Olá amigos, será que vocês ainda estão lendo? Peço desculpas por não ter atualizado mais, porém aconteceram alguns problemas e eu fiquei sem internet, mas já foi reestabelecido e eu já voltei.
Vamos ao capítulo!
SANEM
Acredito que não existe coisa pior que ser furtivamente ignorada. Era a pior sensação. Eu estava me sentindo um simples pedaço de papel descartável quando cheguei em casa após o longo dia.
Joguei minha bolsa em cima da cadeira em meu quarto e meu corpo caiu pesado na cama, enquanto eu tinha um nó na garganta. Passei seis anos tentando me enganar, seis anos pensando que ok, Can não estava aqui e meu sentimento havia sumido igual a ele. Porém, que ledo engano, foi só vê-lo outra vez e então... meneei minha cabeça, tentando desanuviar os pensamentos, eu não podia me render.
Ele voltou e foi como se a brisa do mar tivesse voltado a soprar.
Ele voltou e seu retorno foi como luz em meio às trevas da solidão.
Foi como se a primeira primavera, em anos, voltasse com cheiro e cor.
Ele voltou inesperadamente, mas me odeia tanto quanto antes.
Talvez até mais.
Ele voltou, contudo nada mudou.
Não nele.
Ele continua sem me falar nenhuma palavra.
E não quer que eu diga nada.
Suspirei, guardando meu caderno após a escrita daquelas palavras, para descarregar um pouco do muito que havia em meu coração. Meu celular começou a tocar naquele instante, assustando-me e eu atendi após ver o nome da minha mãe na tela.
- Oi mãe. – murmurei.
- Sanem! Você já jantou? – perguntou apressadamente, com todo aquele exagero de cuidado que lhe habitava. – Vem nos visitar quando? Está tão magrela, menina. Coma Sanem!
- Cheguei há pouco, mãe. Vou comer, não se preocupe.
- Eu me preocupo sim. – soltou um suspiro. – Está tudo bem? Sua voz está murcha...
- Tudo ótimo, só estou cansada. – respondi, tentando parecer animada. – Comecei no novo emprego!
- Ah, Sanem! Ah! Allah, Allah! Me conta como foi!
Sorri, sabendo que desviaria sua atenção e fiquei satisfeita. Não queria que ela voltasse ao assunto do passado, nem ficasse a par do que estava acontecendo, porque eu tinha certeza de que Can sumiria assim como voltara. Rapidamente.
***
Na quarta-feira eu estava pronta para a sessão de fotos, auxiliaria a senhorita Deren, visto que era sua assistente. Sabia que não seria fácil, pois o fotografo era Can, ele me ignoraria como sempre e eu tinha que seguir a vida como se nada estivesse acontecendo, sem dar pistas ou indícios de que aquilo me machucava.
Já estava no estúdio fotográfico quando ele chegou. Por um mísero segundo pensei que ele tinha me olhado, mas foi engano, é claro. Para ele eu era mais invisível que o ar. Eu era nada, menos que nada. Engoli em seco sentindo minha garganta arder e os cacos dentro de mim arranharem a minha barriga, engoli também a vontade de chorar e fui auxiliar uma das modelos, como a chefe mandara.
As fotos seriam para um novo catalogo da revista e eu precisava admitir que estavam ficando incríveis. Can Divit sempre teve olhos artísticos, desde mais novo. Seguir a profissão de fotógrafo era obvio para ele.
- Você o acha bem bonito, hein? – a voz de Cey Cey soou ao meu lado e eu quase gritei de susto, sendo pega desprevenida.
- Do que você está falando? – tentei desconversar.
- O fotógrafo, Can Divit. Você o acha bonito. – riu, não era mais uma pergunta.
- Não entendi...
- Você não para de olhá-lo.
- Bom... – limpei a garganta. – Vamos fazer o nosso trabalho? Sem pensar besteiras?
- Eu não estou pensando em nada, já você... Não tenho tanta certeza.
- Ora, Cey Cey... – resmunguei. – Allah, Allah. Você é louco.
- Sou louco, mas não sou cego. – tornou a rir e saiu de perto de mim.
Talvez a risada tenha chamado a atenção de Can, porque ele olhou levemente para o lado e me viu ali, tentei sorrir, mas acho que o que saiu foi uma careta bem mau feita. Ele balançou a cabeça e virou-se novamente, prestando atenção às fotos que fazia. Por um segundo mísero o ar me faltou. Por um milésimo de segundo senti os meus pés saindo de orbita. Foi o instante em que ele me olhou. Durou uma mínima fração para que eu não voltasse a existir.
Eu só queria esquecer o passado.
Só queria seguir em frente como vinha fazendo antes dele ressurgir como fênix das cinzas. Eu estava conseguindo. Eu estava me saindo bem...
- Sanem. – a voz de Deren soou e eu olhei em sua direção. Ela sacudiu as mãos e eu fui até onde ela estava.
- Sim srta Deren? – perguntei num tom de voz calmo que contrastava com meu interior. Queria que ela dissesse que eu poderia ir embora, que não era necessária ali, contudo...
- Pode levar um pouco de chá para o Can? – pediu. – Ele solicitou há pouco.
- Eu? – cometi a burrice de rebater.
- Você, Sanem, você! Está vendo alguém com nome de Sanem aqui também?
- Bom... Não...
- Então garota. – estalou os dedos. – As garrafas estão ali fora.
- Tamam... – sussurrei e saí dali, rapidamente.
Respirei fundo servindo o chá no copo e voltando para o estúdio, podia sentir minhas mãos tremendo enquanto eu me aproximava dele. O meu coração estava em saltos vendo sua concentração extrema com a câmera em mãos. Respirar estava difícil a cada passo que eu ficava mais próxima dele.
- Com licença, Can bay. – eu saudei e esperei. Ele me olhou, como se esperasse o que eu estava fazendo ali.
Seus olhos pareciam duas agulhas afiadas prontas para me perfurarem a qualquer momento. Meu coração pareceu bater mais rápido e eu tentei controlar a tremedeira antes que o seu chá fosse ao chão.
- Eu trouxe o chá. – reiterei e mostrei. Ele assentiu, sem me dizer nada. – Precisa de algo mais?
O seu olhar tornou-se um tanto mais critico e me analisou por alguns segundos. Minha respiração pareceu ficar suspensa por alguns instantes, ele olhou em volta, estávamos atraindo olhares, eu os sentia em mim. Mas Can só respirou fundo, acenando negativamente com a cabeça ao voltar a me encarar.
- De você, mais nada. – respondeu secamente.
Eu sabia que havia muito mais além de uma simples resposta. O peso das suas palavras caiu sobre meus ombros e eu quase fui ao chão. Deixei o chá em um banco alto que havia ao lado dele antes que eu quebrasse alguma coisa por causa das minhas mãos geladas e trêmulas.
Meus olhos arderam.
Eu havia morrido mil mortes com nossa última conversa e a sua partida. Com sua volta e experimentando em cheio todo o seu gelo e desprezo, essas mortes eram nada perto do que eu estava sentindo agora.
- Tamam!I – eu consegui lhe responder antes de sair de perto dele, para que eu pudesse voltar a respirar novamente. Para que eu pudesse chorar, talvez.
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Esse foi o capítulo, espero que apreciem.
Beijos
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Não Diga Nada
FanficCan Divit sempre foi muito respeitado. Desde os tempos em que era um simples estudante. Honesto, carismático e justo, sempre conseguiu tudo o que queria. Agora, depois de um longo tempo distante, resolveu voltar para casa para tirar longas férias. S...