Capítulo 1 - Saudade

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"Ele veio até mim com um coração que foi
quebrado, e eu o consertei de volta
com os pedaços do meu..."
🎵 Missing her so - Atli.

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"Mayuri, primavera de algum ano desconhecido, do qual eu não me lembro bem, devido as circunstâncias melancólicas."

Naquela manhã, a neblina encobria o campo florido e a relva molhada atingia meus dedos nus, à medida que eu avançava em direção a praia. Estava frio e o silêncio trazia uma melancolia quase palpável.

Avistei minha cabana em meio o campo e, numa habitual preocupação, questionei-me se havia mesmo trancado a porta. Não haviam vizinhos por perto, afinal eu me encontrava num lugar distante da cidade, mas, vez ou outra, alguns esquilos espertos fugiam da floresta e invadiam meu lar, talvez atraídos pela comida ou ambiente aquecido.

Dei de ombros e decidi confiar de que realmente havia trancado a porta e as janelas. Já na praia, recolhi as redes que deixei na noite anterior e sorri em animação ao ver os peixes que eu havia conseguido. Os coloquei numa cesta e, ao terminar, percebi ter se passado algumas horas. Era corriqueiro eu me deixar distrair pela beleza do mar e pelas conchas que costumava recolher da areia.

O céu estava lindo, pintado de um azul inigualável, mas algo parecia diferente naquela manhã. Eu era imensamente feliz naquele lugar, e não haviam momentos em que me sentia sozinha, embora não tivesse companhia alguma. No entanto, naquele dia em especial, conheci um vazio e solidão que jamais experimentara antes.

Era estranho.

Despedi-me do mar e adentrei o campo de flores, tomada por pensamentos distantes. Lágrimas escorreram por minhas bochechas e, curiosamente, senti saudades de alguém, alguém que eu não conhecia e que era sem nome, sem rosto e sem perfume. Um calafrio percorreu meu corpo e segurei a cesta com força, senti como se eu fosse desmaiar alí mesmo, naquela imensidão.

Minha visão tornou-se turva e uma dor aguda surgiu em minha cabeça. Soltei a cesta e me ajoelhei, a dor era quase insuportável e eu sequer conseguia pensar em algo. Respirei fundo, mas o choro me sufocava.

Senti mãos mornas me envolverem e um perfume reconhecível de rosas surgir. Aquele estranho me colocou em seus braços enquanto cantarolava alguma canção que não reconheci. Com dificuldade, mirei o rosto alheio, notando o quão angelical ele era. Eu estava fraca, crente de que tudo aquilo não passava de um sonho ou delírio.

Os olhos atentos prenderam-se aos meus e ele sorriu, simplesmente sorriu. O vento pairava com ternura, bagunçando o cabelo que possuía uma tonalidade escura e um comprimento que ia até suas bochechas.

ㅡ Quem é você? - sussurrei sem forças, hipnotizada pela imagem celestial capturada por meus olhos.

Sou o amor de sua vida...

Franzi o cenho diante de sua resposta, mas, estranhamente, meu coração pareceu pular dentro do peito. O que estava acontecendo? Por que aquela pessoa, cujo rosto vi pela primeira vez naquele instante, me fazia ter uma sensação gélida no estômago? Por que era como se eu o conhecesse há tempos?

ㅡ E-eu...não o conheço...

Eu sei. - ciciou. ㅡ Mas os nossos corações já se encontraram há muito tempo.

Um rir sem humor fugiu de meus lábios. E se ele fosse algum louco ou criminoso que estava alí para me fazer algum mal? Àquela altura, se ele fosse um dos dois, seria impossível fugir, porque eu estava sem forças, sem chance alguma de fuga ou autodefesa.

ㅡ Você vai me machucar?

Sua face tomou uma expressão séria.

Eu jamais faria isso.

ㅡ Então...Quem é você e o que veio fazer aqui?

Num momento único e inesquecível, no cheiro bom de rosas, no campo de flores que era extenso e aconchegante, aquele rapaz que disse ser o amor da minha vida, riu baixinho, antes de dizer, num tom baixo e calmo:

Você sentiu saudades minhas, então eu vim até você, minha doce Mayuri...

YOUR SPRING | Min Yoongi [shortfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora