Chegando em casa, Max quis evitar a mãe, mas era praticamente impossível. Ele quis ir direto para o seu quarto, para esconder o peludo, mas sua mãe se interpôs no corredor. Ele se agarrou a bolsa e ficou cheio de medo, respirando rápido e com dificuldade.
— Quem é o menino mais lindo? Disse a mãe em tom de melodia, como ela sempre fazia nesse ritual de chegada da escola.
— Sou eu mãe. — Respondeu Max quase gaguejando e desviando-se da mãe para alcançar o refúgio do quarto.
Mas aquela mãe não se contentava fácil. Antes que o menino pudesse fechar a porta do quarto ela pôs a mão na cabeça dele e ainda disse:
— E quem é o menino mais feliz?
— Sou eu mãe. Falou Max rapidamente, apenas para agradá-la. Mal completou a frase e já havia se fechado no quarto.
Uma vez que estava só, Max finalmente voltou a respirar normalmente. Ouviu os passos da sua mãe se afastarem em direção à cozinha. Ele estava a salvo. Pousou sua bolsa no chão e falou sussurrando:
— Fique debaixo da cama peludinho. Eu volto daqui a pouco com mais comida para você!
E o pequeno ser deixou a bolsa e esgueirou-se para debaixo da cama. Max saiu do quarto sorrindo, cheio de orgulho por ter um animalzinho tão inteligente como aquele. Foi até a cozinha e abriu a geladeira, observando cuidadosamente tudo o que tinha ali e imaginando o que agradaria o bichinho. Juntou um pote de iogurte, uma salsicha e uma cenoura e voltou para o quarto, fechando bem a porta para não ter surpresas com a sua mãe.
— Pode sair peludinho! Aqui está a sua comida. Disse o menino depositando as coisas no chão e sentando-se. O pequeno saiu de seu esconderijo e foi correndo até os alimentos. Ele pegou a cenoura primeiro e deu uma mordida voraz. Mas logo em seguida cuspiu o pedaço, obviamente desaprovando o gosto. Mordeu então a salsicha com cautela e desgostou igualmente.
— Como você é chato peludinho. Não gosta dessas coisas? Falou Max contrariado e abriu o pote de iogurte colocando-o no chão perto do bichinho.
O Magufe cheirou desconfiado o iogurte de morango e não pareceu animado em comer aquilo. Sentou-se puxando o potinho entre as pernas e enfiou toda a mão dentro do recipiente. Retirou a mão, lambeu os dedos e abriu um enorme sorriso. De súbito, enfiou a cara no pote e sorveu o líquido como se estivesse faminto. Aparentemente o peludo só gostava de coisas doces.
A criaturinha lambeu o pote de iogurte até que não restou mais nenhuma gota. Saciado, atirou o recipiente para o lado e arrotou alto.
— Não faz barulho peludinho, se não minha mãe ouve! — Susurrou Max ao pequenino ser.
E o Magufe ronronou em anuência, sempre parecendo entender o que o menino dizia. Max subiu na cama e tirou logo os sapatos. Fitou o peludo e disse:
— Agora você precisa ficar escondido aí debaixo da cama. Se a mamãe te ver ela vai levar você embora.
Nem o menino terminara de falar e o Magufe se esgueirou para debaixo da cama, desaparecendo nas sombras. O garoto tirou as calças, deitou e cobriu-se com a manta que já estava na beirada da cama. Ele estava muito contente com a ideia de ter um animalzinho de estimação. Ficou imaginando como seria bom exibir o bichinho para as outras crianças na escola, que ficariam encantadas com certeza. Mas logo afastou esse pensamento já que seria imprudente revelar sua criaturinha para qualquer pessoa. Se vissem o seu incrível peludinho eles iriam querer tomá-lo.
Max revirou-se na cama sem conseguir pegar no sono. Estava muito animado para dormir. Para se distrair, pegou uma de suas revistas de histórias em quadrinhos e começou a folheá-la. Eram historietas de terror bem simples, daquelas que punham medo só nas criancinhas. No meio do gibi havia uma história que chamou sua atenção. Max riu-se ao ler o título e falou:
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O Magufe
HorrorMaximiliano tem oito anos e é muito e introvertido e tímido. Mesmo cercado pelos cuidados exagerados de sua mãe, Max é rejeitado pelo mundo e todos os meninos do bairro tinham problemas com ele. Mas o bullying dos coleguinhas é o menor dos problemas...