prólogo

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Can olhava para ela com certo desprezo.

Uma raiva incomum subia por seu corpo, consumindo-o desde a pontinha do dedo do pé até o último fio de cabelo. Aquele ódio queimava suas entranhas, ardia sua pele e apertava seu coração de uma maneira sem fim. Sem precedentes.

Olhava para o alvo de sua raiva que encarava-lhe assustada.

Com lágrimas nos olhos.

Mas ele não se convenceria diante daquele olhar tampouco daquelas lágrimas de crocodilo. Outrora quem sabe. Atualmente, não.

Ele a odiava.

Can odiava ter que odiar alguém. Ele geralmente tinha um coração bom, tinha sim. Ele geralmente perdoava também.

Mas aquela traição? Não dava.

Aquele engano? Não tinha como.


- Me ouça, por favor. - ela pediu.


Por favor... Implorou.

Porém ele não queria ouvir. Ele não estava disposto. Ela havia tido a chance. Céus! Inúmeras vezes ela havia tido a chance. Então por que, malditamente, não lhe disse nada? Por que escondeu? Por que esperou que ele descobrisse? Da pior forma...

Era difícil encará-la. Era quase humanamente impossível não odiá-la.


- Eu ia te contar. - ela murmurou baixinho.


Ele riu.

Riu de amargura. Riu com a cara de pau. Riu para não sacudi-la e tentar ver se alguma coisa dentro da cabeça dela voltava para o lugar correto.


- Cala a boca, Sanem. - ele pediu, enfurecido. - Cala a boca. Não diga nada. Eu não quero ouvir nada.

- Can...

- Não diga nada. - repetiu, enfurecido. - Eu odeio você.


Disse por fim, antes de dar as costas e sair dali antes que pudesse voltar a ouvir sua voz.

Até a voz o enojava naquele instante.

Só queria distância. E era o que faria. Iria desaparecer. Não queria ver Sanem na sua frente nunca mais.

Não Diga NadaOnde histórias criam vida. Descubra agora