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Eu já vejo tudo rodar

Meus cabelos presos em um coque

Meus pés descalços

O suor escorrendo pelo meu rosto

Meu casaco amarrado na cintura

A multidão esbarrando em mim

O som estralando

Lorrayne já não vejo a um tempo

Na verdade, faz um tempo que não vejo qualquer coisa claremente

Meu celular já perdi,

Meu copo? Já troquei algumas vezes

Agora viro a garrafa de catuaba como se fosse uma garrafa de água

- é melhor você ir pra casa - ouvi alguém dizer mas não consegui identificar

- quem é você? Eu estou em casa - falei dando risada ouvi a pessoa bufar mas ignorei voltando a dançar

Até ser arrastada pelo braço pela multidão

- eu tenho que achar meu tênis - falei assim que saímos - não posso ir embora descalça

Ignorada

E saimos

- consegui andar?- perguntou enquanto eu tropeçava nos meus pés

Eu já sei que é o Igor, quem mais iria querer que eu fosse pra casa

- aí espera - falei sentindo meu estômago embrulhar

- estamos perto, quer que eu te carregue? Só não se se to bem o suficiente pra isso - deu risada

- eu vou vomitar - falei apoiando a mão na parede e antes de que falássemos mais alguma coisa meu corpo colocava todo aquele álcool rejeitado para fora

Senti ele segurar o meu cabelo enquanto minha visão voltava mas a fraqueza me dominava de vez

- eu quero dormir - falei encostando a cabeça no braço

- não na rua - ele disse prendendo meu cabelo em um coque - já terminou?

- não sei - falei fraca - acho que sim

- tá - e antes que eu dissesse mais alguma coisa ele me pegou no colo - eu preciso arranjar um carro pra te carregar bêbada quando eu tiver bêbado

Foi a única coisa que ouvi antes de apagar

-"-

Segurei o corpo dela em baixo da água gelada por alguns segundos antes de ver aqueles olhinhos cor de mel abertos novamente

- eu não quero - ela disse tentando sair

- só um pouquinho Babi - pedi

- pra você é Bárbara - revirei os olhos

- vou pegar uma roupa pra você - falei enquanto a via se sentar no chão do banheiro

- você me colocou no chuveiro com a única roupa que eu tenho aqui - ela disse olhando a roupa molhada no seu corpo

- eu ia dizer pra você dormir com uma camisa minha, mas nua também é uma opção - sorri pra ela que me ignorou

- trás a minha escova de dentes também, tá junto com a sua se você não tiver trocado pela das suas putas

- você quer mesmo falar sobre putas agora? - perguntei da porta do banheiro

- sai daqui, eu quero vomitar - ela disse envergonhada

Como se ela não tivesse vomitado no próprio pé minutos atrás na minha frente

O traficante e a filha do juizOnde histórias criam vida. Descubra agora