[Capítulo 6] Sempre haverá uma saída.

8 0 0
                                    

Minha vítima. — Repetiu na mesma seriedade. Com certeza uma pessoa diferente da noite anterior.

Se havia alguma entidade responsável pelos acontecimentos da minha vida, de fato eu estava sendo provocada. De todos os assassinos da região — que eram mais do que a polícia estimava —, claro que me mandariam o mais mesquinho para interferir.

Desculpe, mas não sei do que você está falando. — Respondi no tom mais inocente possível, visivelmente irritando-o. Peguei o cardápio apoiado no centro da mesa, junto com os guardanapos e outros condimentos. — Que tal um café?

Scott me encarou e por um momento jurei ter visto seus olhos faiscarem. Teríamos permanecido o dia todo naquela posição se uma atendente não tivesse aparecido.

— Dois cafés. Puro. — Ele respondeu quando a moça perguntou, a decepcionando quando sequer olhou de volta.

— E mais uma fatia daquela torta, por favor. — Completei, sorrindo. Ela anotou e sorriu de volta educadamente, saindo sem dizer mais nada. — Que rude da sua parte. — comentei quando ela não podia mais ouvir.

Scott agora estava encostado na cadeira, ainda com o mesmo olhar.

— Adam sequestrou a neta da minha vítima. — Disse finalmente.

A garçonete voltou logo em seguida, colocando os pedidos sobre a mesa sem encarar nenhum de nós.

— Obrigado. — Scott disse de repente, sorrindo para a mulher que primeiro se espantou e então sorriu de volta. Sedutoramente.

— Adam veio me procurar para matar seu amigo que está ameaçando a segurança dele e de sua família. — Falei assim que a mulher se afastou.

Coloquei a foto dobrada novamente sobre a mesa e a empurrei para Scott. Ele ficou pensativo por alguns longos segundos e encarou o mesmo muro que Adam parecia estar vidrado.

Como você tem certeza de que Adam a sequestrou? — perguntei.

Os dois estão brigando há anos e agora a neta de um deles desaparece. Quem você culparia?

Isso não significa nada.

— Quando são dois fuzileiros aposentados, significa um pouco, sim.

Aquela informação era nova, mas mantive minha opinião em defesa do meu cliente. — Quero provas. — Insisti. Scott parecia se esforçar para controlar a irritação.

— Tudo bem, então. — respondeu — Eu já investiguei essa história inteira. Mas vá em frente. Faça do seu jeito.

Peguei a foto e a coloquei no bolso, levantando logo em seguida. Scott agarrou meu pulso sem se dar o trabalho de se virar.

— Se algo acontecer com a neta do meu cliente antes da sua brincadeira de detetive terminar, eu vou atrás de você.

Dessa vez o olhar mortal viera da minha parte, mas respondi suavemente:

— Não se preocupe. Você não seria o primeiro.

Soltei o braço bruscamente e automaticamente caminhei para longe, a raiva momentânea quase fazendo com que outra garçonete derrubasse a bandeja ao cruzar meu caminho. Não pedi desculpas.

Fui em direção ao Beco. Mesmo que ainda fosse cedo para o local estar cheio, eu sabia que a pessoa que eu precisava estaria lá.

— Todd. — Chamei imediatamente. Talvez eu ainda estivesse aparentando raiva, pois toda a meia dúzia de membros presentes se viraram para observar a suposta cena.

Caminho de Sangue e PólvoraOnde histórias criam vida. Descubra agora