tenta jogá-los para cima, afim de se testar mais. Por um milésimo de segundo, seu sangue congela e ele fica pálido. O primeiro altere que jogou para cima, bateu, quebrou e cravou-se no teto, seus olhos estão vidrados na cena, ele sente um misto de pavor e excitação. Uma força incomum, extraordinária, e por assim dizer mágica.
Ele se anima de tal forma que larga tudo, sai do apartamento, corre para a rua e da rua parte para o parque da região afim de se testar mais. Ele chega lá em poucos minutos de corrida, que pelos seus cálculos seria o tempo que faria de bicicleta. Ainda mais animado agora vendo a pista, os obstáculos, as rampas e os instrumentos para exercitar, ele ruma para dentro do parque enquanto estrala seus ossos e prepara seus músculos.
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O Hospedeiro
Mystery / ThrillerUm rapaz descobre que há em si muito mais do que achava.